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24/07/2023 às 18h33min - Atualizada em 24/07/2023 às 18h33min

Acusado de ordenar mais de 50 mortes, ‘Dad Charada’ é encontrado morto no presídio Barra da Grota

Criminoso foi preso no Rio Grande do Sul e recambiado para o Tocantins ainda neste mês

Da Redação - TO
Com Informações da SSP
Carlos Augusto, conhecido como Dad Charada, encontrado morto em cela do Barra da Grota - Foto: Divulgação
 
O criminoso apontado pela Polícia Civil do Tocantins como sendo o articulador de pelo menos 50 homicídios dos 92 registrados em Palmas no primeiro semestre deste ano, foi encontrado morto dentro de uma das celas da Unidade de Tratamento Penal Barra da Grota (UTPBG), em Araguaína, na noite de sábado (22/07). Ele foi preso no Rio Grande do Sul e encaminhado para Palmas no dia 11 de julho.

Carlos Augusto Silva Fraga, 30 anos, conhecido pela alcunha de ‘Dad Charada’, estava pendurado nas grades da cela por uma corda feita com lençóis, conhecida como ‘teresa’, e foi encontrado pelos policiais penais durante o procedimento de rotina de conferência de presos. Ele seria um dos chefes da facção Comando Vermelho (CV).

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, compareceu ao presídio e confirmou o óbito. A Polícia Técnico-Científica realizou os procedimentos periciais.

A Secretaria de Cidadania e Justiça (Seciju) informou que Carlos Augusto estava sozinho dentro da cela. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Araguaína. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que foi realizado os exames de necropsia e aguarda a manifestação de familiares para liberação do corpo.

Ainda segundo a SSP, embora haja evidências de que ele tenha tirado a própria vida, o caso será investigado pela 2ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (2ª DHPP - Araguaína), cuja equipe já esteve no local colhendo elementos para a investigação.

 

Entenda

Carlos Augusto Silva Fraga, 30 anos, apontado como um dos principais articuladores dos crimes de homicídios ocorridos este ano em Palmas, foi  preso no dia 06 deste mês na cidade gaúcha de Passo Fundo (RS), após compartilhamento de informações entre as Polícias Civil do Tocantins e do Rio Grande do Sul.

No âmbito da Divisão de Homicídios, Dad Charada era investigado, entre outros crimes, pelo duplo homicídio do casal Giovanna Alessandra Ribeiro da Silva, 23 anos, e Wenesph Freitas da Silva, 30 anos, ocorrido em 13 de janeiro de 2022, em Palmas.

As investigações apontaram que Dad Charada era membro de uma pequena facção goiana, aliada a uma grande facção paulista com atuação em todo o território nacional. Neste ano de 2023, ele resolveu deixar a facção e se aliar a uma facção carioca, também com atuação em todo o país. Todas as facções atuam no contexto de tráfico de drogas.

“Ao se juntar a essa facção carioca, a ascensão de Dad Charada na estrutura hierárquica da organização criminosa acontece de forma muito rápida. De imediato ele assume o protagonismo desse movimento de tomada de território e de aumento do efetivo de pessoas ligadas a sua nova facção”, destacou o delegado adjunto da 1ª DHPP, Eduardo Menezes.

O plano de tomada de território consistia em matar as lideranças da facção paulista que atuavam em Palmas, deixando os pequenos traficantes sem referência quanto à venda de drogas e em relação às ações tomadas. “Então são dois expedientes utilizados para diminuir o efetivo da facção rival: Matar as lideranças e recrutar os traficantes de menor envergadura, ocupando ainda, os setores da cidade que historicamente eram dominados pela facção rival. Daí o lema ‘Ou fecha com nós ou corre de nós’”,  explicou o delegado.

 

Quantidade de mortes

O número elevado de mortes se deve ao fato de a organização carioca ser menor que a paulista, levando em conta a associação com a facção goiana. As mortes então se davam no contexto de igualar numericamente o efetivo de faccionados. “Praticamente todo dia tinha homicídio. Muitas das vezes chegou-se a ter cinco homicídios no mesmo dia. O porquê disso? Dad Charada já havia sido membro das outras duas facções rivais, portanto, ele tinha informações privilegiadas e conhecia muito bem seus antigos parceiros de crime. As ações eram certeiras, sem margem de erro”, destacou o delegado Eduardo Menezes.

As investigações apontaram ainda que Dad Charada aproveitou essa disputa de poder para se vingar de alguns desafetos que fez enquanto fazia parte da facção paulista. “O objetivo era matar 100 rivais até o final do ano. É um cara que queria causar toda essa perturbação, assustar a população e a facção rival. Um dos planos dele era matar o traficante da facção rival, colocando uma bomba no carro dele”, informou.

O poder financeiro da facção comandada por Dad Charada foi outro ponto abordado pela polícia. “Tinha uma conta numa rede social que figurava como loja virtual destinada à venda de drogas. Deu uma visão empresarial à facção no Tocantins com grande movimentação financeira oriunda da venda de drogas”, destacou.

Durante as investigações, Dad Charada fugiu para o Rio Grande do Sul e tinha planos de, em breve, sair do país com destino a Portugal.

Contudo, o trabalho minucioso com o cruzamento de dados, levou à localização exata de Dad Charada, um apartamento no centro de Passo Fundo. A informação foi compartilhada com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) de Passo Fundo, que realizou a captura. “No local, foram encontradas anotações de vendas de drogas, inclusive de entorpecentes vindos do Paraguai. Também foram apreendidas munições e constatado que ele estava usando documento falso e viajaria para Portugal”, informou.

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