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26/06/2023 às 18h27min - Atualizada em 26/06/2023 às 18h27min

O culto à magreza grita. Vamos calá-lo?

Ludmila Pereira *
Há alguns meses, eu falei nessa coluna sobre o câncer de intestino que a cantora Preta Gil descobriu e que passou a enfrentar. Na oportunidade, discorri sobre o seu conceito, causas, sintomas, tratamento... Enfim, de maneira sucinta, procurei abordar esse assunto que tanto chamou atenção não apenas de seus fãs, mas de todo o Brasil. 

Com muita garra e coragem, Preta chegou ao final de suas sessões de quimioterapia e de radioterapia. Nesse período, enfrentou uma série de problemas, tanto de cunho pessoal, como em relação à sua própria saúde.

E nessa última semana, uma coisa chamou bastante atenção de quem a acompanha: a sua perda de peso. 

É bastante comum que durante um tratamento oncológico, o paciente acabe emagrecendo. Isto por uma série de fatores, mas principalmente pelos enjoos, vômitos e falta de apetite, provocados tanto pela própria doença, como por efeitos colaterais da quimioterapia. 

Hoje, eu não estou aqui para falar sobre os malefícios da obesidade, tampouco sobre os benefícios da perda de peso para quem necessita. Isso já é sabido por todo mundo. Eu própria, inclusive, enfatizo essa informação o tempo todo. 

Hoje, decidi falar sobre empatia. Isso mesmo que você leu, caro leitor: empatia.  

Preta Gil tem sido questionada sobre quantos quilos perdeu, tem sido parabenizada e até aplaudida por isso. 

Na última semana, ela se manifestou em sua rede social, pedindo bom senso das pessoas sobre esses questionamentos e “elogios”, enfatizando que “não emagreceu porque quis, mas por estar doente”. Em outras palavras, ela pediu um basta a essa “ditadura da magreza” em que vivemos atualmente. 

Infelizmente, as pessoas perderam a total noção e sensibilidade a ponto de cultuar a magreza de uma pessoa, mesmo ela estando doente.

O exemplo de hoje é com a cantora Preta Gil, mas não é incomum no nosso dia a dia, presenciarmos elogios a pessoas que emagreceram, sem ao menos sabermos se ela está feliz com esse processo, se essa perda de peso não é fruto de uma doença ou de uma intolerância alimentar, de uma depressão ou até mesmo de um luto ou de alguma outra tristeza profunda. 

Muitas vezes, as pessoas até sabem por qual problema o outro está passando, mas a insensibilidade fala mais alto e o culto à magreza segue gritando. Que tal o calarmos?

Não nos cabe questionar a vida de ninguém, muito menos julgar ou elogiar o próximo pelo seu peso e pelo seu corpo. Cabe a nós empatia com a dor e com o sofrimento do outro, colocando-se verdadeiramente no seu lugar, além de olhar para si mesmo e seguir nessa busca constante por saúde e por dias melhores.
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* Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri • Email: [email protected]

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