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21/01/2022 às 21h29min - Atualizada em 21/01/2022 às 21h29min

A panelada de Dona Adinê

Raimundo Primeiro
Panelada da Dona Dina - Foto: Raimundo Primeiro
 
Ao sair de casa hoje de manhã, por volta das 7h40, percebi que o almoço seria diferente. Minha mãe, dona Adinê, carinhosamente chamada por dona Dina, principalmente pelas pessoas mais próximas, iria preparar um cardápio diferente para o almoço desta sexta-feira, 21 de janeiro de 2022. Ano Novo, comida idem, apesar de ser típica de nossa culinária. Uma constante nas mesas dos maranhenses.

Ouvi dona Dina anunciar, assim espontaneamente, que o almoço seria arroz com abóbora e panelada. Fiquei entusiasmado. Saí, fui até ao supermercado comprar algumas coisas, principalmente ração para a “Lindinha”, a gatinha lá de casa, carinhosamente chamada por mim de “Branca”, conosco desde pequenina. Nossa irmã, Regina, que a levou para a casa de Dona Dina, baiana, mulher arretada e, claro, trabalhadora, que soube – e bem – os filhos criar!

A “Branca” chegou lá em casa no começo da pandemia do novo coronavírus, ou seja, em março do ano passado. Veio fazer companhia para a “Preta”, nossa outra gata, morta em abril de 2021. Só temos a “Branca”, agora.

Confirmado que almoçaríamos arroz com abóbora (misturado) e panelada, ao retornar das compras, saí. Fui em direção ao trabalho, pensando, obviamente, no cardápio anunciado para o nosso almoço. Durante minhas atividades profissionais, vez por outra, lembrava. Quando o relógio anunciara meio-dia, saí. Imediatamente, já estava em direção a residência de Dona Dina.

Ao chegar em casa, abri a porta e entrei. Primeira iniciativa: tomar um refrescante banho, tendo em vista Imperatriz ter amanhecido quente. O sol predomina hoje em nossa cidade, apesar do período invernoso prosseguir. Uma pausa. Sem chuvas nas últimas horas.

Minutos depois, ante a visão do arroz misturado com abóbora e, ao lado, a panelada, especialmente preparada, esperava por mim, numa panela de pressão. 

Aproximava-se das 13h, todos já haviam almoçado. Minha mãe, na sala, saboreava o cardápio por ela carinhosamente preparado. Não pensei duas vezes, fui em direção a mesa e, ao chegar lá, peguei o prato e me servi. Que delícia!

Confesso, mesmo sabendo ser a gula um dos pecados capitais, que comi à vontade. Cheguei, inclusive, a repetir. Depois, querendo sentir o sabor da panelada, misturei o caldo com farinha branca (farinha seca). Simplesmente, irresistível! 

Pronto, barriga cheia, fome saciada, satisfeito!

Sobremesa: duas laranjas – e um copo de suco. Comi feito criança, confesso, sem arrependimento, afinal de contas, almocei o que havia sido cuidadosamente preparado por nossa mãe. Dona Dina, na sala, concluíra, minutos atrás, seu almoço. A baiana é caprichosa, sabe trabalhar na cozinha – e em outras áreas também, caso do comércio, dom herdado do pai, o também baiano Napoleão, meu avô e padrinho de batismo.

A panelada é uma das receitas mais conhecidas e típicas de nossa região, um dos pratos prediletos dos nordestinos, principalmente daqueles que nasceram e residem em Imperatriz. Sou um deles, com muito orgulho. 

Nasci e cresci nestas plagas, nas terras de Gonçalves Dias, de Ferreira Gullar, e em solo descoberto pelo Frei Manoel Procópio do Coração de Maria; terra dos intelectuais José de Ribamar Fiquene, Edmilson Sanches, Tasso Assunção, Agostinho Noleto, Sebastião Negreiros, Jurivê de Macedo, Ribamar Silva, Ulysses Braga, Trajano Neto, Adalberto Franklin, entre outros.

Que venha, portanto, mais panelada!

O cozido de peças de boi é mesmo gostoso – e, obviamente, o centro de nossas atenções, notadamente quando estamos nas “Quatro Bocas” e no “Panelódromo”, inaugurado recentemente pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, levando Imperatriz e a iguaria além das fronteiras, inclusive fazendo com que o prato se tornasse conhecido internacionalmente.

A panelada lembra a dobradinha, típica de outras regiões, caso de São Paulo, por exemplo. 

Alegria por saber que, apesar de estarmos em terra longínqua, também somos conhecidos – e reconhecidos – em consequência de uma comida típica, a panelada, hoje, incontestavelmente, presente nos grandes centros de desenvolvimento do país. Inspira chefs renomados.

Obrigado por tudo, Dona Dina!

Obrigado pelo delicioso (e inspirador) almoço, Dona Adinê!

Nota dez para a panelada preparada hoje pela senhora!

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