E mais uma vez, surge polêmica envolvendo o uso dos adoçantes. E a bola da vez é com o popular aspartame.
Bastante utilizado desde a década de 80, o aspartame é o queridinho da indústria alimentícia para melhorar o sabor de alimentos diet e/ou zero açúcar como balas, doces e refrigerantes.
Acontece que ele acaba de ser classificado como “possivelmente cancerígeno” pela Iarc – Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer –, ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS).
A qualificação advém de uma revisão de 1300 pesquisas sobre o produto e deverá ser chancelada no próximo dia 14, quando um comitê misto da OMS e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) publicará um novo parecer sobre aditivos alimentares.
Considerado seguro desde 1981, sendo aprovado por mais de 90 agências de segurança alimentar, o aspartame, assim como todos os substitutos do açúcar, são constantemente colocados à prova sobre a confiança de seu consumo, mesmo já tendo seus limites diários estabelecidos há bastante tempo. Não faz muito tempo, inclusive, que falei sobre isso aqui, em mais um debate envolvendo o uso de adoçantes.
A meu ver, uma crítica que pode ser dada a essa reclassificação está no fato de que é muito difícil de se afirmar que o uso contínuo de uma substância isolada na dieta pode elevar risco de tumores. Não há nem dados que tornem isso um consenso científico.
Na verdade, o que conseguimos observar e que está cada vez mais claro é a relação entre o consumo freqüente de ultraprocessados e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. Mas obviamente, é preciso levar em consideração que o surgimento de qualquer doença envolve uma série de fatores, como histórico pessoal e familiar, além da exposição a vários agentes ambientais . Apesar de discordar da decisão tomada pela OMS, acredito muito que ela sirva para fomentar ainda mais pesquisas, a fim de avaliar potenciais perigos, com base em todas as evidências científicas publicadas.
É importante lembrar que, no Brasil, a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – segue o consenso entre os mais diversos comitês internacionais que considera o aspartame seguro. E agora? Aspartame: saudável ou ilusão? Acompanhemos o destrinchar dessa saga dos adoçantes. __________________________________________________________________________________________________ * Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais Instagram: @ludmilapasouza.nutri • Email: [email protected]
