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18/03/2024 às 18h40min - Atualizada em 18/03/2024 às 18h45min

Hélio Herênio: cinzas serão jogadas no Rio Tocantins

Raimundo Primeiro
Hélio Herênio com o irmão Hemival: “Aprendi muito com ele” - Foto: Álbum de Família
 
Morreu, na noite de sexta-feira (15/03), o empresário Hélio Herênio Farias, figura importante na cena noturna de Imperatriz nas décadas de 80 e 90. Foi o fundador da Fly Back, uma das maiores danceterias do Maranhão, símbolo da época de “ouro” da dance-music, que marcou o mundo do entretenimento na cidade, movimentando a juventude, sendo ponto de encontros/reuniões e, obviamente, de eventos importantes, entre os quais concursos de beleza, caso, por exemplo, do “Garota” e “Garoto” Mirante.

Hélio Herênio foi vítima de um infarto, aos 70 anos, em Brasília (DF). Há anos residindo em Goiânia (GO), ele nasceu em Imperatriz (MA), em 21 de setembro de 1953. O empresário era o primeiro filho, de um total de dez, do casal Domingos de Oliveira Farias e Enilda Maranhão Herênio Farias (“in memoriam”). Os irmãos, em ordem cronológica, são Hermes, Marilene, Hemival, Honório, Rosilene, Durna, Eliana, Haroldo (falecido em 1972) e Jânio (falecido em 1978). Também morou em Campinas (SP), onde montou uma imobiliária.

A trajetória do empresário Hélio Herênio foi marcada pela inovação e, sobretudo, pelo desejo de ver Imperatriz crescer, por meio de empreendimentos modernos, acompanhando o que acontecia nos grandes centros de desenvolvimento do país. Seguindo a premissa que marcam as vidas dos grandes empresários.

ESTRADA – Ainda jovem, Hélio fez de tudo um pouco, não parava. Era inquieto. Em permanente movimentação, sua personalidade era forte, principalmente vanguardista. Foi corretor de imóveis, nos anos 70, trabalhando com o empresário Hipérides Lisboa Alencar, conhecido por  "Seu" Pepe, proprietário do Loteamento Jardim Três Poderes, hoje um dos bairros mais nobres de Imperatriz. “Naqueles tempos, aos 20 anos, ele já tinha um ‘timbre’ para grandes negócios”, lembra o irmão, Hemival Herênio. 

Hélio Herênio vendeu muitas áreas comerciais em Imperatriz. Foi o responsável, inclusive, pela negociação da Imperauto para o empresário Osmar Teixeira do Amaral Brito, o Osmar da Chaparral, proprietário, em Imperatriz, da Concessionária da Volkswagen do Brasil

SURGIMENTO – A ideia de montar a Fly Back, conforme levantou a reportagem, surgiu no começo de 1978, quando Hélio Herênio estava na Boate Barranco, na companhia de uns integrantes do Projeto Rondon, após receber um ressonante “não” por parte do dono casa, para tocar uma música de sua preferência. Já tendo experiência na área de eventos, por ser, na época, diretor social do Juçara Clube, realizando shows, entre os quais a apresentação do cantor Dave Maclean, nome artístico de José Carlos Gonzales, cantor e compositor brasileiro, cujo repertório cantando em inglês foi sucesso de público e crítica nos anos 1970.

INICIATIVA
 – Decide viajar para o Rio de Janeiro (RJ). Na capital carioca, comprou um Alfa Romeo, automóvel de luxo italiano. E lá, por meio do dentista de um amigo, Hélio Herênio conheceu o espanhol Zezinho Esteves, proprietário da New York City Discotheque, localizada no bairro de Ipanema, “febre” da época, tendo cenas nela filmadas para a Telenovela “Dancing’s Days”, da Rede Globo de Televisão. 

COLABORAÇÃO – Um encontro marcante. Inesquecível, para quem viveu nos anos 1970. “Gostou muito de ter conhecido o meu irmão, que contou sobre a sua vontade de montar uma boate em Imperatriz. Ele fez o desenho da casa para o Hélio, além de apresentar o DJ ‘Careca’, fornecedor de vários discos [coisas bacanas]. Ao retornar, procuramos a área [Beira-Rio], pois o Hélio queria que fosse lá, até falando: ‘Tem que ser aqui’”, conta Hemival, informando que eles compraram a área, pertencente a uma tia deles, Naides Maranhão, acrescentando que diversos esforços foram empreendidos, todos visando com que a “tia Naildes vendesse a área para construção da Fly Back”. Não havia nada, lá na Beira-Rio, só o Porto. “Não tinha rua, só uma galeria, com a água jorrando”.

LEGADO – Outro grande feito de Hélio Herênio no mundo dos negócios: Participar do processo de instalação do Sistema Mirante de Comunicação, antes com a Rádio Mirante FM e, depois, com a TV Mirante, afiliada da Rede Globo, Canal 10; e da Sucursal do Jornal “O Estado do Maranhão”, todos surgidos entre 1986 e 1987. Também teve participação direta na criação dos concursos “Garoto” e “Garota Mirante”, integrantes da “Gincana Mirante”, que agitava a juventude local, principalmente os estudantes, com disputadas acirradas, durante as realizações das provas, envolvendo os diversos bairros. 

Teve, ainda, o “Rock in Rua”, ação da Rádio Mirante FM, nos finais das tardes de domingos. “Essa garra, essa determinação, a arte de negociar, eu aprendi com ele, pois o Hélio era um exímio negociador; sabia chegar, sabia sair, meu irmão era um cara muito criativo”, complementa Hemival, dizendo que o Hélio havia deixado Imperatriz em 1993. “Um pedaço de mim, me levou para morar com ele, aos 15 anos. Saudades imensas. Ou seja: foi meu pai substituto”.

Hélio Herênio deixa uma filha, Verissa Noleto Herênio Farias Roriz, 37 anos,  e dois netos.

HOMENAGEM – Na tarde do último sábado, o corpo foi cremado. A filha Verissa chega nesta terça-feira, 19, a Imperatriz. Nesta quarta-feira, 20 de março, vai haver um ato, na Beira-Rio, em homenagem a Hélio Herênio, com as cinzas sendo jogadas nas águas do Rio Tocantins.

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