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05/12/2022 às 18h24min - Atualizada em 05/12/2022 às 18h24min

“Como está o seu cocô?”

Ludmila Pereira de Araujo Souza *
Como está o seu cocô? Que pergunta um tanto estranha não é mesmo?! Concordo sim que ela parece constrangedora, causa algum desconforto de ouvir e obviamente de responder, gera um certo rubor na face e, geralmente, vem com uma resposta “curta e grossa”. Porém, ela é extremamente necessária na avaliação do quadro clínico do paciente e nos diz bastante sobre como anda sua saúde intestinal e global.
 
Semana passada, trouxe a essa coluna a importância do nosso intestino de maneira muito além dos processos de digestão e absorção dos nutrientes. Falei inclusive que ele é considerado como segundo cérebro, tamanha é a sua relevância para o corpo humano.
 
Pois bem, dito isso, gostaria de trazer a você, caríssimo leitor, a razão pela qual essa pergunta sobre as fezes diz tanto sobre saúde das pessoas.
 
É muito comum, nos dias de hoje, ouvirmos as pessoas reclamarem que sofrem de constipação – popularmente falam também que tem o “intestino preso”. Essa queixa é bastante recorrente e já vem acompanhado de uma aspirante solução que falhou: “Dra, eu como mamão, ameixa e mesmo assim, fico dias sem ir ao banheiro.” Como se esses dois alimentos fossem a fórmula mágica para resolver o problema. E não é. Tudo é contexto!
 
As fezes e o seu formato são um retrato de como anda a nossa saúde, em especial a alimentação, que, atualmente, apesar de toda informação que nos cerca, tem sido muito ruim.
 
Em um quadro de constipação, as fezes se apresentam duras, às vezes com “caroços” soltos – também chamado de cápricas –, com dificuldade de evacuação tanto no ato de expelir, causando dor e desconforto, como ainda levando dias e até semanas para conseguir defecar.
 
A alimentação do indivíduo que sofre de constipação costuma ser pobre em fibras – que são presentes nas frutas, verduras, legumes e cereais integrais – , além da baixa ingestão de água e do consumo excessivo de carne vermelha, gorduras saturadas e carboidratos refinados, como açúcar e farinhas brancas.
 
Trata-se ainda de indivíduos que, muitas vezes, sofrem de intolerâncias e alergias alimentares, mas que simplesmente as desconhecem. Naturalizam a dificuldade de evacuar, os gases extremamente fétidos, a distensão abdominal, a azia, a fadiga, o cansaço e uma série de sintomas que causam mal-estar geral e que vão muito além de incômodos gastrointestinais. Tudo isso é resultado de um desequilíbrio intestinal.  Portanto, tão importante quanto o que se põe no prato, é o que se deixa no vaso sanitário.

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* Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri - Email: [email protected]
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