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24/10/2023 às 18h09min - Atualizada em 24/10/2023 às 18h15min

Ação de facções no Rio é ameaça à autoridade do Estado, diz secretário

Segundo o secretário executivo do Ministério da Justiça, é inaceitável facções criminosas desafiarem o Estado Democrático de Direito e paralisarem uma parte da cidade, colocando fogo no transporte público.

Cristina Indio do Brasil
Agência Brasil - Rio de Janeiro
Cappelli considera muito grave situação na capital fluminense - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
 
Ao analisar os ataques criminosos da segunda-feira (23), na zona oeste do Rio de Janeiro, o secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, classificou de muito grave a situação na cidade. Ontem, 35 ônibus foram queimados e uma cabine de um trem, que partia de Santa Cruz, foi incendiada. Seis estações chegaram a ser fechadas, o que gerou caos no setor transportes. 

Os atos violentos foram em represália à morte, durante uma operação policial, do miliciano Matheus da Silva Rezende, o Faustão, considerado pela polícia o número 2 de um desses grupos da capital.

“Situação muito grave, facções criminosas desafiando o Estado Democrático de Direito, paralisando uma parte da cidade, colocando fogo no transporte público. É uma clara ameaça à autoridade do Estado uma situação inaceitável”, disse Cappelli, após participar do 17º Encontro Nacional de Repressão a Drogas, Armas, Crimes contra o Patrimônio e Facções Criminosas (Siren), no Hotel Vila Galé, no centro do Rio. O encontro reunirá até sexta-feira (27) policiais federais de todo o país, representantes das Forças Armadas e do setor de segurança de embaixadas.
Avaliação

Nesta tarde, Cappelli participa de uma reunião na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, para avaliar o desempenho das forças federais de segurança na primeira semana de atuação no estado. “A gente fez a movimentação de homens e equipamentos para cá na semana passada. Hoje à tarde, a gente faz a primeira reunião”, explicou o secretário.

Segundo Cappelli, mesmo com os ataques de ontem, ainda é cedo para reformular o planejamento feito para a atuação de forças federais no estado. “A gente está completando uma semana do início do nosso reforço no Rio de Janeiro, então é cedo para rever um planejamento que ainda está em curso. A gente vai fazer a primeira reunião de monitoramento. Esta semana acabam de chegar os homens da Polícia Federal com tecnologia e equipamentos. Está cedo ainda. Não tem uma semana. Claro que o que aconteceu ontem é gravíssimo, e isso a gente leva em conta no planejamento que está construindo e que vai avaliar hoje”, completou.

O secretário informou que já está sendo reforçado o sistema de inteligência da Polícia Federal no Rio para que, em conjunto com as forças de segurança do estado, possa ser desvendada a atuação do crime organizado. “Alguns homens já foram deslocados na semana passada, outros vão chegar nesta semana. Nós estamos buscando analistas da Polícia Federal de larga experiência e trabalhos exitosos já realizados aqui para o Rio de Janeiro, com equipamentos e tecnologia para que se possa desbaratar e enfrentar o crime organizado no Rio de Janeiro.”

Para Cappelli, o reforço na inteligência da Polícia Federal poderá contribuir para a prisão dos três chefes das maiores milícias do estado, conforme tem sido defendido pelo governador do Rio, Cláudio Castro, como forma de dar um golpe no crime organizado. “A Polícia Federal tem muitas informações sobre as organizações criminosas do Brasil e em especial do Rio de Janeiro. Ela tem atuado junto com a Polícia Civil, e tenho certeza de que essas informações podem ajudar a chegar nessas lideranças.”

A transferência de presos envolvidos em atos violentos no Rio para presídios federais já está acertada entre o Executivo fluminense e o Ministério da Justiça. “Não há limite da parte do governo federal quanto à transferência de presos. [Para] todos os presos que o governo do estado solicitar transferência para presídios federais, [os pedidos] serão atendidos”, afirmou.
Intervenção descartada

De acordo com o secretário, não está na pauta uma intervenção federal na segurança pública do estado. “Nesse momento, apostamos no SUSP [Sistema Único de Segurança Pública]. Apostamos no fortalecimento das relações interfederativas. Cada estado tem o seu papel. O policiamento ostensivo é responsabilidade do estado.”

Se o efetivo da Polícia Federal e o da Polícia Rodoviária Federal forem somados com a Força Nacional, o resultado daria praticamente a metade dos homens apenas da Polícia Militar do Rio de Janeiro. “Então, por isso, cabe aos estados o policiamento ostensivo. É assim que preconiza a Constituição, e a nossa aposta é no fortalecimento da relação interfederativa. O estado faz a sua parte, e o governo federal cuida das questões que lhe dizem respeito, principalmente a inteligência, o planejamento e a investigação da Polícia Federal, e a presença da Polícia Rodoviária Federal com apoio da Força Nacional nas rodovias.”

“Acreditamos no trabalho de inteligência para desbaratar essas organizações criminosas, essas facções, descapitalizando-as, seguindo o dinheiro e bloqueando os bens dessas organizações e fazendo apreensões de armas, como a que a Polícia Federal fez recentemente, em que 47 fuzis foram encontrados em uma mansão na Barra da Tijuca. Este é o trabalho [em] que a gente acredita, de inteligência e planejamento com a Polícia Federal”, afirmou.

Além disso, há um reforço no trabalho ostensivo com a vinda para o Rio de 250 agentes da Polícia Rodoviária Federal e 300 homens da Força Nacional, 86 viaturas no apoio das ações da PRF.  

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