MENU

22/03/2024 às 19h48min - Atualizada em 22/03/2024 às 19h48min

O voo de volta

Tributo a Hélio Herênio

Raimundo Primeiro
Foto: Arquivo
 
“Plunct, Plact, Zum, não vai a lugar nenhum”!... 

Momentos marcantes, lá, nos meus idos de garotão, saindo da adolescência, quase no começo da juventude, na Fly-Back. Lembro, como se fosse hoje, da música de Raul Seixas, tocando, lá na danceteria que, além de embalar, marcou a vida de muitos jovens prestes a entrar na maioridade, movimentando o setor Beira-Rio, naqueles áureos tempos. Meu caso, por exemplo. Até hoje, eles estão nítidos e, sobretudo, “armazenados”, tal qual a memória de um computador. 

O Hélio Herênio, sem dúvida, foi precursor, principalmente um visionário, ao idealizar a construção daquela que seria, além de uma das maiores danceterias, o ponto de encontro de futuros casais, rapazes e moças, que, lá, se conheceram, namoraram e, assim, constituíram famílias, cujos filhos cresceram e participam do dia a dia da cidade, colaborando, hoje, com a crescente Imperatriz.

Deixou legados. Também, muitas boas lembranças, momentos que estão e, obviamente, permanecerão, para sempre, nas mentes das pessoas que tiveram o prazer de conhecê-lo, sobretudo, de conviver; com ele, passar momentos incríveis, sempre alegres, espontâneos! Hélio era assim, simplesmente, impulsivo, na melhor acepção do termo, sempre preparando boas surpresas, por meio de sua mente criativa, empreendedora, inspirada para grandes projetos, fossem no entretenimento e/ou noutras áreas, sempre vislumbrando coisas que estavam além dos olhos das pessoas comuns. Era, sim, um visionário, um ser além de seu tempo. Em movimentação, inquieto!

Aquele 22 de fevereiro de 1979, continua alvinitente, límpido, transparente, a exemplo do que eram as águas do Tocantins, na época, na data de inauguração da Fly Back. Naquele momento, Hélio abria as portas não, apenas, de um local de lazer, uma casa noturna, um ponto de encontro da sociedade imperatrizense. Estava, incontestavelmente, fazendo história no campo do entretenimento na Terra fundada pelo Frei Manoel Procópio do Coração de Maria. 

A Fly Back, sem dúvida, movimentou a cidade, durante as marcantes décadas de 1970/80, fazendo a moçada, a galera, conforme diriam os mais jovens, “agitar”, sadiamente brincar e, desta forma, iniciar amizades. Consolidadas, permanecem. Algumas, inclusive, fazendo nascer muitos bons “frutos”, ou seja, projetos para a nossa cidade.

O som era “massa”, superespecial. As músicas, eram, indubitavelmente, o máximo! O DJ “Sorriso” dava show, tocando sons que mexiam com todos, os sucessos que reafirmam a importância da dance music, das discotecas, nas diversas regiões do Planeta. Uma era crível. Acreditem os mais novos, a juventude atual da Imperosa, órfã de espaços que estão nas mentes, sobretudo, nos corações dos “garotões” e das “garotonas” partícipes dos eventos da inesquecível Imperatriz de outrora. 

A exemplo da Fênix, diversas vezes, o Hélio ressurgiu, sempre motivado e disposto a fazer ainda melhor, com novos e ousados planos, fazendo a cidade aquecer ainda mais, além de envolver aqueles que estavam a sua volta, notadamente familiares e amigos, ratificando a máxima de que os desafios são possíveis quando há denodo, garra, efetiva confiança e o “combustível” capaz de movimentar quaisquer coisas: o apoio, tão essencial e do qual aa gente jamais deve abrir mão, tendo em vista a junção de esforços ser capaz de transpor, perpassar adversidades que se tornam quase intransponíveis.

Hélio Herênio deixou marcas, sinais indeléveis, fortes, de quem nasceu para fazer a diferença. Deixou o plano terrestre fazendo jus ao significado do nome da Danceteria Fly Back, que, em inglês, quer dizer “voar de volta”. Não perdeu tempo, em vida, pois sabia que os dias voltam, mas os minutos são outros. Acabe cabe a frase: “Ninguém pode realizar só por talento. Deus dá o talento; o trabalho transforma o talento em gênio”. Em síntese: Hélio fez diferente, soube moldar-se, transformar a sua capacidade de criar, de agir, em genialidade – a sua maneira – criar/fazer/marcar, ser diferente em diversos aspectos. Um ser notável do ponto de vista do saber empreender e acreditar na potencialidade da Imperatriz, capaz de vislumbrar o dinamismo que a cidade alcançaria, conforme o que é constatado hoje.

O “Rei da Noite”, a exemplo de um titã, dos grandes heróis, virou lenda, entrando para a história como um empreendedor nato, capaz de metamorfosear-se e, desta forma, transformar sonho em realidade, uma espécie de “Midas”, só que agindo para o bem.

Adeus, Hélio! Descanse em paz, “guerreiro”, empreendendo, com êxito, noutro plano, seguindo a marcante trajetória, boa parte dela, porém, em Imperatriz, terra que o acolheu e, tempos depois, você soube retribuir o caloroso “abraço” que recebeu da cidade e de seus habitantes!

Fique em paz, paladino!

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »