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03/02/2024 às 00h00min - Atualizada em 03/02/2024 às 00h00min

Nailton Lyra Escreve

NAILTON LYRA

NAILTON LYRA

O Doutor ​NAILTON Jorge Ferreira LYRA é médico e Conselheiro do CRM/MA e Conselheiro do CFM representando o Estado do Maranhão

 

Lepra

A hanseníase (lepra) é uma das doenças mais antigas da humanidade, com relatos de casos desde 600 a.C. Existem relatos bíblicos da doença. Apesar de antiga, ela ainda é um grave problema de saúde pública, especialmente no Brasil, que concentra o segundo maior número de novos casos do mundo, atrás apenas da Índia.

O relato bíblico é a história de Naamã, um General Sírio que ficou curado da lepra ao mergulhar sete vezes nas águas do Rio Jordão, conforme lhe determinou o profeta Eliseu (2 Reis 5:13-14).

O dia 31 de janeiro é o Dia Nacional de Combate e Prevenção a Hanseníase.

A doença, que já foi chamada de lepra, foi renomeada devido ao estigma associado ao termo. Desde 1995, por definição da Lei n 9.010, o termo lepra e seus derivados não podem mais ser utilizados na linguagem adotada nos documentos oficiais da União, dos estados e municípios.

A hanseníase é causada por uma bactéria chamada de Mycobactyerium leprae, que afeta principalmente nervos periféricos e a pele. As complicações da doença podem levar a incapacidades físicas, principalmente nas mãos pés e olhos.

Os sinais mais frequentes incluem dormência, formigamento e diminuição na força física das mãos, pés ou pálpebras, além de manchas brancas ou avermelhadas com diminuição ou perda da sensação de calor, de dor ou do tato.

O tratamento da hanseníase é feito a partir da associação de três antibióticos/ quimioterápicos (rifampicina, dapsona e clofazimina). A indicação do tratamento depende da condição clínica de cada paciente, podendo ser de seis meses a um ano. A transmissão da doença se dá por gotículas de saliva (perdigotos) eliminadas na fala, tosse e espirros em contatos próximos e frequentes com o doente. Por isso pessoas que convivem ou conviveram com os doentes devem ser examinadas.

Estudos brasileiros e americanos indicam que os tatus são reservatórios naturais para bactéria da doença. No Pará, estudo publicado no PLos Neglected tropical diseases mostram que 62 % dos tatus da Amazônia brasileira, especificamente o oeste do Pará, testaram positivo para o M. leprae. Mas o principal reservatório da bactéria ainda é o homem.

A Hanseníase é considerada peal OMS uma doença negligenciada, pela baixa subnotificação da doença, incidência principal em doenças de baixa renda já que as condições sanitárias ruins e a aglomeração das pessoas são fatores de aumenta a exposição. Além disso, o baixo investimento em pesquisas científicas por grandes empresas e farmacêuticas amplia as lacunas no diagnóstico e no tratamento.

A persistência da hanseníase no Brasil como problema de saúde pública é explicada pelos determinantes sociais da saúde, de acordo com a definição da OMS o conceito reúne fatores não médicos que influenciam a saúde humana, principalmente às condições nas quais as pessoas nascem, crescem, trabalham, vivem e envelhecem. Os determinantes perpassam os sistemas econômicos, as políticas públicas e sociais e as agendas de desenvolvimento.

Um sistema existente no país para o acompanhamento dos pacientes, o Morhan (movimento de integração das pessoas afligidas pela hanseníase) que é uma entidade que promove atividades de conscientização e tem como foco a construção de políticas públicas eficazes para a população afetada pelo agravo, vem apresentando excelentes resultados

Para o diagnóstico, os testes “GenoType LepraeDR” e “NAT Hans”, chamados tecnicamente de PCR, capazes de detectar o DNA da bactéria causadora da doença. A tecnologia está ofertada nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) e em Imperatriz.

Em Imperatriz, temos que destacar o magnífico trabalho da Irmã Juliana por anos e anos frente ao dispensário João XXIII, na Estrada do Arroz, hoje pelo que me comunicaram com sérios problemas de saúde.

Em dúvidas, consulte seu médico.
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