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29/08/2023 às 18h12min - Atualizada em 29/08/2023 às 18h15min

Jojo Todynho e a cirurgia bariátrica

Ludmila Pereira
  
Há algumas semanas, a cantora Jojo Todynho anunciou que havia feito uma cirurgia bariátrica. Tal procedimento, também conhecido como gastroplastia, foi escolhido pela artista visando à perda de peso, após algumas tentativas sem sucesso de emagrecer com outros tratamentos.

Desde que atingiu a fama, Jojo sempre chamou atenção por seu comportamento bem “quebra padrão” e altivo, inclusive em relação ao seu sobrepeso. Mas, independente da relação da cantora com o seu corpo, sabe-se que o excesso de peso vai muito além da estética. Falamos de saúde.

Agora, a propósito, por que escolher a cirurgia bariátrica como tratamento para obesidade?

Isso mesmo que você leu, caro leitor: tratamento. E não um milagre, tampouco fácil, como muitos pensam. 

Atualmente, como sempre venho falando por aqui, o excesso de peso corporal se tornou uma problemática crescente de saúde pública, bastante complexa de ser enfrentada. 

A OMS – Organização Mundial de Saúde – estima que em 2025, pelo menos 2,3 bilhões de pessoas estejam com sobrepeso, sendo 700 milhões com obesidade. 

Eu, como nutricionista que trata de pessoas com sobrepeso, sou testemunha de que o emagrecimento não é um processo fácil e linear de ser vivido. Muito pelo contrário. Chega a ser doloroso. São altos e baixos; ânimo e desânimo; alegria e tristeza; perda, estagnação e até ganho de peso em algum momento; além da necessidade de manter a disciplina quando a motivação já foi embora, sem deixar lembranças.
 
E a cirurgia bariátrica veio para auxiliar a perda de peso de pessoas que já fizeram inúmeras tentativas de emagrecer, como é o caso de Jojo Todynho, mas não conseguiram chegar ao seu objetivo. Até que se chega ao ponto de pesar os prós e contras da cirurgia e decidir por ela como recuperação da qualidade de vida, tendo em vista que muitos pacientes obesos já se encontram com outras doenças associadas ao excesso de peso, como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, esteatose hepática, entre tantas outras, aumentando inclusive, risco de infarto e AVC. 

Na gastroplastia acontece a redução do estomago, fazendo com que a capacidade de receber alimento seja menor e consequentemente, fazendo com o que o paciente se alimente menos. É importante enfatizar ainda que o processo de absorção dos nutrientes também é comprometido, contribuindo também, para que o paciente perca peso. 

Há uma série de critérios que devem ser analisados e avaliados juntamente com o médico para a tomada de decisão pela cirurgia bariátrica, como a idade, o IMC (Índice de Massa Corporal) e comorbidades. 

Do ponto de vista nutricional, preciso dizer que há algumas preocupações e cuidados que passarão a existir. 

A perda de peso é grande, bem como também, a perda de massa magra, e por isso, o suporte nutricional, em especial de proteínas, faz-se adequado. 

A partir da cirurgia, é necessário que se faça suplementação de vitaminas e minerais por toda a vida, já que a absorção de diversos nutrientes passa a ser diminuída, havendo assim carências nutricionais. Quando não realizada, o paciente tende a sentir fraqueza, fadiga, queda de cabelo e unhas fracas.

Como já disse e repito: a gastroplastia não é um milagre e não é a certeza de se manter magro para o resto da vida. É preciso que haja mudança de estilo de vida: alimentar-se melhor e praticar exercício físico.

É muito comum ver pacientes bariátricos com reganho de peso, principalmente, após os dois anos de cirurgia. E sem dúvida alguma, isso se deve à permanência de hábitos de vida inadequados. 
Sempre costumo dizer que não existe ex obeso. Existe obeso em eterno tratamento. 

Que a cirurgia bariátrica não seja a primeira opção, mas se escolhida, que seja com consciência e entendendo que a virada de chave para o emagrecimento está muito mais na nossa mente –que também precisa ser cuidada nesse processo – do que na redução do estomago. 
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* Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri • Email: [email protected]
 
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