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15/07/2021 às 21h45min - Atualizada em 15/07/2021 às 21h45min

Coração de Pai

Mario Eugênio
Em 8 de dezembro de 2020, o Papa Francisco publicou sua Carta Apostólica “Patris Cordedo”, por ocasião do 150º Aniversário da Declaração de São José Como Padroeiro Universal da Igreja (Sesquicentenário, palavra que aprendi em 1972, adivinhem o porque).

Com coração de pai: assim José amou a Jesus, designado nos quatro Evangelhos como “o filho de José”. Os dois evangelistas que puseram em relevo a sua figura, Mateus e Lucas, narram pouco, mas o suficiente para fazer compreender o gênero de pai que era e a missão que a Providência lhe confiou.

Sabemos que era um humilde carpinteiro (cf. Mt 13, 55), desposado com Maria (cf. Mt 1, 18; Lc 1, 27); um “homem justo” (Mt 1, 19), sempre pronto a cumprir a vontade de Deus manifestada na sua Lei (cf. Lc 2, 22.27.39) e através de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Depois duma viagem longa e cansativa de Nazaré a Belém, viu o Messias nascer num estábulo, “por não haver lugar para eles” (Lc 2, 7) noutro lugar. Foi testemunha da adoração dos pastores (cf. Lc 2, 8-20) e dos Magos (cf. Mt 2, 1-12), que representavam, respectivamente, o povo de Israel e os povos pagãos.

Teve a coragem de assumir a paternidade legal de Jesus, a quem deu o nome revelado pelo anjo: dar-Lhe-ás “o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados” (Mt 1, 21). Entre os povos antigos, como se sabe, dar o nome a uma pessoa ou a uma coisa significava conseguir um título de pertença, como fez Adão na narração do Gênesis (cf. 2, 19- 20).

No Templo, quarenta dias depois do nascimento, José, juntamente com a mãe, ofereceu o Menino ao Senhor e ouviu, surpreendido, a profecia que Simeão fez a respeito de Jesus e Maria (cf. Lc 2, 22-35). Para defender Jesus de Herodes, residiu como forasteiro no Egito (cf. Mt 2, 13-18). Regressado à pátria, viveu no recôndito da pequena e ignorada cidade de Nazaré, na Galileia, donde (dizia-se) “não sairá nenhum profeta” (Jo 7, 52), nem “poderá vir alguma coisa boa” (Jo 1, 46).

Depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José, seu esposo. Os Papas antecessores aprofundaram a mensagem contida nos poucos dados transmitidos pelos Evangelhos para realçar ainda mais o seu papel central na história da salvação: o Beato Pio IX declarou-o “Padroeiro da Igreja Católica”, em 1870, o Venerável Pio XII apresentou-o como “Padroeiro dos operários”, em 1955, e São João Paulo II, como “Guardião do Redentor”. E o povo invoca-o como “padroeiro da boa morte”.

Assim, o Papa quer partilhar algumas reflexões pessoais sobre esta figura extraordinária, tão próxima da condição humana de cada um de nós, despertada ao longo destes meses de pandemia em que pudemos experimentar, no meio da crise que nos afeta, que as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas.

O Papa nos mostra isso na sua Carta, apresentando José como pai em 7 dimensões humanas e espirituais: (1) amado, (2) na ternura, (3) na obediência, (4) no acolhimento, (5) com coragem criativa, (6) trabalhador, e (7) na sombra.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano
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