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30/09/2023 às 00h00min - Atualizada em 30/09/2023 às 00h00min

O HOMEM DE BEM

MARIA HELENA VENTURA

MARIA HELENA VENTURA

MARIA HELENA VENTURA é membro da Academia Imperatrizense de Letras-AIL

 
Estamos vivendo momentos muito difíceis em todo o mundo.

As estruturas da humanidade alteram-se com a velocidade imposta pela dinâmica das relações sociais. Chegam até nós tecnologias nunca antes imaginadas. Apesar disso, defrontamo-nos com um quadro não desejável, ou seja, a miséria em suas quatro vertentes:

1. A miséria material (com a incapacidade de atender minimamente as necessidades básicas);

2. A miséria socioafetiva (refere-se aos que são excluídos, desrespeitados, não se lhes reconhecendo direitos elementares de cidadãos);

3. A miséria ético-moral (associada aos vícios, drogadição, prostituição, alcoolismo, mendicância);

4. A miséria espiritual (esta quarta miséria tem a ver com os processos obsessivos. O que é a obsessão? Podemos dizer que ela é a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais).  

Sobretudo, nestes tempos, há um desrespeito generalizado. E é aí que nos lembramos de Rui Barbosa — o político, diplomata, advogado, jurista brasileiro, que representou o Brasil na Conferencia de Haia sendo reconhecido como a “Águia de Haia”, também membro e presidente da Academia Brasileira de Letras —, quando ele diz: “De tanto ver triunfar as nulidades. De tanto ver prosperar a desonra. De tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
 
Mais tarde diria o baiano Rui Barbosa: “Só há uma glória verdadeiramente digna desse nome: é a de ser bom”. E sobre esse pensamento encontramos matéria similar em O Livro dos Espíritos/Allan Kardec, questão 918:

Verdadeiramente, homem de bem é o que pratica a lei de justiça, amor e caridade, na sua maior pureza. Se interrogar a própria consciência sobre os atos que praticou, perguntará se não transgrediu essa lei, se não fez o mal, se fez todo bem que podia, se ninguém tem motivos para dele se queixar, enfim se fez aos outros o que desejara que lhe fizessem. É bondoso, humanitário e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças. Se Deus lhe outorgou o poder e a riqueza, considera essas coisas como um depósito, de que lhe cumpre usar para o bem. Delas não se envaidece, por saber que Deus, que lhas deu, também lhas pode retirar. Se sob a sua dependência a ordem social colocou outros homens, trata-os com bondade e complacência, porque são seus iguais perante Deus. Usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. É indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que também precisa da indulgência dos outros e se lembra destas palavras do Cristo: Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado. Respeita, enfim, em seus semelhantes, todos os direitos que as leis da Natureza lhes concedem, como quer que os mesmos direitos lhe sejam respeitados.
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Maria Helena Ventura é membro da AIL – Academia Imperatrizense de Letras.
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