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05/07/2023 às 18h37min - Atualizada em 05/07/2023 às 18h37min

Vamos cuidar desse fígado?

Ludmila Pereira de Araujo Souza
Praticamente toda semana, quando escrevo essa coluna, cito diversas doenças advindas do sobrepeso e/ou da má alimentação. Aproveito algum assunto que está em evidência na mídia e redes sociais, que eventualmente tenha acometido alguma figura pública ou que tenha surgido estudo novo a respeito de determinado tema e que julgo interessante explorar e trazer para você, caro leitor. 

Porém, parei para observar que, apesar de constantemente falar de um assunto que está sim bastante em alta na vida das pessoas, eu nunca o trouxe como tema de destaque. 
Estou me referindo à esteatose hepática, a famosa “gordura no fígado”.
 
Recentemente, fiz um curso e o professor, em tom de brincadeira, disse que nutricionista que não está cuidando de paciente com fígado gorduroso na sua prática clínica, é porque está de férias. Infelizmente, é a nossa triste realidade. 

Epidemiologicamente falando, a esteatose hepática tem uma prevalência mundial populacional estimada em 6 a 35%, com base em biópsias hepáticas. No Brasil, estima-se que 20 a 30% da população adulta tenha algum grau da doença. 

Hoje, com os hábitos alimentares modernos, riquíssimos em industrializados – e consequentemente, cheio de açúcar e de gorduras –, e pobre em frutas, verduras e legumes, a esteatose hepática, como já dito, está em uma constante crescente.

As causas mais comuns são a obesidade, diabetes e pré-diabetes (resistência à insulina), além do alcoolismo e do uso de drogas. 

O fígado é responsável por metabolizar nutrientes, toxinas e substâncias medicamentosas. É ele quem faz a faxina no nosso organismo e por isso é tão importante mantê-lo saudável. 

Quando a alimentação está inadequada, principalmente com alto consumo de carboidratos, o fígado passa a não conseguir metabolizar adequadamente e esse excesso de açúcar passa a se infiltrar no fígado na forma de gordura.

E, na minha opinião, o que torna a esteatose hepática ainda mais traiçoeira é o fato de que ela, muitas vezes, mesmo em estágio avançado, não gera grandes sintomas. Eventualmente, o paciente pode ter alguma leve dor na região abdominal, fadiga, mal estar, mas que tranquilamente passam despercebidos e sem desconfiança do que possa estar acontecendo e assim, simplesmente, vão levando a vida. E acaba que muitas pessoas só descobrem quando decidem fazer exames de rotina.

Apesar de ignorado por muitos justamente por não causar sinais tão incômodos, a esteatose hepática pode evoluir para cirrose, levando, inclusive, o indivíduo a óbito. 

A boa notícia é que a gordura no fígado tem cura e o seu tratamento é aquela “velha receita de bolo” que eu venho dando aqui: estilo de vida saudável. Ou seja, manutenção de peso adequado; alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e legumes, e pobre em açúcares e gorduras; baixo ou nenhum consumo de álcool; além do uso consciente de medicamentos. 

Vamos cuidar desse fígado?

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* Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri • Email: [email protected]
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