06/05/2023 às 00h00min - Atualizada em 06/05/2023 às 00h00min
Oropouche (Virose)
Estou hoje na África. No Golfo da Guiné, de onde muitos ancestrais de brasileiros partiram para uma travessia do Atlântico, acorrentados, em porões fétidos e insalubres. Muitos não chegariam ao fim da viagem e seus corpos seriam jogados ao mar… e jamais voltariam à sua terra natal.
Destinos dos negros escravizados rumo a América.
O Brasil foi o destino de cerca de 4 milhões de almas.
Estou em missão para o Conselho Federal de Medicina junto aos países da Comunidade Médica de Língua Portuguesa.
Em outra oportunidade falarei disso.
Hoje discorro sobre essa virose que está presente em nossa região.
É uma arbovirose, transmitida por um inseto, o mosquito.
Em julho de 2017 pesquisadores da USP em Ribeirão Preto alertaram para o potencial de se espalhar dessa doença semelhante ao Zika vírus.
Hoje ela é bastante comum no norte e centro-oeste do país, estimando-se que já ocorreram cerca de 30 surtos na região, em grande escala, transmitida por um mosquito comum na região, o Culicoides Paraensis.
Os especialistas não conseguem prever onde e quando ocorrerão novos surtos, que ocorrem no verão. São semelhantes à febre amarela e também com dois ciclos: o silvestre, em animais como macacos, preguiças e aves silvestres e o urbano quando o homem é o único hospedeiro.
Os sintomas são os de uma virose como febre, calafrios, dor de cabeça, dor em articulações, mialgias e náuseas e a picada do mosquito é dolorosa e alergênica devido substâncias presentes na saliva do mosquito.
Pode ser confundida e é, com a dengue já que tem também, fotofobia, dor ocular e tonturas.
Como outras viroses Zika e Chikungunya, o ciclo febril dura de 5 a 7 dias. Diferente das outras, ela é mais sintomática, na Zika, por exemplo, 80 % das pessoas não manifestam sintomas.
É diagnosticada com base nos sintomas. O exame de PCR (cadeia de polimerase) somente é realizado em poucos laboratórios com recursos.
Como outras viroses o tratamento é sintomático. Como a dengue, deve-se evitar medicamentos à base de ácido acetil salicílico (aspirina), apesar de não se ter comprovado riscos de sangramento.
Geralmente os sintomas passam com cinco a sete dias, mas pode haver retorno deles com ao fim da primeira infecção com 14 dias.
Deve-se realizar a prevenção. Se você mora ou vai a regiões endêmicas, use repelentes entre 7h e 9h e de 16h e 18h, usando sempre roupas longas com pouca exposição da pele nesses horários
Mosquiteiros são recomendados.
Essa virose não tem relatos de complicações graves, porém casos de meningite e encefalites têm sido relatados.
PREVENÇÃO SEMPRE!