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04/11/2023 às 00h00min - Atualizada em 04/11/2023 às 00h00min

Caminhos por onde andei

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

PELA-BODE 

Sabe esses áudios-vídeos que chegam à nossa Caixa Postal, Via Zap? – É desses!

Aparece uma idosa. Ela diz: “Quando eu penso que não me aparece o PELA BODE. Queria porque queria morar com a minha filha. Eu disse: Pela-Bode, ela é uma menina doentinha; isso não vai dar certo. Pela-Bode, insistiu: Tem nada não, eu quero porque quero. Eu vou morar com ela e então foram morar juntos. Na primeira de copa, Pela-Bode deu uma taca na minha filha. E lá vem o banzeiro pra cima de mim. Então eu fui lá.

Chegando lá: “Eu não te disse que isso não ia dar certo, Pela Bode?!  Pela-Bode, vem com uma faca pra cima de mim. Aí eu tomei a faca dele e dei nele só umas duas facadas. O repórter então perguntou. E agora está resolvido? Da minha parte está resolvido, disse a mulher. Mas a Justiça é que vai dizer. Essa faca bem aí é dele. E eu só usei ela foi para me defender. Também eu disse prá ele: Pela-Bode, essa menina é doentinha, isso não vai dar certo. Ma ele dizia. Não! Eu quero porque quero morar com ela. Taí deu no que deu. E, Pela-Bode já era...

DONA MARIA

Dona Maria é viúva de Joãozinho que fora o meu pedreiro, trabalhando sempre na companhia do Raimundinho, o meu pedreiro-titular. Dona Maria me disse que certa feita, quando o seu marido (Joãozinho), encontrava-se doente e hospitalizado e, embora tendo dois jovens filhos a mim me credenciou para cuidar de sua mulher, quando ele (Joãozinho) falecesse. Que coisa né? Tinha dois jovens filhos e, a mim, a confiança em cuidar de sua mulher na velhice e até a morte.

Dona Maria ficou com aquilo na cabeça. Eu, porém, não me lembro, mas...  não desmereço da versão de Dona Maria. Isso, nunca!

Os dois filhos de Dona Maria faleceram ainda jovens à meia idade e posto na vida. E ela resta sozinha na casa deixada pela sua família e sobrevive de uma pensão. Dona Maria uma pretinha retinta, miúda, de cabelos encarapinhadíssimos, é perfeitamente lúcida aos oitenta e poucos anos. Sua Lucidez em tudo chega a ser extraordinária, tais os detalhes, as lembranças, as pontuações que faz.

Recente, faz um ano, Dona Maria me telefona. Diz que está sendo perseguida por uma vizinha. Querem tomar a sua casa. Fiz mil e uma perguntas e não encontrei nexo (sentido), no quanto dizia Dona Maria. Fui então ter com ela, pessoalmente. Levei um colega para me apoiar na avaliação. Posta a tal “perseguição” em pauta, o meu colega tanto quanto eu não encontrei sentido (lógica), do quanto dizia a D. Maria. Percebi então que a tal vizinhança lhe é tratável e cordial. Não senti nem compreendi a tal “perseguição”.  Ficamos quietos. E... vida que segue.

No quintal de sua casa, Dona Maria tem uma mangueira, de manga rosa. Então ela costumeiramente me liga para que eu vá ao seu endereço, nos confins da Nova Imperatriz, quase região da Boca da Mata. E recolhe as mangas que em quantidade guarda-as à minha disposição.

Sou grato a Dona Maria pelo gesto de apreço e confiança que a mim ela me deposita e, se eu não me lembro dos votos feitos pelo seu marido para que eu-Viegas dela cuidasse (cuide) em sua velhice e nos seus dias últimos, disso, porém, não posso desmerecer. JAMAIS!

Dona Maria, porém, guarda os cuidados com seus dois sobrinhos (um dos quais seu afilhado que consigo morou por algum tempo). E a outra uma ex-nora e com estes seus netos – seus herdeiros. Naturalmente. De minha parte, porém, tudo farei pra corresponder às expectativas de D. Maria e a confiança depositada pelo seu falecido marido o meu outrora pedreiro, o JOÃOZINHO.

 

JERÔNIMO DE JOANA

Jerônimo de Joana era um roceiro lá dos cafundós de onde eu vim. Era um humorista nato. Tudo o que dizia resultava em “graça”. Em humor. O que ele mesmo provocava.

Certa feita, naqueles cafundós, um caçador deu na “batida” de um veado. Porém, não deu conta da caçada. Então reuniram-se uns sete caçadores, cada qual com um, dois e até três cachorros. Foi uma batalha enlouquecedora! Naquele dia, o sol se pôs, veio a noite e não deram conta do veado. Recomeça a batalha no dia seguinte: Uns dez caçadores e uns vinte cachorros – todos correndo e perseguindo exaustivamente à caça do tal veado.

Era manhã do dia seguinte. Jerônimo caminhava tranquilo e sozinho pelo caminho ermo quando... de repente, olha ali a taça de ouro! O veado estava mais morto do que vivo, de tão cansado e estropiado de tanto correr perseguido pelos cachorros e pelos improvisados obstinados caçadores!

Jerônimo esperto, diante da presa mais morta do que viva, esta sem esboçar qualquer reação, então puxou do seu cutelo (que ali se chama patacho) e desferiu incontáveis golpes na cabeça do veado. E... apareceu para todos ali como o herói daquela caçada para fazer jus ao seu pedaço igualitário em meio aos dez caçadores, todos “esbaforidos” daquela peleja insana. Jerônimo até hoje é lembrado como o herói (de faz de conta), daquele momento histórico que até hoje é lembrado naqueles cafundós, onde não havia escola, nem rádio e tudo muito longe da civilização.

 
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