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10/09/2023 às 07h10min - Atualizada em 10/09/2023 às 07h10min

Faz uma dieta pra mim?

Ludmila Pereira de Araujo Souza

   
“Faz uma dieta pra mim?” é uma das frases mais ouvidas por nós, nutricionistas, que tivemos nosso dia sendo comemorado no último 31 de agosto. Isso mesmo, foi o dia dessa profissional que aqui vos fala semanalmente sobre alimentação, saúde e nutrição.

É uma data da qual eu particularmente gosto e me orgulho muito e que me faz refletir bastante sobre a minha trajetória profissional e até pessoal. Esse ano foi a décima quinta vez que eu comemorei e ainda assim, revivo uma série de boas lembranças.

Lembro-me bem de quando eu “escolhi” fazer nutrição. E coloco entre aspas porque não foi uma escolha dos sonhos de adolescente e muito menos cheia de convicção. Foi uma decisão circunstancial e meio por acaso, no susto, como quem não queria nada. 

Naquele tempo, aos 17 anos, acredito que até pela minha pouca idade, eu não fazia ideia de como a nutrição impacta a vida das pessoas. Na verdade, arrisco a dizer também que por se tratar de uma profissão relativamente nova e em constante atualização, ninguém tinha noção da sua grandeza e de onde chegaríamos com essa ciência. 

A nutrição começou a surgir no período entre a primeira e a segunda guerra mundial. Os países percebiam que os soldados nas trincheiras que estavam bem alimentados, conseguiam lutar melhor.

Em 1926, o médico argentino Pedro Escudero criou o Instituto Nacional de Nutrição, tornando-se o iniciador da escola de nutrição da América Latina. Mas só em 1939 que o primeiro curso da área foi inaugurado no Brasil e somente em 1967 que tivemos a profissão de nutricionista regulamentada.

Então, como eu falei, é um trabalho formal que existe há pouco tempo. E nesse curto período, quando foi se tornando ainda mais conhecido, passamos outra longa temporada sendo conhecidos apenas como “emagrecedores” de pessoas ou mesmo, ignorantemente, como “cozinheiros de luxo”, ainda que uma coisa jamais tenha a ver com outra. Nutricionista não é cozinheiro e estamos muito longe da obrigatoriedade de saber cozinhar para nossa atuação. 

Ser nutricionista vai muito além de emagrecer pacientes, mesmo que sejamos sempre lembrados por isso e que boa parte do nosso trabalho, muitas vezes, gire em torno dessa necessidade. 

A nutrição tem inúmeras áreas de atuação e minha fala se estenderia bastante se eu fosse citar todas, mas uma coisa, eu garanto a você, caro leitor: nossa grande missão é levar saúde através da alimentação, é conduzir transformação e devolver qualidade de vida a quem depende do nosso trabalho. 

 

“Faz uma dieta pra mim?”

Aproveito a oportunidade para falar que, por lei, somos os únicos profissionais aptos e capacitados a prescrever dieta. Então, apesar do pedido muitas vezes simplório, ele está direcionado a quem de fato entende do assunto e de direito, pode atender.

No início desse texto, quando contei da minha escolha em cursar nutrição, falei da minha pouca – ou quase nada – convicção nessa tomada de decisão, além do desconhecimento de como esse trabalho melhora a vida das pessoas.

Ao longo de todos esses anos de formada, trabalhando todos os dias, oferecendo um atendimento empático e humanizando a quem me procura, estudando e amadurecendo, percebo que a escolha que fiz na minha adolescência, ainda que tão imatura, foi a maior e melhor que eu poderia ter. 

Amo ser nutricionista e sou apaixonada pela forma como meu trabalho impacta na vida das pessoas. Como diz minha mentora, “a nutrição salva o mundo”.  

Que sejamos muito além de prescritores de dietas. Que continuemos salvando o mundo através da boa alimentação.

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* Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri • Email: [email protected]
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