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09/12/2023 às 00h00min - Atualizada em 09/12/2023 às 00h00min

Nailton Lyra Escreve

NAILTON LYRA

NAILTON LYRA

O Doutor ​NAILTON Jorge Ferreira LYRA é médico e Conselheiro do CRM/MA e Conselheiro do CFM representando o Estado do Maranhão

     
Toque Retal o pavor do homem

A pergunta e a dúvida que atormenta todo homem a partir dos 40 anos. Quando fazer o exame de próstata? Devo ou não realizar o toque retal? O PSA não substitui o toque retal? E o ultrassom?
 
No Mês de Novembro, intensificam-se as recomendações para que os homens cuidem da sua saúde e busquem o diagnóstico precoce do câncer de próstata.
 
Ganhou força a discussão sobre a efetividade ou não do rastreamento populacional da doença, na qual homens sem sintomas são orientados a realizar exames de PSA (antígeno prostático especifico) e de toque retal que tem como objetivo detectar o tumor em sua fase inicial.
 
No entanto, há anos o Ministério da Saúde e o INCA - Instituto Nacional do Câncer recomendam mais esse rastreamento populacional já que ele não conseguiu uma efetiva diminuição da mortalidade.
 
O câncer de próstata é o segundo em causa de mortalidade entre os homens, superado apenas pelo câncer de pulmão.
 
O argumento é que os tumores são do tipo indolentes, que crescem devagar e dificilmente se espalham com metástases, levando o paciente a realizar procedimentos invasivos, desnecessários, que podem deixar sequelas como a incontinência urinária e a disfunção erétil; denomina-se a essa situação o overtreatement (tratamento desnecessário para tumores que não evoluiriam de forma ameaçadora).
 
Mas, calma!
 
Não é bem assim. Algumas sociedades médicas afirmam que esperar o homem manifestar sintomas para a busca de tratamento, já que o câncer de próstata em fases iniciais dá logo sintomas.
 
Pode ser a oportunidade perdida.
 
A polemica não é nova, nota do MS e do INCA publicaram que o rastreamento populacional não é necessário o que causou reação de algumas sociedades médicas e de renomados especialistas. Foi parar no Twitter, sendo abordada de forma bem-humorada, lógico que houve elogios e posições contrárias.
 

Então, fazer ou não fazer?

Como dito não é bem assim, mesmo o INCA e o MS, que não recomendam as campanhas para pesquisa em pacientes assintomáticos, sugerem que o homem, principalmente após os 45 anos, procure o médico para uma avaliação individualizada e discussão sobre o que fazer.
 
Deve-se considerar os fatores de riscos, câncer de próstata familiar, sintomas suspeitos como sangue na urina ou no sêmen, homens negros, diminuição do jato da urina e aumento da frequência urinária.
 
Outras sociedades discordam da posição do MS/INCA e dizem que o rastreamento deveria ser universal em todos os homens dos 50 aos 70 anos.
 
Em 2012 os Estados Unidos deixaram de recomendar o rastreamento, mas, seis anos depois recuaram por terem observado um aumento alarmante de tumores com metástases.
 
Hoje orientam todos homens dos 55 aos 69 anos procurarem seu médico, seja urologista ou médico da família, para discutir sobre sintomas, a doença e a conduta.
 
Na Europa o programa de rastreamento mostrou queda de 20 % na mortalidade da doença, mas destacou o risco de excesso de diagnósticos em casos que não evoluiriam de forma preocupante.
 

No Brasil

Os especialistas criticam que os modelos internacionais não podem ser aplicados no cenário econômico e cultural do Brasil. A preocupação se refere à pouca procura do homem pelo médico, e quando comparamos com as mulheres, a maior dificuldade de exames no SUS, restringir o acesso tem potencial de grande prejuízo à população de risco.
 
Durante anos foram feitas campanhas para reduzir o preconceito e a recomendação federal vai levar a retrocessos nesse mister.
 
Por enquanto, senhores homens, procurem seu médico para a avaliação, pois a estimativa é de 40 óbitos por dia por essa doença rastreável e curável.

 
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