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23/06/2023 às 22h17min - Atualizada em 23/06/2023 às 22h17min

PEDRO, O DIAMANTE LAPIDADO

(29 de junho dia de São Pedro)

Maria Helena Ventura
 
O que leva os pesquisadores a escreverem sobre Pedro, o apóstolo, é a tentativa de compreender a dimensão humana e espiritual deste dileto cooperador de Jesus, em sua transformação moral. Segundo René Laurentin, há 150 referências ao nome Pedro, no Novo Testamento. E só por isso, já se começa a dimensionar a sua importância compartilhando da história.

Caminhando pela praia do Mar da Galileia Jesus viu Simão e seu irmão André, lançando suas redes ao mar. Jesus dirigiu-se a eles dizendo: “Vinde em minha companhia e Eu vos tornarei pescadores de homens”. E naquele mesmo instante eles abandonaram as suas redes e seguiram Jesus. Ao chamar Simão de Cefas – que significa rocha, pedra – o Nazareno sinalizava para a força de sua personalidade e também a importância que ele teria no edifício de renovação da Terra, que se iniciava ali. Como é que um estranho nomeia outro assim, sem o conhecer, e o outro obedecer de pronto? Fica, nesse exemplo, evidenciado o magnetismo indescritível que Jesus era portador.  

Pedro, era filho de um certo Bar Jonas, natural de Betsaida, localidade próxima ao lago de Genesaré – também chamado de Tiberíades. Sabemos que era casado, porque o Evangelho fala na cura de sua sogra. E a lenda relata que ele teria um filho adotivo.

Apesar de Jesus ter se referido a Pedro como uma rocha (na fé), profetizou-lhe um momento de fraqueza, afirmando que ele iria negá-LO três vezes. Após a terceira negação - para escapar à sanha dos inimigos d’Ele -, Jesus o fitou de longe e, nesse instante, Pedro chorou amargamente. Muitos são os cristãos modernos que continuam negando Jesus sem, contudo, se recuperarem como fez o pescador.

Pedro tinha um temperamento intempestivo: Quando Jesus é preso por Malco, o apóstolo lançando mão de uma espada, decepa a orelha direita desse soldado. Jesus recoloca a orelha e repreende Pedro dizendo-lhe: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, fazendo alusão à Lei Divina de Ação e Reação – que revela a desnecessidade de vinganças e violências. Em outra ocasião, uma mulher hemorroíssa, que sangrava há 12 anos, aproximou-se de Jesus e este, ao perguntar quem lhe tocou nas vestes, Pedro, apressadamente, responde: “Senhor, a multidão lhe comprime, como vou saber quem lhe tocou?”. Além disso, Pedro foi o único apóstolo que se recusou a ter os pés lavados por Jesus sendo que o Mestre o convenceu dizendo: “Só assim terás parte comigo”. Pedro gozava de plena intimidade com Jesus, a ponto de a Ele apresentar-se como era, sem rebuços.

Não obstante, nas ocasiões especiais, Pedro é sempre convidado a acompanhá-LO juntamente com os irmãos Tiago e João. Exemplo disso temos o caso da “Ressureição de Talita”, filha de Jairo, assim como da “Última Oração do Horto” e da “Transfiguração de Jesus”, no Monte Tabor, quando o Mestre conversou com os espíritos de Moises e Elias.

Inumeráveis foram os feitos extraordinários de Pedro. Logo após a ressureição de Jesus, Pedro fundou a “Casa do Caminho”, onde eram alojados e tratados os enfermos resgatados pelas estradas.  

Em plena proibição do Imperador Nero – de se reunirem em Roma, os cristãos, em nome de Jesus, Pedro, aos 80 anos, foi preso no cemitério pregando o Evangelho. Quando foi retirado da prisão para o martírio, fez todo o caminho orando e pedindo a Jesus que enviasse trabalhadores jovens, para darem continuidade à divulgação do Cristianismo. Foi colocado numa cruz de madeira   que, a seu pedido, foi virada de cabeça para baixo, após o mesmo ter afirmado não ser digno de morrer como o Mestre.

  Muito poderíamos relatar da vida de Simão Pedro. Amélia Rodrigues, em Luz do Mundo (1981) registra que “Um dia Pedro falava a uma multidão três mil pessoas. A palavra emocionada e musical penetrava as almas em expectação e ele se agiganta na multidão, nimbado de desconhecida luz”.

O questionador contumaz deixara de ser o pescador para ser o orador eloquente.  Se a sua sombra curava, a sua palavra salvava.
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Maria Helena Ventura é membro da AIL – Academia Imperatrizense de Letras.
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