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10/09/2022 às 00h00min - Atualizada em 10/09/2022 às 00h00min

Memórias do "Caixa D’Água"

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
"Caixa D´Água" era um “quebra-galho de policial civil”, um tipo “bate-pau” desses que muito existiram em João Lisboa, por exemplo. Aqui em Imperatriz, também. Um “colega de boa fé” emprestou uma grana para o
"Caixa D´Água". Uma grana que, aliás, não era lá essas coisas. Mas, cobrança vai, cobrança vem e... "Caixa D´Água", nada...

Ocorreu que o credor teve que mudar-se daquela região de Aldeias Altas, mas não podia levar atravessado na garganta aquela dívida do
"Caixa D´Água" que ele achava que não pagava de puro velhaco e sacana que era. E então fez-lhe uma proposta: Levaria consigo a sua mulher. "Caixa D´Água" topou na hora. Com a desculpa: “Fazer o quê, né?

MEMÓRIAS DE UM “GARAPEIRO”

"Garapeiro" era um velho policial. Tirava proveito em tudo, daí o apelido. Estava sempre a postos. Quando alguém dava um cano noutro ou porque tomava emprestado e não pagava, ou porque comprava fiado e não pagava e a vítima ia se queixar na polícia, então o GARAPA se vingava: “Se fosse eu, pra mim não vendia fiado; pra mim não emprestava”.

UMA VELHA LENDA...

Conta a lenda que o gato estava dizimando impiedosamente uma colônia de ratos. Eram mortes e desaparecimentos seguidos. A colônia estava em polvorosa! Reunidos em assembleia (rato é bicho que entende assembleia), um velho palpiteiro deu um palpite (que em assembleia o que mais tem é PALPITE): “Punha-se um GUIZO no pescoço do gato”. Todos (em assembleia), acharam BRILHANTE a ideia!!! Mas, no calor da solução, um palpiteiro de plantão, perguntou; “Sim, mas e quem é que vai colocar o guizo no pescoço do gato”?

Isso faz lembrar outro lendário tempo: O TEMPO DA LAVAJATO. Lembra? Corrupções mil, mil corrupções sacudiam o País das Maravilhas. Uma loucura! A BRITADEIRA, de vento em popa, ia de água abaixo. Nesse meio de caminho surgiu (pelo menos surgiu) o nome de um gato. Um velho gato de couro grosso e tentáculos draconianos. Era um tempo da TORNOZELEIRA ELETRÔNICA. Aí das multidões veio uma pergunta: Sim, mas e quem é que vai botar a tornozeleira na perna do gato?  E então na assembleia, ôh!, quer dizer, na rádio-pião, FEZ-SE SILÊNCIO!

"ZÉ BICUDO"

"Zé Bicudo", meu surrado personagem em carne e osso de tantas versões da vida real era um LABISONHO tido e havido por todos, ali. Não havia quem não tivesse medo de
"Zé Bicudo", por ali. Certa feita, princípio de noite, os roceiros estavam todos reunidos à espera de uma caminhoneta que, sem mais demora levaria “uma carrada de gente” para uma festa, dali a uns quinze quilômetros. "Zé Bicudo" estava presente no terreiro.

Pedro de Didi, um eterno presidente da Associação de Moradores, já dentro do carro resolver fazer uma graça e uma média com
"Zé Bicudo": “Vambora seu Zé”.  – Quá, eu tenho medo desse bicho. Vão andando que eu chego lá. Respondeu o sujeito. E quando a camioneta chegou ao terreiro da festa, conta Pedro de Didi, “'Zé Bicudo' há muito já está lá”.

O ARMÁRIO...

Naquele velho tempo já existia o ARMÁRIO. No armário guardavam-se pratos, louças, garfos, colheres, depósito de arroz, farinha, feijão, sobras de comida e tudo o mais. O ARMÁRIO, imagine!, tornou-se o esconderijo e a deserção da sexualidade de muita gente. Uns porque se trancavam e a ainda se trancam no ARMÁRIO, outros porque saíram e continuam saindo do ARMÁRIO.

Enfim o armário como ponto de cobertura e descobertas de tanta gente por aí. Ultimamente e mais do que nunca, com esse negócio de DIRETA E ESQUERDA o ARMÁRIO tornou-se o vilão de tantas culpas e desculpas. E daí os casamentos homossexuais de papel passado. E hai de qual ao menos olhar atravessado é HOMOFOBIA e pode ser preso e processado.

Recente, publicamente, um casal - quer dizer, uma dupla, dizia-se feliz por ter se livrado do ARMÁRIO, diziam que era como se tivesse tirado um peso de toneladas das costas e da consciência”. Diziam-se felizes da vida por terem enfim se livrado do ARMÁRIO.

Velhos tempos aqueles tempos em que o ARMÁRIO estava lá, entre guardando e escondendo e camuflando as opções de tanta gente. Agora não, o ARMÁRIO SE ESCANCAROU. Liberou geral. E ai de quem ao menos olhar atravessado – porque poderá ser preso, processado e condenado. O mundo está mudado. E o ARMÁRIO por um tempo foi o CULPADO.

* Viegas questiona o social
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