MENU

24/06/2023 às 00h00min - Atualizada em 24/06/2023 às 00h00min

UMA MÃE INDIGNADA

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
O pai estava indignado com a atitude seu filho NÚMERO UM. Tão indignado que a veia jugular estufava-se ao falar. E a sua cara de enfezado não escondia o ódio, a frustração, a mágoa, o ressentimento a que se submetia por conta da atitude do seu filho NÚMERO UM. É que este, para facilitar o acesso do seu irmão NÚMERO DOIS, a um joguinho de pelada (de várzea), falsificou o registro de nascimento, alterando a idade do irmão. Então o pai, visceralmente indignado, perguntava: Como pode um ****** (dizia o que imaginava ser a profissão grandiloquente do filho), fazer uma coisa dessas?

Essa “falsificação” e o alarde que se fez em torno dessa “falsidade ideológica”, rendeu panos para as mangas, dura fissuras mas... a vergonha é só para quem tem. Hoje ninguém mais fala disso. Nem lembra disso. A vida tem dessas coisas.

TEM CARNE NO AÇOUGUE
A moça achou que deveria ter dois namorados e tinha. Sim e daí? E daí que numa festa, no interior, encontraram-se lá os três: A moça e seus dois namorados. Os dois, namorados sentiram-se estupidamente decepcionados, humilhados. A moça, não. Ela estava, simplesmente, na dela. Aí os dois marmanjos combinaram em aplicar na namoradeira, uma lição: Amarram-na com uma corda a noite inteira, num matagal perto da festa, enquanto ambos os rapazes, coniventes entre si, curtiam a festa, numa boa!

Ocorreu que, lá pela madrugada, os rapazes  (ou um deles?), anunciava/m que ao amanhecer do dia teriam um açougue, carne de uma novilha gorda, bonita, “mojada”. E então as encomendas eram tantas e a suposta carne da novilha já não dava para quantos queriam. E quando amanheceu o dia e quando o povo esperava pelo açougue, quem aparece? A moça amarrada, em pleno terreiro! Olha a humilhação!

Ao que se teve notícia, o caso foi parar na polícia e depois na Justiça. Mas a notícia que se teve também, é que, na Justiça, o caso simplesmente “apodreceu” quer dizer: PRESCREVEU. Não deu em nada.

ARGEMIRO DE BASTIÃO
Argemiro De Bastião era um “confusista”. Vivia arrumando confusão. Um dia, numa festa no lugar Fala Só, estava lá dando uma de santinho, quieto, na dele. Nada não! Era o capeta e “só faltava o rabo”, diziam as pessoas. Na festa a radiola tocava todas as “pedras”, puro reggae. Argemiro querendo quebrar o gelo, foi lá e pediu um bolero, Valdick Soriano. O cara da radiola, dando de ombro, disse que ali não tocava bolero. Ah pra quê? Argemiro de Bastião foi lá e quebrou tudo e não deixou pedra sobre pedra. E desafiou quantos quisessem brigar “de macho por macho”

Ninguém se atreveu. Aí, então foram chamar o MATA SETE, que, na moral e na submissão, chamavam-no de SEU SETE, para dar “cobro” ao valentão. Ganharia algum dinheiro pelo serviço. SEU SETE, até que topou a empreitada. Chapéu na cabeça, faca na cintura e... antes do pé na estrada, perguntou: Sim, quem é que está lá? E quando lhe disseram que era ARGEMIRO DE BASTIÃO, SEU SETE usou da franqueza: - Gente, vocês não têm Juízo? Eu já não disse a vocês que não mexam com Argemiro de Bastião? Criem juízo e larguem  Argemiro de Bastião. E fim de conversa.

AS ÁGUA DE UM RIO...
As águas de um rio correm sinuosas, por vezes num retão, mas, enfim, obstinadas. Ora revoltas, ora na mansidão, ora na corredeira, ora quase parando. Mas, enfim rumo ao seu destino que já se faz traçado e, por NATUREZA-DA-CRIAÇÃO, determinado.

E por mais que cerquem o rio, por mais que se lhe mudem ou tentem mudar o seu curso (o seu destino), o rio continuará a sua obstinação, a sua meta, o seu destino. Uns que no inverno se enchem, outros e eles mesmos que no verão secam. Mas, ainda que no puro leito, no chão de terra, ainda assim se dirá que ali é um rio. Digo assim porque é assim como tenho experimentado.

E deságuam (e desembocam) como que completando o seu ciclo, a sua missão. A sua vida. Mas ainda assim, outros “braços” outros veios os alimentam, ora estendendo o seu ciclo de vida, ora a sua a sua longevidade, num cumprimento da “missão” a que fora designado.

Permito-me então a cismar que os seres humanos são assim: Quais os rios que sobre a terra têm uma missão de vida a cumprir, até que a uma distância deságuam no cumprimento do seu ciclo, da sua sina, da sua obstinação. Do seu destino. E quando voltamos ao nosso princípio, eis que tudo começa novamente! Eis a vida que se faz em outra vida! Ou... doutra vida.

* Viegas interpreta e questiona o social.
Link
Leia Também »
Comentários »