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17/08/2023 às 00h00min - Atualizada em 17/08/2023 às 00h00min

Coluna do Lima Rodrigues

 
Fazenda Mangabeira se destaca na criação de Santa Gertrudis em Sergipe


A equipe do Conexão Rural está em Japaratuba, a 60km de Aracaju, em Sergipe, visitando a Fazenda Mangabeira, a convite do presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Santa Gertrudis, Gustavo Barretto. A raça sintética, que vem se destacando no Brasil nos últimos anos, comemora em novembro deste ano 70 anos de chegada ao país.

A Fazenda Mangabeira foi criada há 70 anos pelo pecuarista José Calumby Barretto, falecido em 1981. Antes, em 1978 ele já havia doado a propriedade para a filha, Gilza Barretto. Ela e o esposo, Eduardo Rodrigues Porto da Cruz, resolveram investir em Santa Gertrudis. Com o falecimento do pai 2009, o filho Gustavo Barretto assumiu o comando da fazenda com então 28 anos idade, ao lado da mãe, dona Gilza. Além da raça Santa Gertrudis, o grupo investe em plantação de cana de açúcar e milho em Sergipe.

A Fazenda Mangabeira sempre investiu em melhoramento genético, inclusive participando de feiras no Nordeste e conquistando vários prêmios. Em 2014, Gustavo participou de exposição em Aracaju em homenagem ao pai, quando o pecuarista Eduardo Rodrigues foi homenageado pela Federação da Agricultura de de Sergipe por ter sido o responsável pela introdução da raça Santa Gertrudis no estado, iniciando a participação da família em exposições e investindo e divulgando cada vez mais a raça.  

Em 2016 a Fazenda Mangabeira começou a trabalhar com FIV (Fecundação in Vitro) e implementou, dentro do seu programa de melhoramento genético, a ultrassonografia de carcaça, feita pela DGT Brasil. “Com a ultrassonografia descobrimos que o touro Choice da Mangabeira tinha 4.1 de marmoreio, sendo contratado pela Genex Brasil, de Uberaba-MG”, destacou Gustavo Barretto.

Em 2018 o reprodutor Fogo da Mangabeiro sagrou-se campeão da Prova de Ganho de Peso da CVR Lagoa em Sertãozinho (SP), concorrendo com animais de todo o Brasil. Em 2019, a Fazenda Mangabeira fez o segundo colocado.

Embrapa Geneplus

Em 2020 a Mangabeira fez a primeira prova de avaliação de desempenho a pasto em parceria com a Embrapa Geneplus no Nordeste e a Associação Brasileira de Santa Gertrurdis. O campeão da prova foi o touro Hurrican da Fazenda Mangabeira, que é visto como sucessor do Justos, o grande campeão de venda de sêmen, exportando já para 8 países. “Esse touro foi contratado pela CRV Lagoa, de São Paulo, e tem nos dado muita alegria com a venda de sêmen para todo o Brasil. Hoje, somos proprietários de cinco touros em 3 centrais (CRV, Genex e Alta)”, disse Barreto.

Em 2021 e 2022 a Mangabeira prosseguiu o trabalho de avaliação de desempenho com a Embrapa Geneplus.

O administrador da Fazenda Mangabeira, Gustavo Barretto, tem 42 anos, é casado com a médica Milena e pai de três filhos, e assumiu a presidência da ABSG em janeiro de 2021 para um mandato de 2 anos.

Santa Gertrudis

Com uma base de registro de mais de 400 mil exemplares, a raça Santa Gertrudis completa 70 anos de sua história em terras brasileiras. Mas seu começo vem de muito antes. O ano é 1910, no sul do Texas, nos Estados Unidos. A famosa propriedade King Ranch tinha um objetivo: Produzir uma raça que se adaptasse aos desafios de temperaturas acima de 38º e a média pluviométrica em torno de 700mm anuais. Dessa demanda, que pouco difere com as condições atuais da pecuária brasileira, surgiu o Santa Gertrudis, raça bovina sintética, 5/8 Shorthorn, vindo de terras britânicas e 3/8 Brahman, uma subespécie Zebu.

De acordo com a Associação Brasileira do Santa Gertrudis (ABSG), a raça foi reconhecida somente em 1940, quando se espalhou pelo mundo, principalmente em países como Austrália e África do Sul. No Brasil, os primeiros exemplares chegaram em 1953, sendo utilizado principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste no cruzamento sobre matrizes azebuadas ou ainda sobre matrizes F1 (Zebu x Europeu) obtendo os animais chamados Tricross, com alto rendimento de carcaça. Já na região Sul, a raça vem sendo utilizada a mais de 50 anos sobre matrizes europeias, diminuindo a exigência nutricional, mantendo o volume de carcaça e qualidade de carne.

“Por ser criada em condições muito extremas, a adaptação do Santa Gertrudis foi o que mais chamou atenção para a pecuária brasileira, a capacidade de trabalho, de conversão alimentar e a qualidade da carne, também estão na lista dos atrativos que esse animal traz”, explica o técnico da ABSG, Anderson Fernandes.

