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14/07/2023 às 23h05min - Atualizada em 14/07/2023 às 23h05min

O Papa do Diabo, quem ainda lembra?

ElsonMAraújo
AIL – Academia Imperatrizense de Letras
 
A rede mundial de computadores é um ambiente ainda a ser explorado. A revolução continua, ainda mais agora com a evolução da Inteligência artificial que alça a internet a um patamar, jamais visto, com infinitas possibilidades para qualquer coisa, que se queira fazer. A internet ainda é um ambiente, parcialmente, sem regras, onde cabe tudo, ou quase tudo quando se pensa em nações como a China, Coreia do Norte, Cuba e Rússia, nos quais o controle da ferramenta é total, limitado ou controlado.

No Brasil, há muito tenta-se se estabelecer um controle. Além do Código Civil, estão em vigo o Marco Civil da internet, a Lei Carolina Dieckmann e a Lei Geral de Proteção de Dados. Mesmo assim, a coisa continua solta com o uso abusivo da rede. E o que o Papa do Diabo tem com a história? Já vamos chegar, lá!

Eita, como uma coisa puxa outra!  

Nos últimos anos tem crescido muito, na grande rede, o surgimento de métodos milagrosos para se resolver todo tipo de problema, o principal deles, aquele afeto a quase todo brasileiro, a falta de dinheiro. Algumas dessas fórmulas, até que contribuem para o desenvolvimento individual, coletivo ou corporativo; já  outras, são verdadeiros absurdos. Mesmo assim, como me disse recentemente um sobrinho, a rede também tem espaço para o absurdo, como um curso que ensina a fazer um pacto com o Diabo para ficar rico. Para facilitar, o vendedor do curso ainda divide os ensinamentos em três etapas.

Reagi com ceticismo ante a informação dada pelo sobrinho e ele retrucou: “tio, com uma boa estratégia de marketing, vender um curso desse, é fichinha. Essa, é apenas uma das muitas loucuras que vejo diariamente na grande rede”, me disse ele.

Foi aí, no estágio dessa conversa, que surgiu a crônica deste sábado, véspera do aniversário de fundação da cidade de Imperatriz. É que essa história de pacto com Diabo, me fez lembrar um episódio ocorrido em Imperatriz, no final dos anos 1980, e início dos anos 1990, quando nossa amada cidade que completa neste 16 de julho, 171 anos de fundação, foi tomada por uma notícia dando conta que um sujeito vindo, não de sei de onde, havia chegado e pretendia estabelecer, por aqui, o primeiro templo do Brasil destinado a cultuar Satanás. O boca a boca funcionou rápido, e logo era só no que se falava.

Na época, eu estava iniciando no rádio, e logo tal informação me despertou curiosidade, e como bom cristão, preocupação também. Confesso que fui afetado por um sentimento de medo, até porque o tal desconhecido, que eu nunca soube do nome verdadeiro, parecia que tinha vindo para ficar e já havia se estabelecido, e autointitulado o Papa do Diabo.

Por um bom tempo não se falava e outra coisa na cidade, da inauguração do que seria o primeiro tempo do Brasil dedicado ao anjo caído e que acabou, por um motivo nada convencional, não acontecendo.  

Ao vasculhar, e fazer um exercício de memória, apareceu  na minha mente a figura de um imperatrizense, por adoção, que aqui chegou e logo conquistou a cidade. Tinha nome de santo, Francisco de Assis, mas todo mundo o chamava de Assis. O nome já indicava ser ele de um tronco familiar cristão. Assis, era aspirante a político. Se não estiver enganado chegou a ser até suplente de vereador. Assim como muitos cristãos praticantes da imperosa, ele se incomodou com a notícia da chegada do culto a Satanás em Imperatriz.

A diferença de Assis para os demais, é que ele não ficou só na preocupação e resolveu agir por conta. A primeira providência foi comprar um facão, tipo rabo de galo, da Tramotina, lá no Mercadinho e guardar no carro. Dizem até que ele mandou benzer o artefato.

Conhece aquele dito popular, quem procura acha? Pois um dia o Assis ficou frente a frente com o Papa do Diabo. Ele olhou para o representante do cão, o representante do cão olhou para ele e o caldo engrossou na hora. Sem dó, sem piedade, o homem com nome de santo, partiu para cima do elemento foi com vontade. Estava claro que o objetivo não era a alcançar o objetivo morte, tendo ele se limitando a deferir mais de uma dezena de panadas no indivíduo.  

O resultado da história é que o tal Papa do Diabo foi escoltado até a divisa da cidade e abriu no mundo para nunca mais voltar. Foi embora levando, nas diversas partes do corpo, o nome da marca do rabo de galo.  A história da taca de facão, monstra, que o Papa do Diabo levou, circulou por mais de um mês na cidade.

Por conta da proeza Assis, que já era conhecido, ficou mais ainda, e até ganhou o apelido que carregou consigo até sua morte, ocorrida de causas naturais, anos depois do episódio. Sempre que alguém se referia ele, para distingui-lo, o chamava de Assis Papa Diabo.
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