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23/09/2023 às 00h00min - Atualizada em 23/09/2023 às 00h00min

SETEMBRO, ONDE ANDA A PRIMAVERA?

MARIA HELENA VENTURA

MARIA HELENA VENTURA

MARIA HELENA VENTURA é membro da Academia Imperatrizense de Letras-AIL

 
Aprendíamos na Escola que setembro era o mês da Primavera. Logo, imaginávamos uma pradaria florida, os ventos generosos da estação levando o perfume das rosas, das violetas, dos miosótis, pelos caminhos, pelas veredas, pelas praças e praias. A natureza em festa transformando o seu murmúrio em pauta musical cantando sinfonia do eterno amor. Tudo tinha um toque cativante. Hoje, setembro vem com lembranças bem diferentes.

O horror causado por aquele 11 de setembro de 2001 que destruiu mais que duas torres; destruiu vidas e esperanças, espalhando luto e dor.

 A propósito, lembramos de um outro Setembro chamado Amarelo, cuja história começou nos EUA em 1994 quando um adolescente tirou a própria vida. Chamava-se Mike. Possuía um carro amarelo que ele “adorava”. Os seus amigos após a sua morte, quando visitavam o seu túmulo, colocavam uma fita amarela no cabelo, na roupa ou simplesmente levando flores amarelas para homenageá-lo. Isso pelo fato de sua grande paixão por seu carro de cor amarela. Resolveram então imprimir 500 cartões com a frase “Se você precisa de ajuda, peça ajuda” - decorados com uma fita amarela, que foram distribuídos em escolas e locais públicos com o pedido de que essas pessoas passassem o cartão para outras que estivessem com ideias de suicídio.

O movimento denominado Setembro Amarelo chegou ao Brasil em 2015 através do Centro de Valorização da Vida (CVV) juntamente com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Essa campanha tem o propósito de conscientizar sobre a prevenção do suicídio e trazer à tona informações importantes sobre a segunda maior causa de morte de jovens no mundo.

O CVV oferece Apoio Emocional e Prevenção do Suicídio gratuitamente, bastando ligar para o 188 ou acessar o seu site www.cvv.org.br.

As estatísticas nos informam que, no mundo todo, são mais de 700 mil pessoas que anualmente provocam o suicídio, sendo que, para cada suicídio ocorrem em média, 20 tentativas. Convém ressaltar que a Pandemia agudizou os quadros de depressão, transtorno de ansiedade, etc. Conclui-se que algo terá de ser feito para que o processo de mudança mental seja feito partindo do próprio indivíduo. Por isso, “Setembro Amarelo”, no entender dos psicólogos deveria se estender ao ano todo, trabalhando as áreas: cérebro + conhecimento + consciência.

A série “13 Reasons Why ” (Os 13 porquês) lançada em março de 2017 na Netflix, mostra a personagem principal  recorrendo ao suicídio, motivando assim muitos jovens a cometerem, também, o mesmo ato. Infelizmente, quando uma pessoa “famosa” como por exemplo, ator, comediante, personagem fictício, etc, tira a sua própria vida, o número de suicídios aumenta, provocando o que é conhecido como “efeito dominó negativo”. Por outro lado, quando a família e amigos do jovem Mike promoveram ações para estimular a prevenção ao suicídio, isso provocou, desse modo, o “efeito dominó positivo”.

No que diz respeito ao assunto em destaque, vem à nossa mente o caso de um cego que se encontrava esmolando, sentado, nas escadarias da Catedral Notre Dame em Paris. A tarde já se esvaía e o seu “Prato” de recolhimento das moedas, continuava quase vazio. Um transeunte ao passar pelo pedinte, abaixou-se junto a ele e disse-lhe: “Quase não tenho nada a lhe oferecer; mas, o que tenho, lhe dou”. Dito isso, fixou nas suas costas um papel e continuou o seu caminho. A partir daquele momento, o ruído das moedas caindo em seu prato, intensificou-se de tal forma que já não cabiam mais no recipiente. O cego ao perguntar a um passante o que estava em suas costas, recebeu a seguinte resposta: “Uma folha de papel com a seguinte frase: ‘C’est le printemps et je ne le vois pas’”, ou seja, “É primavera e eu não a vejo”.    

Essa história nos ensina que qualquer um de nós pode sempre ajudar de alguma forma. E para sermos mais solidários, devemos fazer TUDO o que estiver ao nosso alcance.

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“Não permita que alguém se afaste de ti sem levar pelo menos um sorriso” – Madre Teresa de Calcutá
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Maria Helena Ventura é membro da AIL – Academia Imperatrizense de Letras.
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