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10/11/2023 às 17h44min - Atualizada em 10/11/2023 às 17h44min

Combater o câncer no grito

Mario Eugenio Saturno*
  
Uma excelente notícia foi divulgada dias atrás, uma técnica alternativa não invasiva para cirurgia, quimioterapia e tratamentos de radiação para o câncer, desenvolvida na Universidade de Michigan, obteve aprovação do FDA (Food and Drug Administration dos Estados Unidos), equivalente à nossa ANVISA, para o tratamento do fígado.

A técnica é chamada histotripsia, utiliza ondas sonoras de alta frequência (conseguimos ouvir até 20 kHz, acima disso é chamado ultrassom) para destruir tumores do fígado em humanos. A histotripsia oferece uma alternativa promissora aos tratamentos convencionais contra o câncer e que, muitas vezes, têm efeitos colaterais significativos. A autorização foi concedida à HistoSonics, uma empresa fundada em 2009 por engenheiros e médicos da Universidade de Michigan.

A HistoSonics agora pode comercializar e vender sua plataforma de histotripsia, chamada Edison, para hospitais e profissionais médicos para uso em tratamentos hepáticos. A empresa está sediada em Minneapolis, enquanto a pesquisa e desenvolvimento avançados estão localizados em Ann Arbor.

A histotripsia funciona usando ondas de ultrassom direcionadas para formar microbolhas dentro do tumor. As forças criadas à medida que essas bolhas se formam causam a ruptura da massa, matando as células tumorais e deixando os detritos para serem limpos pelo sistema imunológico.

Um teste em humanos em andamento desde 2021 no Centro de Câncer e em outros locais tratou pacientes com tumores hepáticos primários e metastáticos via histotripsia, demonstrando a capacidade da tecnologia de atender às principais metas de eficácia e segurança do teste.

No primeiro estudo, mesmo depois de destruir apenas de 50% a 75% do volume do tumor hepático, o sistema imunológico dos ratos foi capaz de limpar o resto, sem evidência de recorrência ou metástases em mais de 80% dos animais.

No início deste ano, um segundo estudo mostrou que a histotripsia quebra a parede das células cancerígenas, expondo os antígenos tumorais para o sistema imunológico identificar e usar para ataques direcionados a outras células cancerígenas.

O tempo de recuperação é muito mais curto do que com a cirurgia e menos desconforto no tratamento, pois o tratamento atinge o tumor e não o tecido saudável. A histotripsia depende do foco de ondas acústicas de ultrassom de alta energia para concentrar a energia o suficiente para formar bolhas, e a máquina Edison pode garantir que a região esteja confinada ao tumor. Em contraste, a radiação afeta tudo em seu caminho através do corpo.

E os benefícios potenciais da histotripsia vão além da destruição do tumor. No último ano, um par de estudos pré-clínicos em roedores sugeriu que, no processo de limpeza, o sistema imunológico aprende a identificar as células cancerígenas como ameaças. Isso pode permitir que o corpo continue lutando contra o tumor inicial e ajude a ativar uma resposta imune ao câncer.

Como se pode observar, inovações inesperadas podem ser criadas, novos paradigmas provêm de investimentos massivos em Ciência e a Tecnologia. Um exemplo para os nossos políticos seguirem.
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 *Mario Eugenio Saturno  (fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano
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