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24/12/2020 às 00h00min - Atualizada em 24/12/2020 às 00h00min

TCC de bacharel em Geografia trata sobre escravidão em município maranhense

Glaucilene Oliveira - Ufma
Bacharel em Geografia pela UFMA, Matheus Barros - Foto: Divulgação
SÃO LUÍS - O município de Codó, ao leste do estado do Maranhão, é considerado atualmente um dos municípios com maior número de trabalhadores encontrados em situação de escravidão pelo país, de acordo com dados do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoa. Com base nisso, o bacharel em Geografia pela UFMA, Matheus Barros, apresentou o Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Trabalho Escravo e a Atuação da Comissão Pastoral da Terra em Codó (MA)”, sob orientação do professor Sávio José Dias Rodrigues, de forma on-line, na quinta-feira, 16.

O interesse pelo assunto surgiu a partir de pesquisas feitas durante a iniciação científica, em 2017, desenvolvidas junto com o Núcleo de Estudos Geográficos (Nego) da UFMA, com o plano temático “Tipologias do Trabalho Escravo no Maranhão”. Conforme o autor, a monografia traz à tona o ressurgimento do trabalho escravo; a pós-abolição em 1888, que se apresenta como trabalho análogo à escravidão; e o trabalho forçado ou trabalho escravo contemporâneo. Assim, ele parte da análise geral do contexto histórico da escravidão brasileira até a sua “abolição”, destacando desde os primeiros casos denunciados até a criação de diversas frentes de combate a essa nova modalidade de trabalho escravo, associando esse fenômeno em Codó.

O estudo leva em consideração fatores de vulnerabilidade que contribuem para o aliciamento dos trabalhadores para a escravidão, como dificuldades de acesso à educação, condições socioeconômicas, conflitos territoriais, e a ausência de direitos básicos ao trabalhador. Além disso, reúne relatos colhidos junto a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e busca entender, por meio de depoimentos dos agentes entrevistados, a situação dos trabalhadores resgatados, assim como dos trabalhadores que vivem em situação de vulnerabilidade nas comunidades atendidas pela CPT por meio da Rede de Ação Integrada para Combater a Escravidão (Raice).

“Todos esses relatos obtidos nos levam a refletir sobre a deficiência da aplicabilidade dos direitos básicos aos trabalhadores, e as consequências disso são convertidas nos altos números de ocorrências relacionadas ao trabalho escravo”, declarou.

Barros destacou a dificuldade encontrada durante a realização da pesquisa. “A principal é o contato com o trabalhador resgatado, visto o medo e o trauma após o resgate. Durante os relatos coletados fica confirmada essa característica em todas essas vítimas, principalmente pelas ameaças e humilhações sofridas durante o tempo em que a pessoa ficou submetida à situação de escravidão”, comentou.

Com a apresentação da monografia, o estudante ressaltou o próximo passo com a pesquisa. “Pretendo continuar desenvolvendo as minhas pesquisas agora em uma nova etapa da vida acadêmica, aprovado na turma de 2021 do mestrado em Geografia da Universidade Estadual de Campinas, referência em estudos sobre a temática”, revelou.

 

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