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03/06/2023 às 00h00min - Atualizada em 03/06/2023 às 00h00min

Caminhos por onde andei

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

    

O JULGADOR

E então, certo dia, numa “Sessão”, um julgador discordou frontalmente dos meus argumentos. E derramou e derramou os seus argumentos. Ainda assim, em silêncio eu amargava e discordava frontalmente dos seus argumentos. E, obviamente, levei a pior. O juiz ali, em suas firulas, figurou-se com um sabichão, um sabe tudo. Eu, porém, não me convencia, como nunca me convenci.

O mundo não precisou nem dar uma volta inteira e aquele julgador meteu-se em uma CAMISA DE ONZE VARAS, que, em princípio, não me parecia que eram tantas varas assim. Mas o mundo continuou na giratória e... e... porque não sei não sei por que... até parece que as varas foram se multiplicando. Segundo as boas e más línguas, uma defesa daqui uma pernada dacolá um recurso lá adiante e... de resto... não deu em nada.

E de multiplicação em multiplicação... em suas tantas sabedorias jurídicas, o Juiz perdeu a pompa, e a cadeira e o título e... e...e...

Ora! Mas não era um sabichão, um sabe-tudo?!  E por que a si mesmo não se defendeu? Sabia mesmo ou não sabia? Na cátedra, não falava com ninguém, não olhava na cara de ninguém. Enterrava a cara e os olhos no processo ou no computador e pronto! Em silêncio destilava o infortúnio e a desgraça de quem se metesse à sua frente. Um dano moral só valia uma “bagatela” e, ainda assim havia sempre a “culpa de terceiro”. E nada a indenizar. Seria porque era contra a indenizações?

E, se tivesse um “grande” pela frente? Aí então é que a canoa virava e o barco afundava. Eita mundo que dá voltas! Eita mundo que dá voltas! Se mete não TATÁ, que não dá pra ti, não aperreia!

DOIS PICOLÉS
ZERRATINHO tinha fama de pistoleiro. Em crime de mando, matou um cara, com a visão, todos diziam, pela fechadura da porta (aquela fechadura antiga, em desuso, da “chave grande”). Coisa de gente graúda. Passado algum tempo na prisão, de cara limpa e na maior, voltou à sua terra, onde praticava jogo de azar na calçada (“no meio da rua”).

Certo dia, “manhã cedinho,” eu participei do jogo na sua banca e com o dinheiro ganho comprei exatamente DOIS PICOLÉS! Um para um colega à minha companhia e outro para mim. Foi toda essa “fortuna”! Eu mesmo até que me achei “um cara de sorte!”  Isso me rendeu uma taaaca “justificada” do meu pai. E este foi o meu maior ganho! Até hoje não pratico nem participo de qualquer jogo que envolva dinheiro. Até hoje!

Hoje, quase setenta anos depois, eu me lembrei do ZERRATINHO: Moreno, meio magro, meio encurvado, simpático, comunicativo que, perdendo ou ganhando e nem aí pro azar no seu jogo de azar. ZERRATINHO era assim: perdendo ou ganhando era só alegria!

Arre! Eu, hein?! Eu é que não posso perder o embalo e deixar de registrar de um episódio(zinho) que se afronta agora à minha mente, lembrando aquele maldito jogo e aquela bendita taca, em que com as moedas ganhas, comprei DOIS PICOLÉS. E por que lembrei disso agora? É que agora tenho à minha frente uma moeda de cinco centavos! Justo igual àqueles cinco centavos com que ganhei na banca no ZERRATINHO.

MEMÓRIAS DE UM EX-COMBATENTE:
Seu ERRE serviu como “combatente” na Segunda Guerra Mundial, via do que angariou um emprego público. Tinha fama de “aloprado”, “doidão”, “um parafuso fora do lugar” e outros adjetivos. Volta e meia, durante o expediente público, Seu ERRE simulava o uso de uma metralhadora, na giratória e na boca e disparava: tá-tá-ta-tá-tá-tá-tá.

O diretor do serviço público, tinha fama de durão. Não abria para seu ninguém. Numa dessas, Seu ERRE na metralhadora e na giratória ta-tá-ta-tá-tá-tá e... quando deu por si, o diretor estava ali colado, com a mão no queixo como era o seu costume. E, só vendo! Aí Seu Erre com metralhadora e tudo, viraram uma estátua de sal...

* Viegas interpreta e questiona o social.
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