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06/03/2021 às 00h00min - Atualizada em 06/03/2021 às 00h00min

FAMÍLIA JURITI

Elson Araújo
Saiu do ninho bem quietinha. Antes um canto contínuo, para nós humanos de natureza triste, para elas talvez um modo natural de se comunicar. O canto, ecoou uma, duas três. Na quarta vez, outro (a) semelhante chegou. Não de uma vez. Veio por longe analisando o terreno. O instinto que a mãe natureza lhe deu indicava uma presença humana naquele pedaço de chão; no caso, meu quintal, e deixou um pouco assustado aquele belo pássaro. Mesmo assim, seguiu adiante. Primeiro em cima do muro, depois o bicho pousou suavemente no solo. Um ou dois saltinhos à frente, olhou para cima, reuniu forças e de um só lance de voo chegou ao ninho onde a outra já aparentava certa inquietação.  

A conclusão a que cheguei a partir da observação daquela cena é que ali se tratava de uma “troca de turno” por conta da responsabilidade de cuidar dos dois filhotes ainda sem penas, e por isso carentes de cuidados naquele ninho sujeito a predadores. O chegante, acredito que o macho, aparecia naquele instante depois do chamado (canto) para cuidar dos “ meninos, enquanto a que tinha passado a noite e madrugada no ninho voou rapidamente dali. Era um domingo, e sem muitas tarefas naquele dia, corri e me armei com minha máquina fotográfica. Decidi ficar ali quietinho observando aquela cena, digamos, de família.

Não marquei, mas acredito que uma hora depois a outra criatura voltava do voo. Houve um cumprimento protocolar e, o outro logo partiu. 

Quietinho fiquei ali igual a curió na muda observando e discretamente fazendo algumas fotos, que era para não assustar aquele arranjo familiar.  Segundos depois uma folia danada no ninho. Encerrava ali minha curiosidade: a juriti pupu, a espécie identificada no meu quintal, voltou. Tinha saído para buscar alimento para os filhotes que, uma semana e meia depois, criaram asas, aprenderam a voar e foram embora.
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