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14/11/2023 às 18h51min - Atualizada em 14/11/2023 às 19h00min

Precisamos falar sobre feminicídio: a violência contra a mulher tem nome e se chama misoginia

Pe. Sandro Lima
Foto: Divulgação
 
Os altos índices de feminicídio no estado do Maranhão são críticos. Lei Maria da Penha completou 17 anos, e Lei do Feminicídio é de 2015, e em 2023 quantas Patrícias foram assassinadas?

Não é de hoje que a violência contra a mulher é tema de debates na sociedade brasileira. Palestras acadêmicas, programas governamentais, noticiários cotidianos na televisão e em outros meios de comunicação, transmitem o quanto é absurdo o número de vítimas, mas, qual deles exerce um papel necessário para que a misoginia estrutural possa ser desfeita? O sentimento atual é de total impotência mediante todos os tipos de violência contra a mulher, seja física, psicológica ou sexual. Porque, por mais que se fale sobre o assunto, não há preocupação da maior parte da sociedade em evitar que mulheres parem de ser violentadas. E, isso ocorre principalmente por conta do movimento retrógrado que está acontecendo no âmbito político nacional, no qual os direitos dos grupos pertencentes à chamada “minoria” estão sendo facilmente retirados.

Há 17 anos a Lei 11.340/2006 conhecida como Lei Maria da Penha, foi sancionada para combater a violência contra a mulher, mas apenas em 2015, a Lei, que combate o Feminicídio, entrou em vigor. Essa última lei caracteriza “feminicídio” como assassinatos de mulheres motivados pela violência de gênero, isto é, mulheres que são mortas justamente por serem mulheres. O feminicídio é um tipo penal de “homicídio qualificado” e é, portanto, considerado crime hediondo.

Estamos falando aqui de misoginia, de repulsa e de ódio ao gênero feminino. Tais sentimentos fazem parte da educação pautada no patriarcado que influencia os homens a acharem que são donos do corpo e da vida das mulheres. Além disso, o patriarcado ensina que as relações de poder entre os gêneros devem colocar a mulher numa posição subalterna a do homem, fazendo-a mera coadjuvante e vítima de sua própria vida, sendo o gênero masculino detentor de poder sobre a mulher, podendo ter controle do seu corpo, sua mente e até mesmo de sua sexualidade. A escola, a mídia, a família e a sociedade de modo geral permitem que eles possam crescer gozando de privilégios e acreditando que a mulher seja submissa.

O número alarmante de casos de violência contra a mulher não deve ser tratado como mero fenômeno social e, sim, como resultado do machismo cotidiano que submete meninos e meninas, desde seu nascimento, a uma socialização perversa e desigual.

Mulheres não irão parar de sofrer violência de gênero até que não somente políticas públicas possam ser trabalhadas corretamente, mas que todo modelo estrutural de educação da sociedade brasileira seja reestruturado. Nessa sociedade que mata milhares de mulheres por ano, todas as pessoas, individualmente, têm responsabilidades no que diz respeito a esse problema.
Diante do papel de cidadãos e cidadãs, nesta sociedade machista e conservadora, o que fazer para combater tamanha violência? Sentar e assistir ou combater e prevenir? 

 
Pe. Sandro Lima
Paróquia São José

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