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02/03/2024 às 00h00min - Atualizada em 02/03/2024 às 00h00min

OS CEM ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE IMPERATRIZ

ELSON ARAÚJO

ELSON ARAÚJO

ELSON Mesquita de ARAÚJO, é membro da Academia Imperatrizense de Letras-AIL e durante alguns anos, foi repórter de O PROGRESSO.

 
Imperatriz é uma das únicas cidades do Maranhão que entre as datas magnas, historicamente, celebra a da fundação, 16 de julho de 1852, e não da emancipação política, ocorrida dia 22 de abril de 1924, como acontece com a grande maioria dos municípios maranhenses.  Nesse aspecto, junta-se a São Luís, a capital maranhense fundada pelos franceses a oito de setembro de 1612, fundada no curso do segundo século da chegada dos europeus nas terras do pau brasil.

De forma esparsa já tem algum tempo que o 22 de abril é lembrado por historiadores e pesquisadores da cidade. O jornalista e pesquisador Edmilson Sanches cita a data na Enciclopédia de Imperatriz, e sempre que o momento requer, nas suas palestras, também lembra a data esquecida. O jornalista Coló Filho, de O PROGRESSO, é outro que, uma vez ou outra, chama a atenção para essa página esquecida, ou deixada de lado, da história da terra fundada pelo Frei Manoel Procópio.

Com a criação do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI), ao considerar-se que em abril próximo ocorre o centenário de emancipação política da cidade, o tema passou a ser objeto de pesquisa de seus membros; destacando-se o acadêmico Ribamar Silva, que também tem assento na Academia Imperatrizense de Letras.

Ribamar escreve um livro sobre a implantação do Poder Legislativo em Imperatriz, e ao mergulhar fundo nas pesquisas para a construção da obra despertou curiosidade sobre os acontecimentos, os movimentos e os atores políticos da época que teriam motivado o então mandatário do Estado Godofredo Viana a assinar a certidão do nascimento político/administrativo da hoje, oficialmente, segunda capital do Estado.

Os levantamentos do pesquisador já deram lugar uma palestra e o assunto foi tema da reabertura do ano acadêmico da Academia Imperatrizense de Letras, logo depois do Carnaval. Ao lançar luzes sobre o tema Ribamar Silva levantou uma polêmica ao intuir que diferente do que ocorrera em outros municípios maranhenses a emancipação não decorreu de nenhuma luta ou bandeira levantada pela incipiente Imperatriz do final do primeiro quartel do século XX.  Não foi encontrado por ele nenhum documento, publicação ou texto que indique algum movimento prévio, ou comemoração para recepcionar a boa nova. Para ele, a cidade teria recebido a notícia com apatia.

Com a citada descoberta, Ribamar abre espaço para futuras pesquisas sobre o período que antecedeu o ato que culminou com a emancipação política da cidade. A decisão do governador Godofredo Viana teria sido mera obra do acaso? Ou teria decorrido de alguma luta dos políticos e a elite econômica da então povoação daqueles ido. Espaço aberto para a quem interessar possa, buscar subsídios para contrariar as pesquisas do pesquisador Ribamar Silva ou apresentar, documentalmente, provas de algum movimento emancipacionista da época capaz de ter sensibilizado o então presidente do Estado do Maranhão, como era denominada a figura do governador, que na mesma ocasião emancipou num bolo só as vilas de Carutapera, São Francisco, Icatu,  e São Miguel.

Sobre a fundação de Imperatriz há muita literatura nos diversos formatos, mas nada sobre a emancipação. Por enquanto não se deparou com nada nos arquivos históricos.

No livro O Sertão, subsídios para a história e geografia do Brasil, da escritora maranhense, Carlota Carvalho, publicado em 1924, ela cita alguns nomes que compunha a elite econômica e política da cidade daqueles tempos, tais como Honório Fernandes Primo, Antônio Chaves, Coriolano de Sousa Milhomem, Félix Alberto Maranhão, Emiliano Herênio Alvares Pereira; José Lopes Teixeira,  Doroteu Alves dos Santos, e Manoel Herênio Alvares Pereira, mas não faz qualquer referência a algum movimento emancipacionista levada a efeito por eles.

Ela ainda escreve “ninguém, porém, há procurado desenvolver a instrução, aumentar os conhecimentos humanos e elevar a altura e moral do povo”. É dessa forma que Carlota Carvalho define comportalmente a elite da cidade do período da emancipação da cidade. Tema desconhecido ou, por causas ainda desconhecidas fora propositalmente esquecido por ela?
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