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07/12/2022 às 22h01min - Atualizada em 07/12/2022 às 22h01min

OPERAÇÃO EFIALTES desvenda esquema que envolve policiais, traficantes e empresas no Tocantins, Maranhão, Goiás, Mato Grosso e Rondônia

39 mandados de prisão preventiva e 59 de busca e apreensão, quatro ordens de suspensão de atividades econômicas de empresas, bloqueio de R$ 25 milhões, sequestro de 14 veículos e quatro imóveis além do bloqueio de contas bancárias dos investigados

Assessoria
Investigação aponta participação de policiais civis nos crimes - Foto: Divulgação
 
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso cumpriu na manhã desta quarta-feira (7/12) o total de 102 ordens judiciais dentro da Operação Efialtes, deflagrada com base em investigações que apuraram a violação de lacres e troca de material entorpecente apreendido, constatada durante uma incineração de drogas realizada em abril deste ano, na cidade de Cáceres.

Na operação são cumpridos 39 mandados de prisão preventiva, 59 buscas e apreensões, quatro ordens de suspensão de atividades econômicas de empresas utilizadas para realizar a lavagem de dinheiro, além do bloqueio de valores no montante de R$ 25 milhões, sequestro de 14 veículos e quatro imóveis e o bloqueio de contas bancárias dos investigados.

As ordens judiciais são cumpridas nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Piauí, Maranhão, Tocantins e Goiás. A operação conta com a participação de mais de 300 policiais civis, sendo 270 da Polícia Civil de Mato Grosso e 30 dos outros estados, no cumprimento dos mandados.

As investigações realizadas em inquérito instaurado pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil iniciaram há aproximadamente oito meses, após o órgão corregedor receber a notificação de que durante a incineração de drogas realizada pela Delegacia Especializada da Fronteira (Defron), no dia 19 de abril deste ano, foi constatada a violação de lacres das embalagens de perícia dos entorpecentes apreendidos. Em alguns envelopes houve a substituição de parte do material apreendido por outro diferente como, por exemplo, areia e gesso.

Na ocasião, foi determinada pela Corregedoria a correição extraordinária na sala da Defron, onde eram armazenadas as drogas apreendidas. Foi identificado um invólucro plástico violado com diversos tabletes que, ao serem manuseados e devido ao peso muito leve, constatou-se ser semelhante a isopor.

A equipe da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) foi acionada e fez a análise de todos os lacres e embalagens armazenadas no local, assim como as embalagens violadas que foram constatadas durante a incineração. Com os laudos periciais concluídos, foi confirmada que a droga apreendida, lacrada e armazenada na Defron havia sido substituída pelos tabletes de isopor, gesso e areia.

A investigação apontou que o material usado para substituir as drogas foi feito com o claro objetivo de confundir, produzido com formato semelhante e com a mesma cor de embalagem. Por exemplo, se a droga acondicionada tinha sido embalada com material de cor amarela, o tablete usado para substituí-la também era feito da mesma forma.

TRÊS GRUPOS
Com a análise dos fatos ficou clara a prática da conduta criminosa, de forma planejada, com a participação de policiais civis na empreitada. Nas investigações foram identificados três grupos envolvidos no esquema: o primeiro dos policiais e de seus auxiliares, para a substituição e subtração das drogas apreendidas; segundo dos traficantes compradores e responsáveis pelos transportes e o terceiro o dos responsáveis pela lavagem de dinheiro, seja pelas empresas ou por laranjas.

As investigações apontaram que cinco policiais civis lotados na 1º Delegacia de Polícia de Cáceres e na Defron, envolvidos no esquema criminoso. Foi representado pelos mandados de prisão preventiva dos investigados. Um dos envolvidos foi preso no mês de agosto, em outra operação realizada pela Corregedoria.

Após a identificação dos envolvidos, foi apurado o caminho da droga e do dinheiro. Os entorpecentes foram enviados para Uberlândia (MG), na conhecida como ‘rota caipira’ e para o Nordeste (Maranhão e Piauí), sendo utilizadas empresas para lavar o dinheiro nos estados de Tocantins (Palmas/Nova Rosalândia) e de Mato Grosso (Mirassol d’Oeste e Cáceres).

O corregedor-geral da Polícia Civil de Mato Grosso destacou a importância da operação que desarticulou um esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. “A operação demonstra caráter republicano da Polícia Civil de garantir a integridade pública da instituição, investigando e responsabilizando seus integrantes, bem como verticalizando as investigações para desarticular uma organização criminosa interestadual, resultando na prisão de traficantes e dos responsáveis pela lavagem de dinheiro nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Minas Gerais, Goiás, Maranhão, Piauí e Tocantins”.

A Corregedoria destacou o apoio recebido da Delegacia Regional de Cáceres, Diretoria-Geral da Polícia Civil, da Diretoria de Atividades Especiais, Diretoria Metropolitana, Diretoria do Interior, Diretoria de Inteligência, Diretoria de Execução Estratégica, Polícia Federal, Politec, Poder Judiciário e Ministério Público da Comarca de Cáceres/MT.

Nome da operação
Efialtes é uma referência ao personagem que se tornou célebre por trair a confiança do rei espartano Leônidas, em 480 a.C., ajudando o rei persa Xerxes, inimigo de Esparta, a encontrar um caminho alternativo no desfiladeiro das Termópilas, assim agindo, visando obter vantagem indevida (recompensa).

Neste caso, uma analogia aos policiais civis que traíram a confiança que lhes foi depositada pelo Estado, pela sociedade e pela instituição Polícia Civil, para, da mesma forma, obter indevida vantagem econômica.

MegaOperação prende dois empresários do Tocantins
A Polícia Civil do Tocantins cumpriu na manhã desta quarta-feira (07/12), dois mandados de prisão em desfavor de empresários tocantinenses apontados como integrantes de uma organização criminosa interestadual de tráfico de drogas.

Os mandados foram cumpridos por agentes da 1ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (DEIC) e do Grupo de Operações Táticas Especiais (GOTE), em apoio a operação Efialtes, deflagrada pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso que apurou a violação de lacres e troca de material entorpecente apreendido por policiais civis daquele estado.

O delegado Evaldo Gomes, da DEIC Palmas, destacou que os dois empresários, presos preventivamente nesta manhã, estão sendo investigados por participarem da organização criminosa lavando o dinheiro oriundo da venda dessas drogas.

O delegado Higo Oliveira, da Delegacia de Confresa (MT), que participou das diligências em Palmas, destacou que a operação visa combater o crime dentro da própria Polícia Civil do Mato Grosso. “A operação apurou inicialmente o desvio de conduta de alguns policiais que violavam os lacres das drogas apreendidas em Mato Grosso e substituíam o material por gesso ou isopor”, informou.

O delegado Evaldo Gomes ressaltou também a integração das polícias no combate ao crime organizado. “Temos trabalhado diuturnamente na integração com polícias de outros Estados que fazem divisa com o Tocantins, como é o caso do Mato Grosso, porque o crime organizado desses estados também trocam informações e para combatê-los nós precisamos trabalhar juntos”, finalizou.

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