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30/06/2023 às 22h57min - Atualizada em 30/06/2023 às 22h57min

AFETO PARA O FETO

Maria Helena Ventura
Nos últimos 30 anos, percorri os corredores silenciosos dos Hospitais e Postos de Saúde de nossa cidade, cujo silêncio era quebrado vez em quando por gemidos e lamentos, mas também, muitas vezes, por queixumes de dor acompanhados de impropérios por não aceitação de suas enfermidades.

Por meio de apuradas observações nas estatísticas hospitalares, pude perceber que após a passagem de certos períodos festivos, como por exemplo, o carnaval, exposições agropecuárias, shows musicais e outras festividades, o aumento do número de casos de mulheres que haviam provocado o aborto, era alarmante. Geralmente, a gestante procura atendimento hospitalar para fazer uma curetagem somente após haver provocado ilegalmente o aborto, com o auxílio de terceiros.

Algumas religiões ensinam que o espírito imortal, criado por Deus, somente liga-se ao feto, a partir do terceiro mês de gestação. Países há que permitem o aborto até o sexto mês de gravidez. Entretanto, estudos científicos comprovam que o Espírito liga-se ao embrião já desde o momento em que o espermatozoide se junta ao óvulo, na fecundação. Isso está demonstrado através da “Regressão de Memória” feita cientificamente, através da Hipnose, por médicos e/ou psicólogos (com especialização e autorização prevista em Lei). Desta maneira, em qualquer época da gestação, constitui-se um desrespeito ao ser, em processo de formação do corpo, provido já da parte espiritual.

Para as mulheres que alegam poder fazer o que querem com o seu corpo, há de se levar em conta que o feto não faz parte do corpo materno. Ele tem o seu coração, o seu fígado e todos os demais órgãos do corpo humano.  É um ser independente, embora o seu invólucro material esteja aninhado temporariamente, em um ventre materno. A mente maternal e paternal sabe que o ato sexual pode favorecer a construção de um novo corpo físico, permitindo a atração de um Espírito criado por Deus que, muitas vezes já foi determinado por Ele, para aquele corpo. Assim, a responsabilidade pelas consequências deve ser abraçada pelo casal.

Por essas razões, o aborto se constitui em um crime contra um indefeso. Ali está um ser humano sendo assassinado. Se o motivo é econômico, após o nascimento doe-o para alguém obedecendo a jurisdição competente. Se for outro motivo, tenhamos o mesmo procedimento. Podemos vacilar na hora da entrega, ao percebermos que aqueles olhinhos nos fitam cheios de gratidão por lhe termos proporcionado o maior dos direitos de uma pessoa, que é o de viver. Quem sabe, mais tarde, por ironia do destino, não estará esse ser retribuindo-nos a oportunidade que lhe demos de crescer? De salvar nossa vida, quem sabe?

“Não posso perder o meu cargo na Empresa”. “Não admito deformar o meu corpo”. “Estou em situação de vulnerabilidade social”. Nada justifica. Na Visão Espiritual, nem mesmo o estupro. Não foi a criança quem cometeu o crime. Por que tem de pagar? Nem, também, porque nascerá anencéfalo. Quando vem com anomalias precisam, mais do que nunca, do afeto. Quando morrem deixam no corpo físico as suas deformações e o espírito então, liberto de enfermidades, alça voo rumo ao Lar Celeste. Ainda na visão espírita, o aborto só se justifica quando a vida da mãe corre perigo.       

Calcula-se que 70% dos brasileiros são contra o aborto. Entretanto, há 6 anos foram registrados 850 mil casos de abortos no Brasil. Festas, momentos de lazer, sempre existirão. E deverão sempre existir. Mas o autoamor nos solicita vigilância nas decisões. Temos o livre arbítrio para fazemos o que quisermos. Mas a colheita do que plantamos é obrigatória.  

Podemos nos livrar de um arrependimento por termos praticado um aborto. Como? - Adotando uma criança, não necessariamente na nossa casa, mas ajudando-a na aquisição de material escolar ou proporcionando-lhe uma visita nas modernamente chamadas “Casas de Acolhimento Institucionais para Crianças e Adolescentes” (antigos orfanatos). Oportuno relembrar a frase de Chico Xavier:

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”
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Maria Helena Ventura é membro da AIL – Academia Imperatrizense de Letras.
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