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26/04/2024 às 18h48min - Atualizada em 26/04/2024 às 18h48min

Uma grande árvore chamada Imperatriz

ELSON ARAÚJO

ELSON ARAÚJO

ELSON Mesquita de ARAÚJO, é membro da Academia Imperatrizense de Letras-AIL e durante alguns anos, foi repórter de O PROGRESSO.

Pelas saudáveis provocações da Academia Imperatrizense de Letras (AIL) e do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI), pela primeira vez na história não passou em brancas nuvens o aniversário da elevação de Imperatriz, de vila para cidade.

As provocações ganharam ainda mais força pelo fato dos idos cem anos da lei, assinada pelo presidente do Estado Godofredo Mendes Vianna, que em 22 de abril de 1924, transformou a pequena vila na hoje pujante Imperatriz.

Foram poucos os eventos e raríssimas manifestações. No saguão da Prefeitura houve um pequeno encontro, com pouquíssimos espectadores. A Assembleia de Deus promoveu uma celebração especial no Templo Central, e a Câmara Municipal, por iniciativa do vereador e historiador Carlos Hermes, e convocação do presidente da casa vereador Alberto Sousa, uma reunião solene com diversas autoridades. Menos da metade dos 21 vereadores atendeu ao chamamento, mas valeu a inciativa, que acabou sendo a mais importante das citadas. Tratou-se de um rico reencontro da cidade com uma parte esquecida da nossa história.

A   data da elevação faz parte do capital histórico do município, mas, nunca comemorado. É que com o passar dos anos ganhou força mesmo, a não menos importante data da fundação, 16 de julho de 1852. Tenho uma teoria passa esse fato. O fundador Frei Manoel Procópio, segundo os registros históricos, não se limitou a fundar a povoação. Por aqui ele passou 20 anos cumprindo o papel religioso, sem, no entanto, deixar de lado a militância política. Esse ativismo do padre, deve ter ajudado a consolidar o 16 de Julho, como a “data da cidade” .

Se o 24 de abril não fora definitivamente esquecido e acabou celebrado, ainda no modo acanhado, pela primeira vez, justiça seja feita; deve-se à insistência de acadêmicos como Edmilson Sanches, membro da AIL e também do IHGMA e do IHGI de Imperatriz, que sempre que a ocasião permitia lembrava desse até então relegado fragmento histórico da nossa cidade.

Neste 2024 do centenário, tanto a AIL, quanto o IHGI, as duas casas de cultura histórica literária mais importantes desta banda do Maranhão têm gerado debates, textos e palestras sobre o tema.

Destaco aqui, mais uma vez, o acadêmico Ribamar Silva, que nas suas pesquisas encontrou até copia da lei que   nos elevou à categoria de cidade, e hoje é um especialista no assunto. Tanto, que lançou uma espécie de desafio para os historiadores que se interessam pelo tema, que é levantar, encontrar documentos sobre algum movimento levado a efeito pela elite política/econômica daquele tempo para convencer o então governador Godofredo Vianna da elevação de Imperatriz de  Vila,  para cidade.

Tarefa difícil, pois não há, porque segundo Ribamar Silva,  não existiu.  A cidade só foi saber da boa nova muito depois. Tendo sido apanhada de surpresa.

Como não há documentos que demonstrem algum movimento em torno da luta pela elevação de Imperatriz à categoria de cidade, seguindo o curso dos acontecimentos que marcaram a povoação desde sua fundação cabe especulações ou teorias.

O próprio Ribamar Silva tem a sua.  Ele acredita que possivelmente a presidência do Estado tinha alguns critérios para tal iniciativa.

“Possivelmente quando determinada povoação atingia um certo número de habitantes ganhava esse direito” especula o pesquisador, que recorda que no mesmo ano também foram elevadas à categoria de cidade as vilas de Carutapera, São Francisco e Icatu.

Naquele tempo estimava-se que a população total de Imperatriz era 9.331 habitantes, dos quais residiam na área urbana cerca de mil pessoas.

Eu também tenho a minha teoria. A vila já tinha uma determinada movimentação econômica tendo as águas do Rio Tocantins como indutoras da economia local, inclusive com a exportação de mão de obra para os castanhais do Pará. Na nossa beira do rio já havia uma grande movimentação comercial e certamente, apesar das dificuldades de comunicação, o governo da época tinha conhecimento disso. Sendo assim, pelo número de habitantes e pelo que a cidade já movimentava economicamente não havia outro caminho a não ser a elevação.

A apatia politica de 2024 é muito distinta dos anos de 1852 até por volta de  1872, anos marcados pelo forte ativismo político do religioso Manoel Procópio, cujos registros históricos comprovam que permaneceu por aqui por 20 anos. E não ficou quieto; tanto que, a militância junto a outras lideranças políticas que aqui surgiram, como Amaro Bandeira, resultou em 1856 na Lei Provincial 398, a povoação foi elevada à categoria de vila com a denominação de Vila Nova da Imperatriz, desmembrado do município de Chapada, atual Grajaú.

Na época dele havia uma disputa política entre A Vila Nova da Imperatriz e Porto Franco, e pela Lei Provincial 524/ 1859, a sede da Vila foi transferida para a sede daquela.

Procópio e os de sua época, continuaram com o ativismo político e conseguiram, por meio da Lei Provincial 631/1862, a transferência da sede da Vila de Porto Franco para Imperatriz, até que 62 anos depois, a nossa Imperatriz foi elevada á condição de cidade com a denominação de Imperatriz, pela  pela Lei Estadual n.º 1.179, de 22-04-1924

Manoel Procópio, evidentemente não estava mais entre nós, pois faleceu na Bahia em 1886, com mais de 70 anos mas,  deve teria ficado orgulho com a semente que plantou, gerou frutos e se tornou a grande árvore, que hoje é nossa querida Imperatriz.
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