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11/09/2023 às 19h44min - Atualizada em 11/09/2023 às 20h00min

Indígenas do Cerrado maranhense debatem mudanças climáticas e REDD+ em evento

Sinéia do Vale foi a ministrante da oficina, ela atua há 30 anos na área ambiental e na defesa de direitos

Ariel Rocha
Fernando Ralfer
 
Povos indígenas do Cerrado maranhense participaram de uma oficina sobre transformações climáticas e REDD+, realizada na Aldeia Recando dos Cocais, na Terra Indígena Krikati, em Montes Altos (MA). Na ocasião, mais de 100 indígenas, de vários povos, debateram sobre o clima e se aprofundaram na sigla REDD, que significa Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal. Com o símbolo +, a sigla inclui a conservação e aumento dos estoques de carbono florestal e o manejo sustentável das florestas. 

O evento ocorreu nos dias 05 e 06 de setembro, promovido pela Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Brasil), Instituto de Pesquisa da Ambiental da Amazônia (Ipam), Associação Comunitária Wewetyj e Articulação de Mulheres Indígenas do Maranhão (Amima). A Coordenadora do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC), a gestora ambiental e líder indígena Sinéia do Vale, foi a ministrante da oficina. Vinda de Roraima, ela atua há 30 anos na área ambiental e na defesa de direitos.  

A palestrante explica que o REDD é um mecanismo criado pelos países para reduzir o aquecimento global, uma compensação para que aqueles que degradam, parem de fazer isso. Contudo, o REDD+ é o diferencial do mecanismo, incluindo quem mais preserva, que são os povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas. “Para complicar um pouco mais, ainda temos o REDD Jurisdicional, que se diz legal e entra pelos Estados, que, por sua vez, constroem estratégias de REDD, onde começam a implementar políticas públicas”, explica Sinéia. 

Ainda de acordo com a coordenadora do CIMC, na oportunidade da oficina, os participantes puderam conhecer mais sobre o mecanismo, principalmente o recorte que cabe aos povos indígenas. “É preciso estar ciente de que para construir o diálogo, é preciso debater até desde a construção do projeto. Então, precisa ter uma consulta e um entendimento primeiramente do que é esse REDD Jurisdicional. Como os povos vãos estar inseridos através das políticas públicas. Ser parte na construção, não apenas como beneficiários”, diz. 

A coordenadora da Região Sul na Amima, Diolina Krikati comenta que a participação de vários povos na oficina também foi uma forma de intercâmbio, com um debate complementado com os conhecimentos indígena e não indígena. “Ao tomar conhecimento sobre o REDD e os tipos de coisas que envolvem o mecanismo, estamos nos fortalecendo nessa luta em defesa do meio ambiente. Com as transformações climáticas, cada vez mais precisamos estar conscientes, esse tipo de oficina é essencial nesse processo de conhecimento e fortalecimento da nossa comunidade”, ressalta Diolina, que é professora e uma liderança jovem na comunidade Krikati. 

A supervisora da Agenda Indígena da FAS, Rosa dos Anjos, explica que para os povos indígenas opinarem sobre o assunto, é preciso entender o que é REDD+, suas particularidades e como se dá esse processo. “Essa é uma discussão mundial e as mudanças climáticas afetam diretamente os povos indígenas, seus territórios e modos de vida. E, através de um comitê formado pelo PNUD, que tem mulheres indígenas participando, foi questionado ter esse tipo de diálogo dentro das terras indígenas, como essa oficina que ocorre sobre REDD+”, explica. 

De acordo com a Coapima, a previsão é que mais oficinas como essas aconteçam em outros territórios indígenas do estado, com a formação mais ampla de pessoas no que diz respeito ao tema. Por conta do REDD+ ser um instrumento desenvolvido pelas Nações Unidas para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus resultados relacionados à recuperação e conservação de suas florestas, a discussão caminha de forma inicial no Maranhão, mas está muito avançada em outros estados do Brasil.

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