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27/01/2023 às 22h08min - Atualizada em 27/01/2023 às 22h08min

Souza Lima, o primeiro escritor de Imperatriz

Elson Araújo
 
Souza Lima é nome de rua em Imperatriz. A rua não é grande. Começa na beirada da Floriano Peixoto, na Nova Imperatriz, e desemboca na Leôncio Pires Dourado, que por sua vez, acaba no “beiço” da BR-010. Num rápido voo mental panorâmico percebe-se que a rua não é tão grande, como é a Ceará, mas a extensão é suficiente para imortalizar o nome desse importante vulto da literatura maranhense, agora sem nenhuma dúvida histórica, nascido em Imperatriz em 1889, mais precisamente no dia 15 de agosto. Ele também aformoseia com seu nome, uma escola municipal, na Vilinha.

Quando se fala em ausência de dúvida quanto ao local de nascimento de Manoel de Souza Lima, é porque havia uma saudável discussão entre acadêmicos quanto ao local do nascimento do escritor. Para uns, como o poeta Ribamar Silva, ele apenas morou na cidade, mas sua terra natal era Grajaú. Para outros, como o romancista Agostinho Noleto, o autor é um legítimo filho de Imperatriz.

Desse debate, aparentemente simples, surgiu no seio da Academia Imperatrizense de Letras um verdadeiro “especialista em Souza Lima”, o próprio Ribamar Silva, que tomou como missão literária conhecer (pesquisar) toda a obra deixada pelo patrono da cadeira 01 da Academia Imperatrizense de Letras (AIL), hoje ocupada pelo jornalista Jucelino Pereira, mas sempre acreditando ter nascido o escritor em Grajaú.

Dessa vez, a curiosidade não matou o gato, mas fez vir a lume o fim da dúvida. No final do ano passado Sérgio Saboia Lima, neto de Souza Lima, sabedor da existência dessa dúvida, fez chegar às mãos do poeta Ribamar Silva um rascunho esferográfico do próprio Souza Lima onde ele faz alguns apontamentos quanto à data, e o local do seu nascimento, ocorrido realmente em Imperatriz (MA), a data do seu casamento, em Boa Vista do Tocantins, Estado de Goiás, em 26 de maio de 1917, e os nomes de todos seus filhos. Boa Vista é a hoje cidade de Tocantinópolis (TO)

Com o rascunho, recebido com efusividade pelo acadêmico pesquisador, findou-se a celeuma acadêmica, mas não o interesse dele pelo patrono da Cadeira 01 da AIL. Tanto, que na próxima quinta-feira na reabertura dos trabalhos da Academia Imperatrizense de Letras, Ribamar Silva fará uma palestra/apresentação sobre a vida e obra de Manoel de Souza Lima, o primeiro filho de Imperatriz a tonar-se escritor e a escrever um livro.

Manoel de Souza Lima, ainda muito moço, trocou Imperatriz por Boa Vista. Também estudou em São Luís. Fez curso de prático em farmácia na capital, mas fez mesmo carreira foi de professor, não deixando de lado, entretanto, seu lado de escritor.

Mesmo não tendo alcançado a fama dos grandes escritores nacionais, Souza Lima deixou um vasto acervo literário com obras que, se fossem avaliadas por especialistas em literatura brasileira, seriam colocadas no panteão das grandes obras nacionais. Não seria nenhum abuso chamá-lo de o "José de Alencar do Maranhão”. Quem leu "Iracema", do autor cearense, e depois mergulhar na leitura de "O Tupinambá", publicado na década de 1930 pelo maranhense, é fatalmente conduzido a fazer a essa comparação.

No início desta semana, ao conversar com o confrade Ribamar Silva, ele, todo orgulhoso, me disse que "O Tupinambá" é apenas uma das muitas obras deixadas por Souza Lima, que inclusive com o apoio da Academia Imperatrizense de Letras e possíveis patrocinadores, pretende reeditá-las para que as novas gerações de escritores conheçam aquele que foi um dos grandes nomes da literatura maranhense da sua época, com o orgulho de ter nascido em Imperatriz.

“Meu confrade, leia 'Sete Lagoas' e depois a gente volta a conversar”. "Sete Lagoas ou Igapó Seié", na avaliação de Ribamar Silva, é outra obra-prima do imperatrizense Manoel de Souza Lima.
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