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19/06/2023 às 16h54min - Atualizada em 19/06/2023 às 16h54min

Projeto do Campus Monte Castelo do IFMA propõe descolonizar o pensamento literário

Iniciativa do Departamento Acadêmico de Letras envolveu estudantes na produção de feituras poéticas, apresentadas durante o evento

Assessoria IFMA
Foto: Divulgação
 
Visando ao fortalecimento do processo de ensino e aprendizagem no Instituto Federal do Maranhão (IFMA), o projeto “Batalha por um futuro ancestral” vem sendo desenvolvido por professores do Departamento Acadêmico de Letras (DAL) do Campus Monte Castelo (São Luís) no decorrer do primeiro semestre letivo de 2023. No dia 20 de junho (terça-feira), das 08h às 17h, no Auditório Florise Pérola, os estudantes apresentarão o resultado das atividades através de feituras poéticas, com composições visuais, narrativas épicas, poemas cantados, e espetáculos musicais. A abertura do evento terá a presença virtual de Daniel Munduruku, escritor, professor e ativista indígena brasileiro.

De acordo com o professor Augusto Ângelo Araújo, que coordena a iniciativa ao lado das também docentes Danielle Ferreira e Gisele Gonsioroski, esse processo de ensino e aprendizagem se sustenta na ideia de descolonização do pensamento literário. Dessa forma, o projeto contribui para a compreensão de que ampliar as cosmologias com quais o poético é lido, concebido e feito constitui uma atitude política, no sentido da construção de alteridades. “Propomos a problematização em torno da historiografia literária que toma a invasão dos portugueses em nosso território como marco inicial da literatura brasileira”, disse o coordenador. Para tanto, a proposta levou os estudantes a pensarem as epistemologias dos povos originários e seus saberes ancestrais, com o fim de superar a dicotomia entre linguagem literária e linguagem não-literária, entendendo que as noções de tempo e de espaço na narrativa precisam ser vistas por outras matrizes cognitivas.

No decorrer do semestre, ocorreram visitas técnicas e palestras com convidados a fim de ampliar a discussão sobre o tema. As turmas realizaram a leitura de griôs indígenas, que são guardiões da memória da história oral de um povo ou comunidade. Um dos griôs foi Ailton Krenak, que propõe o pensamento de um “futuro ancestral”. Outra atividade foi o estudo de algumas etnias indígenas localizadas no território brasileiro. Cada turma se dedicou a aprofundar a cosmologia de uma etnia e criou formas poéticas de apresenta-la, seja por composições visuais, narrativas épicas, poemas cantados, ou espetáculos musicais. Segundo Augusto Araújo, os alunos também leram as escolas literárias produzidas no Brasil no período colonial, do Quinhentismo ao Arcadismo, a fim de fugir do perigo da “história única”, na concepção de Chimanda Adichie, escritora feminista nigeriana.

O coordenador informou que toda a produção do projeto tem como referência a década dos povos originários e a discussão que coloca em evidência o despropósito do marco temporal, tese jurídica segundo a qual os povos indígenas têm direito de ocupar apenas as terras que ocupavam ou já disputavam em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição brasileira. O projeto de lei (PL 490/2007) que trata do marco temporal teve aprovação pela Câmara dos Deputados em 30 de maio, e passa a tramitar no Senado Federal como  PL 2.903/2023. A matéria é também pauta de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Na apresentação do dia 20 de junho, as feituras poéticas dos estudantes apresentam uma batalha metafórica em busca do direto à memória e as formas-palavra, constando ainda da programação participações musicais da cantora maranhense Luciana Pinheiro e da poeta e slam Debs Poeta, homenagem aos povos Yanomami e honraria a Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas.

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