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29/07/2022 às 23h36min - Atualizada em 29/07/2022 às 23h36min

“Professor universo”

Elson Araújo
 
Somos parte de um todo, e não podemos fugir disso. Estamos nós, todos os seres do universo, de alguma forma conectados uns aos outros. Seja a uma planta dentro de casa, a uma árvore no fundo do quintal ou na praça da cidade; a um pequeno, ou grade animal, a uma pedra, a uma nascente, riacho, rio ou mar. Não importa, somos filhos da Terra, somos todos um. Estamos irmanados.

Por conta dessa “fraternidade inata universal” não é difícil aprender uns com os outros. Ouso dizer que aprendemos tanto com as pedras, na terra, quanto com as estrelas no céu.
Experimente direcionar a atenção, mesmo por poucos instantes, para alguns desses “irmãos”. Pode ser para uma planta, a Lua, um copo d´água, mesmo aquela água que sai da torneira ou do chuveiro; um caroço de feijão, uma semente qualquer, e você certamente, com um pouco de paciência, pode se surpreender com o que é possível aprender e a apreender.

Gosto de escrever e de descobrir coisas novas. Tem sido assim desde a infância. Muito do que escrevo vem, ou surge desses momentos de contemplação. É impossível não aprender alguma coisa, ou não escrever algo quando se observa os demais integrantes, como nós humanos, da natureza.  

Que ensinamentos mágicos pode se obter a partir de uma simples observação! Só como exemplo, cito o camaleão, e seus parentes os lagartos, tão abundantes ainda por aqui em nossa região. Já observaram que no menor sinal de perigo eles param, levanta a cabeça, olham para o lado para o outro, e só quando se sentem seguros é que seguem em frente? Uma beleza de ensinamento.

Os camelões não são diferentes das formigas. Dia desses, na varanda da minha casa, observei o vai e vem e umas formigas em procissão. Muito já se escreveu sobre o comportamento desse pequeno inseto, mas surpreende o fato de toda vez que uma cruza com a outra, aquela paradinha para uma espécie de cumprimento. Só depois disso é que elas seguem com o trabalho. Uma grande lição para os humanos que a cada dia, mais embrutecidos, ignoram os outros.

Já tive a oportunidade de abordar esse assunto numa antiga crônica sobre “os bichos professores”, mas como disse logo no início do texto não são somente os bichos, ou os irracionais como queiram, que nos ensinam. O todo que forma a natureza das coisas tem sempre algo a ensinar.

 Flagrei-me recentemente a observar a água, outra grande professora, tanto na escassez, quanto na abundância. A água, além de sua importância para a existência da vida, inspira poesias, contos crônicas, mas também ensina

 No último final de semana por alguns instantes quando passava defronte ao mar, na capital do Estado São Luís, parei e observei aquela imensidão, também fonte de muita inspiração, mas daquela vez me ative ao movimento específico das ondas, com aquele som hipnótico e o vai e vem infinitos. Naquele instante, o vento que soprava parecia me dizer que:

*No mar o vento fala alto!  No mar o vento é mais eloquente.

É como um ente que quer puxar conversa com a gente.

O mar precisa do vento, o vento precisa do mar. Ambos se completam, se beijam.

Amam-se intensamente.

Amam-se sem preconceito. Não há gênero.

O que há é o mar e o vento conjugados numa alma só.

Filhas do mar com o vento as ondas, ora grandes, ora pequenas se levantam e com força vêm e vão. Varrem a praia, deixam tudo limpo, às vezes até a alma da gente.

 Depois, elas, levadas carinhosamente pelo vento, voltam ao colo do mar para ganhar força e quem sabe, depois de um descanso voltar.

Foi um excelente aprendizado que reproduzo na crônica deste sábado.
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