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16/01/2024 às 17h38min - Atualizada em 16/01/2024 às 17h45min

Em um dos estados mais pobres do país, estudantes de escolas públicas descobrem um mundo novo com a robótica

Já são mais de 26 municípios contemplados com uma iniciativa com características inéditas no país criada pelo SESI Maranhão

Imprensa FIEMA
Equipe Artbot Girls, Centro de Atendimento Educacional Especializado Altas Habilidades e Superdotação de São Luís - Fotos: Divulgação
 
SÃO LUÍS – O ineditismo de um projeto ousado idealizado e coordenado pelo Serviço Social da Indústria no Maranhão em 2022 está mudando a realidade de crianças e adolescentes de escolas públicas maranhenses. O aprendizado da robótica rompe barreiras e abre novas perspectivas para estudantes de territórios quilombolas, de assentamentos rurais e de cidades distantes da capital maranhense. Por meio do Projeto SESI Prototipando Sonhos, os alunos encarnam outros papéis, se desafiam e criam um futuro no qual são protagonistas de suas próprias histórias.  

Prototipando Sonhos é um projeto inovador e com características únicas em todo o Brasil. Por meio de treinamento, material, concessão de bolsas de iniciação científica da FAPEMA e de participação em competições, o projeto populariza e democratiza a robótica. Nesta temporada do Torneio SESI de Robótica Regional Maranhão, que acontece neste final de semana (13 e 14/01), 308 estudantes e 76 técnicos de 26 municípios maranhenses participam do projeto, que vem contribuindo para torná-los mais produtivos, inovadores e construtores de soluções para a sociedade.  

Metodologia do projeto – As oficinas de robótica funcionam com 20h semanais de modo itinerante, atendendo a um cronograma previamente organizado. As equipes são definidas pelas escolas apadrinhadas e validadas pelo SESI-MA durante as oficinas em unidade móvel de robótica. Os estudantes de escolas públicas, municipais e estaduais, aprendem com a mesma metodologia do ensino de robótica educacional e de competição dos alunos do SESI-MA. A iniciativa conta com a parceria do governo do Estado, por meio da FAPEMA, e do SEBRAE-MA. 
  
Dois profissionais do SESI- MA atuam como técnicos das equipes, no processo formativo do projeto. As duas unidades móveis do Sesi Prototipando  Sonhos dispõem  de mobiliários, equipamentos e materiais, semelhantes  aos das escolas da Rede  SESI-MA, disponíveis  para atendimento  às equipes apadrinhamento. 

“A proposta do SESI é permitir que esses estudantes sejam inseridos no mundo da robótica de forma saudável e construtiva, equilibrando as exigências de repassar conteúdos e conhecimentos, com a necessidade de estimular no aluno a confiança, a autoestima, as competências emocionais e sociais para compreender a si mesmo, interpretar e interagir com a realidade e, assim, superar os desafios da vida e construir o seu futuro sintonizado com as exigências do mercado de trabalho”, afirmou Diogo Lima, superintendente do SESI-MA.  

FUTURO - Quem está vivendo essa oportunidade pela primeira vez são os alunos da Escola Municipal Barão de Grajaú, da cidade de Alcântara. A escola fica localizada na zona rural, mais precisamente na Agrovila Cajueiro. A unidade de ensino contempla alunos quilombolas de 14 povoados que ficam em seu entorno.  A aluna Louana Priscila Araújo Oliveira, de 13 anos, integra a equipe que leva o mesmo nome da escola. Ela conta que o seu grupo tem espírito de coletividade, que hoje convive melhor com opiniões diferentes e que fez muitos amigos na robótica.  

“A robótica me deu a oportunidade de aprender novas coisas e de desenvolver outras habilidades. Estar no torneio dá nervosismo, mas é bom pensar que estamos entre equipes maravilhosas. A robótica me abriu os olhos para novos caminhos e quero levar isso para o meu futuro”, disse a estudante que compete no Torneio SESI de Robótica Regional Maranhão, que já é considerado o maior do país pela First Lego League no Brasil.    

E é pensar sobre o futuro de crianças e adolescentes quilombolas que enche de esperança o técnico Raimundo dos Remédios. Ele falou que apesar de grandes desafios, a equipe teve um ano incrível no Prototipando Sonhos. “Futuramente nossos alunos podem trabalhar no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), que utiliza alta tecnologia. E o pontapé inicial é o Prototipando Sonhos”, antecipou Remédios. 
 
Já Erick Reis, técnico da equipe Roselitec, de Lagoa Grande do Maranhão, conta que a equipe de quatro integrantes foi montada respeitando a paridade de gênero e para incentivar a participação das meninas em espaços de construção da robótica. O grupo vem de um assentamento de reforma agrária chamado SIGRA e no ano passado fez a sua estreia levando o 1º lugar na categoria Core Values, o que motivou muito a equipe. “Essa premiação tem tudo a ver com o que ensinamos na escola, que incentiva os valores de construção coletiva, de trabalho cooperado e de autonomia do sujeito”. Como escola técnica, já produzíamos tecnologia, mas o Prototipando Sonhos provocou o desejo de ir além.  

Sobre a paridade na disputa das vagas para a etapa nacional do torneio, com 10 vagas distribuídas igualmente entre escolas públicas e privadas, Erick disse que essa é uma estratégia muito acertada do SESI Maranhão. “Isso faz com que a gente desperte muitas mentes brilhantes que não têm condições materiais e acesso a oportunidades para realizar seus sonhos”, avaliou. Davi de Oliveira e Eloá da Silva Sousa, ambos de 13 anos, fazem parte da equipe e estão preocupados com a migração dos jovens dos assentamentos e a solução que encontraram é levar a robótica para as demais escolas, assim como oficinas em áreas como literatura. Em resumo, os estudantes querem continuar ampliando o acesso de outros adolescentes à robótica.  

Do Centro de Atendimento Educacional Especializado Altas Habilidades e Superdotação de São Luís participam seis equipes, totalizando quase 40 integrantes. A gestora do Centro e técnica das equipes, Sandreliza Mota, ressaltou o aspecto inclusivo do torneio e como o Prototipando Sonhos potencializa os talentos das crianças e adolescentes. “A interação e o intercâmbio que a iniciativa proporciona reforça ainda mais o core values, como espírito de equipe, inclusão, cooperação, integração e respeito que nós praticamos no dia a dia”, afirmou. 

Em 2022, o Departamento Nacional do SESI realizou a Avaliação de Impacto do Torneio SESI de Robótica sobre o Desempenho Escolar dos Estudantes. Foram comparados os estudantes que competiram pelo menos uma vez entre 2018 e 2019 com alunos que não participaram de torneios no mesmo período. Entre os principais resultados, o estudou chegou à conclusão de que os competidores tiveram uma nota 5 pontos maior do que aqueles que não competiram em uma escala de 0 a 100, o que representa uma diferença de 6,4%. Além de matemática, os competidores alcançaram notas maiores também em linguagens e ciências humanas e sociais.

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