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12/04/2024 às 17h37min - Atualizada em 12/04/2024 às 17h37min

Caminhos por onde andei

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

SURGE UM ANJO!

Ao iniciar este texto, peço a Deus – O Mestre dos Mestres, Intelecto dos intelectos - que me ilumine para que eu tenha o discernimento e o descortino de retratar com fidelidade um fato vivido, uma dor que me levou a encontrar UM ANJO, num momento tempestuoso, em minha vida.

Era 4ª. Feira Santa. Aqui em casa, estávamos nos providenciando, arrumando a bagagem  para viajar com destino ao Tocantins, onde passaríamos o Final de Semana (Santa),na casa de um cunhado, em Wanderlândia -Tocantins.

- Por volta das sete da noite minha esposa e companheira me diz: “Estou botando sangue pela boca”. - Vamos à UPA, de pronto convidei. Mas, ela disse NÃO. Por volta de sete e meia, perguntei: E aí, como estás. “Continuo botando sangue pela boca”, me disse. - Vamos à UPA?  Tornei convidar mas ela disse NÃO. Também perguntei:  Está doendo? Também me disse NÃO. Vi  que ela estava relevando, também relevei.

Já era por volta de nove da noite, quando ela, a companheira, como num estado de alerta, me acionou: VAMOS À UPA.  – Vambora, disse eu.  E logo saímos. Na UPA (na Bernardo Sayão), de longe, a esposa olhou e exclamou: Tem muita gente! Me disseram que no Parque São José a UPA é menos movimentada!

Eu que tenho noção da UPA – SÃO JOSÉ, logo tocamos para lá.  Na noite,  com as ruas estreitas, escuras, esburacadas, e  alagadas em pleno Bairro São José,  eu me perdi. E fui saindo aleatoriamente, e plenamente perdido, sem ninguém pelas  ruas escuras a que eu pudesse pedir informação sobre a rota da tal UPA. Alguém duvidoso ainda me deu uma informação duvidosa.

E fui seguindo perdido, em ruas estreitas, esburacadas e alagadas, sem seguras condições de manobra/retorno, ao tempo em que, imaginando que, se estivesse no Rio de Janeiro, numa daquelas tenebrosas favelas, estaria fatalmente a caminho da morte. Já fiquei apavorado! E, por mais que eu seguisse, não encontrava nunca a saída para a “rua principal”. E fui tocando, tocando e acabei saindo no Bairro Planalto, por trás da Polícia Federal  – local de que tenho plena noção.

Tomando pé da situação, peguei o caminho de volta para a UPA do centro (Bernardo Sayão). A mulher, além de continuar  sangrando, já estava com os nervos à flor da pele.  Aí já era umas dez (ou mais) da noite. Ao cadastrar-se na UPA, ainda que tenha declarado que estivesse em crise de hemorragia, as plantonistas não lhe deram prioridade. Estressados, adentramos à sala de espera, aguardamos a chamada  E...nada; e...nada. Resolvi então abrir caminho. Dirigi-me ao médico de plantão, expliquei-lhe a situação e, ele, simpático, prontamente, mandou entrar. Ele confirmou a hemorragia. Consultou, receitou e adotou procedimentos. Segue a companheira para uma ala de “primeiros socorros”, onde foi atendida.

*SURGE UM ANJO*
Quando pela segunda vez eu me encontrava à porta do consultório, vejo que ali estava perfilada uma senhora  esbelta, delgada,  com uma radiografia às mãos que, a meu sentir,  exibia tolerância paciência e tranquilidade. – É a senhora que está em atendimento?  Perguntei. -  Não. Uma irmã da Igreja, em plena Igreja  sentiu-se mal; e eu estou aqui, em sua companhia, disse. - E você? Ela perguntou. - Minha esposa está com uma hemorragia na boca. Relatei  os detalhes e concluí: NÃO DOI. Logo essa senhora tomou o meu partido e foi esclarecendo: *“_Isso é uma coisa que poderia ser resolvida em um balcão de farmácia_”.* É uma injeção de nome (ela escreveu)********. Nisso ela pede para ver o prontuário (da esposa) que eu tinha em mãos, em face do trâmite, na ocasião.

O anjo olhou a receita e exclamou: Não disse?! É a dita injeção, só que se apresenta com outro nome, mas é a mesma composição. “Nada que não se resolva num balcão de farmácia, ela insiste. Interpretei-a incomodada pelo fato de ser um remédio “genérico”.  E logo e sem mais demora, dirigiu-se em cuidados para com a minha esposa, dando-lhe explicações, a um tempo em que, de mera simplicidade, dizia que tinha 18 anos de balcão de farmácia, parte em  Goiânia, inclusive -  onde tem um filha  que concluiu o curso de Medicina e está fazendo especialização  em NEURO cirurgia.  Disse.

No conjunto da obra, aquele ANJO deixou claro que ”fera na indicação de remédios é o seu marido, com uma banda de sua vida, num balcão de farmácia. E deu o nome, o endereço, e o horário de trabalho da fera”.  

*Era enfim um anjo que  atravessava-se à nossa frente para orientar e servir e ser solidária, entregue em seus limites. Lembrei-me então de outras feras, em balcão de farmácia que tivéramos por aqui; todos que partiram rumo ao Infinito: Francisquinho da Farmácia dos Bons Remédios: Um sábio, um santo, um justo;  Pedro Jeremias, no seu ofício - um extremado e abençoado serviente e benfeitor a quantos lhe procuravam;  o extraordinário  e fora de série - SEU JOÃO DA FARMÁCIA e o BATALHA (que foi meu aluno em 1973/74, no Ginásio Bernardo Sayão, que mudou-se para a Vila Nova ao nascedouro daquele bairro, com sua ética, popular e próspera FARMÁCIA BATALHA.*

*Agora não temos mais profissionais desse quilate, portadores dessa bênção. Que era como as pessoas, uma vez curadas, diziam: *“_Foi mesmo que Deus por a mão_”* Quer dizer: Tem sim:  -  Tem aquela fera com uma banda de sua vida  num balcão de farmácia.  Eu que já fui até ele, logo lhe disse: ME AGUARDE! Ele sorriu...*

Era por volta de pouco mais de uma hora da madrugada quando aquele ANJO deixava as dependências da UPA, acompanhando a sua protegida. E, como num raio de Luz Espiritual, ela olhou para trás, foi quando nos despedimos com recíprocos gestos de mãos. E foi embora... deixando-me impregnado de saudades, das boas lembranças, do seu desprendimento e das bênçãos que o Santíssimo Criador dela se serviu para nos transmitir, o quanto nos transmitiu.

E quando deu duas e meia da madrugada minha esposa obteve alta médica. E  então saímos sonolentos, estressados e trôpegos rumo à nossa casa, onde em sono, varamos a noite até o amanhecer da Sexta Feira Santa. Foi quando me prometi: “*Vou escrever: SURGE UM ANJO!*”  Esse Anjo tem nome: chama-se VERA.Ou melhor: Dona VERA. Taí o texto! Graças a Deus!
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