E como a palavra da vez na pecuária é rendimento e com uma expectativa de consumo de carne bovina equivalente a 56,84 milhões de toneladas somente em 2023, segundo dados da USDA, transformar ganho de peso em carne é um dos grandes objetivos na produção de proteína animal atual.

“Hoje um animal top na balança tem uma média de rendimento de 50%, com 20@ e 24 meses de idade. Nos abates técnicos que acompanhamos, a média alcançada por animais cruzados com Santa Gertrudis alcançaram esses mesmos números aos 15 meses de idade, ou seja, o ganho volta para o produtor com muito menos tempo, mais volume e mais rentabilidade”, ressalta o presidente da Associação dos Criadores de Santa Getrudis, Gustavo Barretto.

Com relação a nutrição, Gustavo explica que nada é feito diferente do que é normalmente realizado com demais animais sintéticos. “A raça exige tanto quanto qualquer outra, a nutrição do rebanho deve ser realizada de acordo com cada sistema produtivo”, aponta.

Atualmente o gado puro Santa Gertrudis está presente em 14 Estados Brasileiros, mas reprodutores e animais sem registro estão espalhados por todo território nacional. “Queremos mostrar ao produtor a capacidade do Santa, e por isso e também para comemorar o setuagésimo aniversário da raça no País, promoveremos um Congresso Internacional no fim do ano, com muita informação e troca de experiência entre os criadores”, finaliza  GustavoBarretto.

Santa Gertrudis, presente há 70 anos no Brasil, demonstra resultados importantes em programas de avaliação genética

Desde 1995, a raça Santa Gertrudis participa de programas de melhoramento genético e atualmente em parceria com a Embrapa/Geneplus mais de  30 mil animais compõem o sumário da raça.  Na última edição do sumário, índices como área de olho de lombo (AOL), marmoreio e conformação frigorifica foram incluídos para avaliação, um grande avanço para o desenvolvimento genético da raça.

“Existe uma proposta clara para o uso do Santa no sistema de produção de carne no Brasil, essa proposta consiste no uso dessa raça no formato de cruzamento industrial para produção a campo, agregando em produtividade e qualidade de carne em relação a base de matrizes zebuínas ou cruzadas. Uma vez que a raça entrega o que promete, é o “mercado” quem acaba reconhecendo que o Santa Gertrudis oferece uma boa opção, para o pecuarista que quer ser mais eficiente, e isso faz com que a raça se consolide porque há um mercado consumidor para essa genética”, explica o pesquisador do Geneplus, Maury Dorta.

Na última edição do sumário um dos destaques para as fêmeas foi índice de idade ao primeiro parto, que indicam o potencial do animal para produzir filhas cujo primeiro parto seja mais ou menos precoce.

O técnico da Associação Brasileira do Santa Gertrudis (ABSG), Anderson Fernandes, explica que no caso da idade ao primeiro parto, quanto mais negativa for a DEP melhor, ou seja, menor será a idade ao primeiro parto de suas filhas.

E para comemorar os 70 anos da chegada da raça no Brasil, a Associação Brasileira de Santa Gertrudis realizará entre novembro e dezembro deste ano o Congresso Mundial da raça, um evento que acontece a cada dois anos sendo cada edição em um país sede. O vento reunirá criadores da raça presentes em todo mundo, com palestras e muita troca de informações, passando por 4 estados do território brasileiro.

“Será um momento de mostrarmos aos pecuaristas as características do Santa que trazem resultados porteira a dentro, o porque da raça estar presente a tanto tempo no Brasil e no mundo, sua consolidação e mais ainda, o que ela ainda pode agregar na pecuária brasileira”, destaca o presidente da Associação Brasileira do Santa Getrurdis, Gustavo Barreto.

Fonte: Associação Brasileira de Santa Gertrudis

Expo Açailândia

O Conexão Rural marcou presença na 11ª  Expo Açailândia (MA) 2023, que foi realizada com sucesso de 5 a 13 de agosto.

No próximo fim de semana, já na TV Liberdade-Rede TV, canal 4.1, de Imperatriz (MA), às 12h, apresentaremos entrevistas com o presidente do Sindicato Rural, Paulo Lira, e com o secretário de Agropecuária e Agricultura do Maranhão, Diego Rolim e com expositores da feira.

“A presença do governo do maranhão nas feiras agropecuárias é fundamental para reforçar o diálogo e a proximidade com os produtores, sindicatos e trabalhadores rurais do maranhão. Sob a orientação do nosso governador Carlos Brandão, mostramos as novidades do setor e divulgamos as ações do estado em nosso estande, na Expo Açailândia”, disse o secretário Diego Rolim, em entrevista ao Conexão Rural.

A cobertura da Expo Açailândia 2023 teve o patrocínio da Soberana Agropecuária e da Nelore Arco-Íris.
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