Um pequeno conto “cirúrgico” de Natal
Inverno de 1809, com um vigor acima do observado em outros anos, mês de dezembro, no sertão da cidade de Danville, Kentucky a Sra. Jane Crawford, que residia a cerca de sessenta milhas de distância, (multiplique por 1,6), foi atendida em seu rancho pelo médico Ephraim McDowell, tinha o diagnóstico feito por ouros médicos de gravidez atrasada de gêmeos, mas ao final da gravidez não houve parto e sim aumento do sofrimento. O Cirurgião foi chamado e vencendo a distância a cavalo, comunicou à paciente que se tratava de um tumor de ovário e que a única esperança de vida seria remover o tumor; e antes, nunca houve uma cirurgia desse tipo bem-sucedida.
A senhora Crawford, ainda que doente, aceitou ir para a cidade de Danville a cavalo para ficar na casa do médico, o qual avaliaria a possibilidade da cirurgia. Lembrando que nessa época não havia ocorrido a descoberta das drogas anestésicas.
A notícia abateu a todos, a senhora Crawford, a seu esposo e a toda a família.
Não havia cura para os tumores abdominais no início do século XIX.
A senhora Crawford sofria... o sofrimento era normal na vida daquelas pessoas simples do Oeste americano.
Mas esse sofrimento foi se tornando insuportável.
Próximo ao Natal, ela puxou o médico pela camisa com toda a força que ainda tinha e pediu ao médico: “Doutor, arranca isso de mim”.
Em sua formação na cidade de Edimburgo, na Escócia, aprendeu que era possível a retirada de tumores de ovário. Possível sim, mas não factível, pois a simples abertura da cavidade abdominal naquela época era fatal.
Ephraim relutava... sua reputação estava em jogo... mas logo toda a vila soube (sem rede social) de seus planos e os pacientes já não mais o procuravam. Seu cunhado, auxiliar nas cirurgias, o abandonou.
Mas Ephraim não podia abandonar Jane em seu imenso sofrimento.
Na manhã de Natal de 1809, Ephraim McDowell, com uma incisão no lado esquerdo da paciente, realizou a retirada do tumor por uma incisão de 23 cm.
O tumor, contendo uma substância gelatinosa, pesou 22,5 libras (uma libra tem 0,45 kg).
A paciente permaneceu acordada e consciente durante o procedimento, sem qualquer anestesia.
Enquanto isso a população preparava o enforcamento do médico em praça pública, caso a paciente morresse.
O xerife, ao final do procedimento que durou 25 minutos, adentrou à casa do médico e constatou o final exitoso do procedimento. Comunicou à turba que desmontou o laço da forca que estava em uma árvore pronto para execução do Dr. Ephraim.
Com cinco dias de pós-operatório ele se surpreendeu com a paciente fraca, mas de pé, arrumando a cama.
Seu conhecimento, vontade de ajudar, tenacidade ética e, principalmente coragem, permitira à senhora Jane celebrar mais 32 natais com sua família, enquanto aquele poderia ser seu último Natal.
Sobreviveu no Oeste selvagem por 12 anos a mais que o Dr. Ephraim, que realizou mais três procedimentos de retirada de tumor de ovário em sua vida.
Desejo que tenhamos coragem para fazer o que é certo, mesmo diante da adversidade, e assim manter o espírito natalino de renovação da fé, paz, saúde e caridade.
Feliz Natal e bom Ano Novo a todos!