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31/10/2023 às 17h20min - Atualizada em 31/10/2023 às 17h30min

Zeca Camargo e o jejum intermitente

Ludmila Pereira

  
Há alguns dias, o apresentador Zeca Camargo postou em suas redes sociais que estava fazendo o jejum intermitente. Contou que era difícil no começo, mas depois das primeiras semanas se tornava “moleza”, além de dizer que já havia perdido quase todo o peso que gostaria. 

Ele não deu mais detalhes sobre como está o seu processo de adaptação, sobre suas necessidades clínicas além da perda de peso, tampouco qual protocolo está seguindo. 
Mas eu estou vindo aqui contar a você, caro leitor, sobre o que é o jejum intermitente e todos os seus detalhes. 

Antes mesmo de ser considerada uma estratégia nutricional, historicamente o jejum é uma prática milenar e já foi bastante usada como protesto e ainda é utilizada como costume religioso. 

O jejum é um ato comum entre os cristãos, baseado no conhecimento de que é uma forma de se reabastecer e de renovar as forças para enfrentar as difíceis batalhas diárias da vida, além de ser um sacrifício em prol de uma causa. 

Agora, indo muito além de uma prática religiosa, segundo uma crescente de pesquisas, o ato de não comer está ligado a uma série de benefícios à saúde que vão desde a perda de peso até a prevenção de cânceres, doenças cardiovasculares e distúrbios neurológicos, bem como o cuidado com doenças já existentes como resistência à insulina, diabetes, dislipidemias, entre outras.
 
A ideia do jejum é quebrar as reservas de gordura que nós temos e utilizá-la como energia, promovendo emagrecimento, mudança do metabolismo e, consequentemente, melhora da saúde como um todo. 

É importante falar que a janela alimentar – período em que há alimentação – deve ser de extrema qualidade nutricional, prioritariamente com fontes de proteínas, gorduras boas e carboidratos complexos, a fim de que se potencializem os benefícios do jejum intermitente.

Há inúmeros protocolos de jejum intermitente, desde o de 12 horas, que é considerado fisiológico e que inclusive deveria ser seguido por todos, passando por protocolos de 16, 24 e até de 36 horas. Isso mesmo, nobre leitor, todo esse período sem se alimentar, ficando à base apenas de água e podendo ingerir café e chás sem adoçar. 

Óbvio que ninguém começa com protocolos tão extensos, até porque o corpo não está habituado e efeitos como fraqueza e dores de cabeça extrema podem acontecer. Idealmente, começa-se com períodos menores, no caso de 12 horas. 

Fisiologicamente, qualquer indivíduo pode fazer, mas “psicologicamente”, pela minha experiência clínica, eu afirmo que nem todos têm condições. Isso porque percebo que indivíduos muito ansiosos não toleram e não conseguem. Por isso, até para eu propor essa estratégia nutricional aos meus pacientes, eu reflito bastante sobre o seu perfil de comportamento, suas condições de cumprir e nunca trato como minha primeira opção de tratamento. 

Então, mesmo sabendo dos inúmeros benefícios do jejum intermitente, afirmo: ele não é “pra todo mundo”, não é único e nem superior a nenhuma outra estratégia nutricional e por isso, deve ser muito bem pensado em para quem eu estou propondo. 

É importante enfatizar que assim como qualquer cuidado nutricional, o jejum intermitente deve ser executado com acompanhamento de nutricionista para melhor planejamento, evitando carências nutricionais, diminuindo os efeitos colaterais iniciais, além de buscar pelos resultados desejados. 

Jejum intermitente, quando feito adequadamente, representa saúde e vida longa a quem o segue. 

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* Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri • Email: [email protected]
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