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15/10/2021 às 00h00min - Atualizada em 15/10/2021 às 00h00min

O cérebro e o intestino

NAILTON LYRA

NAILTON LYRA

O Doutor ​NAILTON Jorge Ferreira LYRA é médico e Conselheiro do CRM/MA e Conselheiro do CFM representando o Estado do Maranhão

  
O intestino é um órgão que a maioria das pessoas leigas considera como um tubo muscular que começa na boca e termina no ânus com a simples função de fazer a digestão, absorver os nutrientes necessários para a nossa economia (vida) e terminar na produção do cocô. Se considerarmos apenas o seu tamanho, que é descomunal quando comparado com outros órgãos, já temos uma ideai de sua importância e das inúmeras funções que desempenha em todos os processos de nosso organismo.
 
Se abríssemos seus dois segmentos, o intestino delgado e o intestino grosso, eles ocupariam uma área de 250 m2, o equivalente a uma quadra de tênis! E isto tudo está compactado dentro do nosso abdome, enroladinhos, e se considerarmos a superfície de absorção, composta de pregas vilosidades e microvilosidades (que são pequenas dobras da superfície intestinal) só a superfície de absorção do delgado pode ser multiplicada por 1000!
 
Por meio de interações físicas, neuronais, sensoriais, imunológicas, endócrinas (hormônios) e parácrinas (hormônio produzido por uma célula que age sobre essa célula e células vizinhas), via peptídeos entéricos existe uma comunicação complexa com o sistema nervoso central (cérebro). Essa via de comunicação entre o intestino e o sistema nervoso central é chamada de eixo intestino – cérebro, e cada vez mais, as pesquisas têm comprovado que alterações nesse sistema estão diretamente ligadas a uma série de doenças, como depressão, ansiedade, distúrbios gastrintestinais, obesidade, dependências, Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla, e, até mesmo, o Câncer.
 
Mas porque é dito conexão cérebro intestino, temos cerca de 500 milhões de neurônios (células nervosas) no intestino, é muito menos que o sistema nervoso central que tem bilhões de células, mas o suficiente pra administrar a secreção de substâncias ativas no funcionamento intestinal coordenando suas atividades e conseguindo operar sozinho.
 
Os neurônios intestinais secretam cerca de 30 substâncias, chamadas de mensageiros químicos se destacando uma chamada de serotonina molécula responsável pela nossa sensação de bem estar, 90 % de nossa serotonina é produzida no intestino. Essas substâncias levam recados de um lado ao outro, entre o intestino e o cérebro de verdade través de um nervo duplo chamado de Vago que atravessa o tórax e liga o intestino a cabeça.
 
O outro sistema importantíssimo presente nesse sistema é a microbiota (bactérias), importantíssimas para nossa vida, sem elas não existiríamos, quando se fala em bactérias pensamos logo em doenças infecciosas graves, mas não é isto, a maioria é benéfica par a nossa saúde e o adequado funcionamento de nosso organismo em uma simbiose (um ajuda o outro). Nosso intestino carrega cerca de 100 trilhões de bactérias, isso mesmo esse número, e que constitui uma massa de células dez vezes superior ao número de células do nosso corpo sendo responsáveis no auxílio de digerir alimentos e na proteção de muitas infecções. Constituindo em uma massa de cerce de 2 a 3 quilos de nosso peso corporal.
 
E quais distúrbios (alguns) que podemos relacionar com essa massa de bactérias e hormônios em nosso intestino, Muitas são atualmente estudadas, A ansiedade é uma delas, estudos realizados em vários centros tem mostrado que quando germes maléficos dominam a área é encrenca na certa. A síndrome do intestino irritável em que temos em alguns pacientes, diarreia e em outros, constipação, notadamente em mulheres está diretamente relacionada ao tipo de microbiota intestinal.
 
Existem dados em que sintomas de ansiedade podem ser ajudados a reverter com uso das chamadas bactérias boas como lactobacilos e bifidobactérias presentes principalmente em iogurtes.
 
Na obesidade parece importante o tipo de bactéria, o gênero firmicutes ou bacteroides, estudos demonstraram que em indivíduos obesos a concentração de firmicutes é maior que a de bacteroides. Logo teremos as pílulas de bactérias para o combate a obesidade. Doenças com Parkinson e Alzheimer tem sido relacionadas ao desequilíbrio da microbiota intestinal. Mas é possível prevenir e até reverter esses quadros, Sim! Principalmente utilizando-se de bactérias boas para voltar à paz e a harmonia intestinal presente no chamados probióticos principalmente lácteos.
 
Esse tema é extenso e o espaço pouco, recomendo o livro “A conexão cérebro intestino” de Emeram Mayer. Uma leitura fascinante e útil. Agora sabemos que possuímos um segundo cérebro e o porquê da sensação de “frio na barriga” em muitas situações extremas, são os HORMÔNIOS E AS BACTÉRIAS!
 
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