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21/05/2022 às 00h00min - Atualizada em 21/05/2022 às 00h00min

TU AINDA TÁ LÁ?

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
Volta e meia eu via pelas ruas, por aí, um homem de idade mediana, trinta e poucos anos, estatura mediana, de cor parda. De reflexos e atitudes retardadas, típicas de quem usa narcóticos, do tipo “remédio controlado”. Eu tinha a impressão de que ele tremulava as mãos. E, outras vezes, seja ao andar ou ainda que parado. Em uma das mãos, conduzia sempre uma surrada caixa vazia de medicamento faixa preta e na outra, uma também surrada receita médica tipo essas da rede pública, num pape ordinário. Tinha também a impressão de que ele vinha de outra cidade para a mendicância por aqui. De João Lisboa, ou de Senador La Roque, talvez. Não sei. Quem sabe até de um povoado das beiradas.

Sempre que me via, trêmulo, humilde, retraído, lento,  ele se aproximava e dizia num gesto de pleno despojamento: ”Ei, me dá um dinheiro”. Eu tinha a impressão de que ele não distinguia o dinheiro, o valor do dinheiro. Bastava-lhe o dinheiro. Aí eu lhe dava algum dinheiro e ele caía numa risada - histriônica, desconexa. Em seguida ele me perguntava – TU AINDA TÁ LÁ?

- Não, eu já saí de lá. E ele caía na risada, histriônica, desconexa. Da próxima vez que me via o pedido era o mesmo: “Ei, me dá um dinheiro.” E quando eu lhe dava um dinheiro ele, no tom de sempre, caía na risada. E perguntava em tom amistoso: TU AINDA TÁ LÁ? Uma pergunta que eu imaginava que ele a qualquer um perguntava. Aí, para ver a sua (dele reação) eu mudei a resposta. - Eu ainda tô lá. Ele caía na risada! Nunca mais vi esse homem. Eu tinha a dura impressão de que ele, esteve internado em algum manicômio (hospital psiquiátrico), por aí, durante algum tempo.
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ME ENGANA QUE EU GOSTO!!!
Era uma vez! E eu ia na estrada a cem por hora. E na beira da estrada uma placa. E na placa (imagine!!!), a prestação de contas de uma Prefeitura! Mesmo a cem por hora, pude ver na prestação de contas, uma beleza! Quer dizer, uma lisura! Pude ver que de uma fortuna que a Prefeitura recebeu para executar uma certa obra, sua Excelência o Senhor Prefeito ali presta contas tim-tim por tim-tim centavo por centavo, tostão por tostão! Tudo certinho, tudo bonitinho!   Não faltava nem sobrava. Tudo certo, até os centavos. Isso, numa placa de beira de estrada é uma beleza!

Ainda moleque eu ouvia dos mais velhos que  “o papel agüenta tudo”. Tudo o que botar nele ele, ele agüenta. Hoje eu entendo que assim como o papel, uma placa na beira da estrada também aguenta tudo. Ora se aguenta!!! E uma prestação de contas da Prefeitura, então... é uma belezura! E eu ali a cem por hora: “me engana que eu gosto”.

O mundo deu algumas voltas e volta e meia eu vejo e ouço; ouço e vejo  prestações de contas dos entes municipais, bem como das Câmaras da vida! E lá se vai tudo certinho, tudo bonitinho, tudo aplicado conforme o figurino tudo APROVADO-DO-DÓ, macaxeira-mocotó!

Falando nisso, só para citar um caso isolado que aliás de isolado não tem nada. Mas eis que no País das Maravilhas, as contas de uma certa Prefeitura foram um vexame, um estrago. Tudo errado. Uma roubalheira aos olhos da cara. Um escândalo qual um esgoto  A CÉU ABERTO! Foi nesse sentido que apurou o Tribunal de Contas no Pais de Faz de Contas. E mandou todo aquele CALHAMAÇO de volta para o Município, para ser julgado pelos Tribunos da Plebe. Bacana né? Devolvendo a carniça aos cuidados das hienas.

Aí os  Homens Bons – como eram também chamados os Tribunos da Plebe, ao conchavo com o Homem que guarda a chave do cofre público, disseram a um só tom: “Esses caras do Tribunal de Contas, sem tirar nem botar estão todos errados”. Eles não sabem nada”. E repetiram,“sem tirar nem botar”: Disseram mais: O Homem do cofre público está certo, certinho, certíssimo! E aí eu fico olhando essas e outras (????), que no País de Faz de Contas, o errado é que está certo.
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CAPIJAS, avisa para o Seu Coló que a minha onda agora, será escrever uma coluna feita de “tópicos”, em pequenos textos. Qual eu fazia nos velhos tempos de VISÃO GERAL e, ainda por cima com a minha velha assinatura: CLEVIEGAS. Faça isso sem morder e sem atropelar as palavras. OK?! Tem mais, lá embaixo: * Cleviegas é o olhar do pássaro sobre o galho. Hei Capijas, te segura...

* Viegas questiona o social.
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