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23/01/2023 às 21h50min - Atualizada em 23/01/2023 às 21h50min

A injeção milagrosa da magreza: existe?

Ludmila Pereira de Araujo Souza *
Recentemente, a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – aprovou a semaglutida para tratamento da obesidade. Com nome comercial de Ozempic, esse medicamento já está no mercado para tratar a diabetes melitus tipo 2 e vem sendo utilizado também objetivando o combate ao excesso de peso.

A semaglutida inibe de maneira considerável o apetite e retarda o esvaziamento gástrico. Ou seja, gera saciedade por mais tempo. Dessa forma, quem faz uso da medicação tende a consumir bem menos calorias, além de ficar um período maior em jejum, então, consequentemente, perde peso rapidamente.

Conforme informação do fabricante, o medicamento tem condições de auxiliar na redução de até 17% do peso corporal.

Lendo assim, tenho certeza de que você, caro leitor, pensou que finalmente temos a solução para todos os problemas do indivíduo com sobrepeso, não é?! Mas quero falar que não é bem assim e que o processo não acontece num passe de mágica, como se fosse usada uma varinha de condão.

O indivíduo tem seu apetite drasticamente diminuído quando está sob efeito da medicação. Para que fique bem claro, repetirei: quando está sob efeito da medicação.

O problema é que quando é cessado o uso do medicamento, mas não tem acontecido uma mudança comportamental, as pessoas tendem a retomar os seus hábitos alimentares habituais e logicamente, acabam recuperando o peso perdido. Às vezes, ganham até mais.

Outro ponto negativo também são os efeitos colaterais apresentados pela grande maioria dos usuários: dores de cabeça, azia, enjôos, náuseas e vômitos, diarréia ou constipação e gases. Costumam ser passageiros, mas muitos pacientes realmente não se adaptam bem e sofrem bastante durante todo o tempo do uso da medicação.

Outra questão ainda a se destacar é para o cuidado nutricional que precisa acontecer durante o período de tratamento com a semaglutida.

Devido ao baixo consumo alimentar, pode acontecer a deficiência de fibras, vitaminas e minerais, além de alteração da microbiota intestinal, enfraquecimento do sistema imunológico e perda de massa muscular.

Infelizmente, muitas pessoas ignoram essa atenção e o resultado, como já mencionado, não é o mais satisfatório.

É essencial que haja um planejamento alimentar focando na qualidade nutricional. E isso desde o início do tratamento até o desmame total da medicação.

Eu não sou contra o uso do medicamento para auxiliar a perda de peso, mas a minha fala sempre é a mesma quando me refiro ao processo: é preciso que haja mudança de estilo de vida.

Alimentação adequada, sono de qualidade e atividade física. Ou seja, hábitos de vida saudáveis. Esses são e sempre serão a verdadeira chave do sucesso no processo de emagrecimento.

 
A injeção milagrosa da magreza: existe? Não mesmo.
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 * Ludmila Pereira de Araujo Souza   é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri - Email: [email protected]

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