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14/04/2023 às 22h38min - Atualizada em 14/04/2023 às 22h38min

Revolução Silenciosa

Maria Helena Ventura
 
A forma acelerada como o conhecimento e a aceitação da realidade do mundo espiritual vem se revelando de maneira natural, constitui uma verdadeira revolução branca na maneira de entender a vida.

Nunca, como nos últimos tempos, surgiram tantas novelas, filmes, reportagens e livros em que os princípios defendidos pelo Espiritismo aparecem com clareza e arte, como é o caso dos filmes: “Ghost, do outro lado da vida” - sucesso de bilheteria em todo o mundo – “Nosso Lar”, “Minha Vida na Outra Vida” bem como a novela “A Viagem”, só para citar alguns. É que o homem chegou a um ponto da Cultura em que os próprios conhecimentos científicos o levam a compreender que, decididamente, a vida não pode ser explicada restringindo-se a um curto espaço berço-túmulo. Tem de haver algo antes, justificando as diferenças de agora. Impossível não haja nada depois, perdendo-se, inapelavelmente, o patrimônio extraordinário dos sonhos, sentimentos e experiências.  

A comunicação dos espíritos com os homens começou, praticamente, com o aparecimento da espécie humana. Na Bíblia há inúmeros relatos de comunicação entre os espíritos e os homens, tanto de espíritos imperfeitos e voltados para o mal, quanto de espíritos bons. No capítulo 28 de I Samuel, há o relato da conversa entre Saul e Samuel (este já morto), através da pitonisa médium (qualidade da pessoa que serve como intermediário entre o mundo espiritual e os homens) de Endor. Mateus relata também, no capítulo 17, a conversa de Jesus com Moisés (este em espírito) no monte Tabor.

As citações acimam são alguns dos múltiplos exemplos de que a comunicação entre os espíritos e os homens estão apoiadas na Bíblia; não começaram com o Espiritismo. O que esta doutrina fez foi estudar a mediunidade, o seu mecanismo e os diversos fatores que influenciam na sua prática.

A crença na imortalidade da alma e nas comunicações entre os vivos e os mortos eram um fato aceito por todas as civilizações antigas. No mundo ocidental ela sofreu as limitações decorrentes do radicalismo e da intransigência religiosa, o que implicou o recrudescimento do materialismo.

A deusa razão, que fora entronizada em Notre Dame, por exemplo, no fim do século XVIII, cedeu lugar ao anarquismo e simultaneamente ao autoritarismo de alguns cientistas e pensadores do século XIX, mantendo o aturdimento nas massas humanas nos seus diferentes segmentos sociais, nem sempre esclarecidas e bem orientadas.

Foi nesse báratro que surgiu O Livro dos Espíritos no dia 18 de abril de 1857, como débil claridade na imensidão das sombras. Esse livro, baseado nas revelações ao longo dos tempos pelos Espíritos Superiores, através de médiuns, foram organizadas por Allan Kardec (pseudônimo do célebre pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, autor de várias obras escritas em diferentes idiomas, algumas delas adotadas pela Academia Francesa de Letras) e pesquisadores que compunham a sua equipe.

Todo o conteúdo filosófico obtido através de psicografias (escritas feitas por médiuns, ditadas por espíritos) obtidas por contribuições vindas do mundo inteiro e após passarem pelo crivo da razão, foram reunidas em 1019 perguntas feitas por Kardec, cujas repostas, dadas pelos Espíritos luminares, deram origem ao “O livro dos Espíritos”. Desta maneira estava pronto o alicerce da Doutrina Espírita. O grande edifício viria a se completar, então, nas demais obras, ao todo cinco livros, que compõem a Codificação do Espiritismo: “O livro dos Médiuns” (analisando a mediunidade), “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (Interpretação dos ensinos de Jesus contidos no Novo Testamento da Bíblia), “O Céu e o Inferno” e “A Gênese”.

Uma das conclusões importantes a que chegou o Espiritismo é a de que a mediunidade só deve ser praticada visando o bem do ser humano e dos espíritos. Nunca deve ser utilizada para atender a interesses de ordem material. Somente aos de ordem espiritual e moral. Esta conclusão está de acordo com o que nos ensina Paulo: “A manifestação do espírito é concedida a cada um visando um fim proveitoso”. (I Coríntios, 12:7). No Brasil, mais do que em qualquer outro lugar, evangelizar é a tarefa principal do Espiritismo.

Atualmente, quando o conhecimento atingiu patamares jamais supostos de existir, facultando as comunicações virtuais, as cirurgias com transplantes de órgãos , a implantação células-tronco trabalhando pelo milagre da vida, as técnicas de regressão a existências passadas, a convivência com as micropartículas e com a biologia molecular, com o genoma humano  decodificado, penetrando-se na intimidade do DNA e nas suas estruturas,  O Livro dos Espíritos permanece atual, oferecendo informações de alto significado aos seus pesquisadores. Resistindo a mais de um século e meio de evolução cultural, filosófica, cientifica e tecnológica, continua sendo a mais completa síntese de informações contemporâneas de que se tem notícia.

Pelos milhões de vidas que vem iluminando e libertando do suicídio, da loucura, das aflições, saudamos o Livro dos Espíritos pelos seus 166 anos, fundamento, por excelência, da Nova Era, que consagrou em definitivo a aliança entre a Ciência e Religião.

Maria Helena Ventura - Membro da AIL – Academia Imperatrizense de Letras
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