MENU

27/07/2023 às 22h20min - Atualizada em 27/07/2023 às 22h30min

O PERDÃO COMO CAMINHO

Maria Helena Ventura
 
Segundo as interpretações bíblicas, desde Adão e Eva vivemos cometendo infrações e estamos imersos no erro. Para se chegar ao autoperdão, primeiro é preciso perceber que erramos. Daí, chega-se ao arrependimento, tornando-se imprescindível assumir as consequências através das providências cabíveis.

Quando se olha para trás e vê que a gente estava certa em ter praticado alguns erros (reconhecendo-os como verdadeiros), isso denota que nós não mudamos. Mas, reconhecendo que erramos, isso significa que mudamos. Evoluímos.

Quando somos nós os que sofremos uma ofensa, é muito comum o lamento: “Eu não consigo perdoar. Como fazer isso?” Os psicanalistas orientam: “É preciso ter foco” – ato de prestar atenção. “Foco é poder”.

Costumamos tratar o Perdão como uma coisa teórica. Ele é um comportamento; é uma experiência solitária. Faz-se preciso, adotar um hábito.

Dizem ainda os estudiosos do psiquismo que o Perdão desentulha todos os miasmas de que a mente, porventura, se tenha feito portadora. Ele irriga todos os canais do sistema nervoso que a invigilância se esqueceu de cuidar.

Se alguém não perdoa outrem, fica aprisionado a essa pessoa, retendo acúmulo de energias ruins, e gerando moléculas que agridem o sistema imunológico – provocando enfermidades. Durante muito tempo, o Perdão foi uma proposta evangélica da Teologia. Fazia parte das doutrinas e das virtudes teologais. Hoje, o Perdão é terapêutico. É um ato de inteligência, a prática do Perdão.

O Perdão dos Judeus

O Yom Kippur – o dia do Perdão – é comemorado como a festividade mais sagrada do calendário Judeu. Nesse dia, o adepto do judaísmo permanece 25 horas em jejum sem comer, beber, tomar banho, usar perfumes e sem relações conjugais. É o único dia do ano em que tudo para. A rádio fica silenciosa. O aeroporto desativado. O comércio fechado. As vestimentas brancas, nesse dia. Os calçados tipo tênis, não sendo permitido nada feito de couro. Os homens, vestidos de terno e calçando havaianas. Não pode usar nada que dependa da energia elétrica. Comparecem às atividades religiosas a pé. Carros na rua, somente em casos de urgência. É o dia em que as sinagogas ficam lotadas. Fazem votos de mudança de comportamento; visitam os pobres. O objetivo não é fazer sacrifícios. É focar a atenção em Deus e, na oração, pedir Perdão a Ele e aos que foram ofendidos.

Razão tinha Jesus em nos aconselhar a reconciliação depressa com nossos adversários, enquanto estivéssemos a caminho com eles. Quis nos dizer assim, que ninguém pode ir a Deus com um sentimento de ódio no coração. E para que a lição ficasse mais precisa, advertiu que deveríamos perdoar setenta vezes sete vezes, cada ofensa, ou seja, quantas vezes elas forem feitas.

 Interessante que nós temos o hábito de dizer: “Já perdoei fulano tantas vezes, que, agora, já chega!” esquecendo assim, que o mérito do Perdão é proporcional à gravidade do mal.

Convém lembrar que no dia inesquecível do Calvário, em frente dos seus perseguidores e verdugos, revelando aos homens ser indispensável a imediata conciliação entre o Espírito e a harmonia da vida, pronunciou as suas últimas palavras:

 

“PAI, PERDOA-LHES PORQUE ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM”.
PERDOAR É O SEGREDO SUBLIME DO TRIUNFO, NA SUBIDA PARA DEUS.
PENSEMOS NISSO.

 
_______________________________________________________________
Maria Helena Ventura é membro da AIL – Academia Imperatrizense de Letras.
 
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »