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11/12/2021 às 00h00min - Atualizada em 11/12/2021 às 00h00min

Vamos proteger o fígado!

NAILTON LYRA

NAILTON LYRA

O Doutor ​NAILTON Jorge Ferreira LYRA é médico e Conselheiro do CRM/MA e Conselheiro do CFM representando o Estado do Maranhão


  
Muito comum no Brasil nos diversos consultórios médicos, principalmente nas segundas feiras a queixa, “Doutor estou mal do fígado, a barriga tá inchada e tá doendo” isso depois de um final de semana em que houve excesso de comidas principalmente gordurosas e do álcool, outras queixas associadas são tenho digestão difícil, o meu fígado não funciona, como e tenho dor de cabeça por causa do fígado, fico empanzinado porque meu fígado não faz digestão e por aí vai. Todos nós conhecemos estas queixas e todos temos uma receita para os “males do fígado”!

Mas qual a realidade? existem remédios que protegem o fígado?

No balcão da farmácia você irá achar um sem número de medicações para o fígado e no “raizeiro” outras centenas. Fazem milagres!

Mas a verdade é outra tentarei ajudar aos leitores com algumas informações úteis sobre medicamentos e fitoterápicos na hepatologia (ciência que estuda o fígado).

Basicamente nas especialidades farmacêuticas ditas “para o fígado” são aplicados oito compostos a silimarina, metionina, betaína, acetilmetionina, colina, ornitina, acetilcisteína e ácidos biliares, algumas vitaminas são incluídas como a vitamina B12, a vitamina E o mineral Selênio.

Muitos desses fármacos tem origem em plantas como o curcumim e o representante mais conhecido desses grupos é a Silimarina derivada da semente da planta Silybum marianum originária do sul da Europa, Norte da África e Ásia e muito bem adaptada nas Américas, seus representantes comerciais mais conhecidos são silimalon® , legalon® , Forfig®.

Rapidamente vou referir a duas metanálises realizadas com esse fármaco, na primeira em um grupo de 1209 pacientes não houve diferença na mortalidade mas melhora de uma enzima hepática chamada de ALT, na segunda com 905 pacientes também não houve diferença na mortalidade, mas a mortalidade de causa hepática foi um pouco melhor no grupo que usou a Silimarina, mais estudos são necessários. O verdadeiro papel desse fármaco nas doenças hepáticas ainda não está definido.

Muitos hepatoprotetores listados também tem efeito lipotrópicos  que levam a retirada de lipídeos ou a sua deposição no fígado (esteatose hepática), exemplo Epocler®  Xantinon® .

E as plantas, medicamentos fitoterápicos, em um pais como o Brasil, onde o fígado tem costa larga e é “culpado” de uma variedade de sintomas, e nossa cultura de utilizar fitoterápicos desde o tempo da vovó como são usados e quais são? Listaremos algumas:

Alcachofra  contém cimarina que estimula as funções hepáticas e o fluxo biliar, Cardo-mariano (silimarina) contém sistosterol, Ômega 6 e 9, úteis nas condições inflamatórias do fígado como a esteatose, Rábano negro compostos sulfurados que melhoram o fluxo biliar e a digestão de gorduras, Dente-de-Leão polifenóis, triterpenos, inulina e mucilagem compostos amargos que favorecem o fluxo biliar, Cúrcuma (açafrão da terra) reduz desconforto digestivo, melhora níveis elevados de colesterol, melhora funcionamento da vesícula, anti-inflamatório, Picão preto (Bidens pilosa) usado em icterícias nas hepatites na icterícia neo natal e está na lista de medicamentos fitoterápicos do SUS. E, finalmente, o REI, O BOLDO !!! (peamus boldus), preferido da turma dos sábados, tem alcaloides, flavonoides, para além de taninos, melhora funcionamento da vesícula, protege o fígado de várias toxinas e radicais livres, função anti-inflamatória. Ah ! o Café também é considerado um extraordinário hepatoprotetor, estudo na Gastroenterology, 2010, 139:1699).

Mas a verdade cientifica é que não existe, de fato, medicamentos hepatoprotetores suportados por trabalhos de longa série na literatura médica. Devemos estar atentos para medicamentos que podem causar efeitos tóxicos no fígado como o paracetamol, o acetoaminofeno, o diclofenato, a nimesulida, amoxicilina clavalunato, isoniazida e muitas outras..

A melhor proteção hepática é a vigilância ao consumo excessivo do álcool, atenção ao uso de medicamentos potencialmente hepatóxicos, não ao uso de drogas ilícitas, atenção a  obesidade e a dislipidemia (níveis de colesterol e triglicerídeos), quem dor diabético atenção a sua glicemia,  e a atividade física é fortemente recomendada. Então, cuidado com a vida artística, a picanha e a cervejinha nossa dos finais de semanas e atenção na cinturinha de pilão.
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