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10/10/2022 às 23h28min - Atualizada em 10/10/2022 às 23h28min

De povoado maranhense à Copa do Mundo: a história da goleira Leilane

Nascida na zona rural do Maranhão, Leilane teve de improvisar com laranja para poder jogar futebol e conta como trocou o ataque pela posição de goleira

Dema de Oliveira
Goleira Leilane é titular da Seleção Sub-17 que vai disputar a Copa do Mundo - Foto: Rafael Ribeiro/CBF
 
Não foi uma bola de futebol que mudou a vida de Leilane. Sem condições financeiras para brincar como queria, ela encontrou nas laranjas um caminho para realizar seus sonhos. Nascida na comunidade rural de São José, no município de Carolina, interior do Maranhão, o primeiro contato da goleira da Seleção Brasileira Feminina com o esporte foi na base do improviso e da dedicação.

Leilane relembrou o início no futebol, os preconceitos enfrentados e como trocou a posição de atacante para se tornar a goleira que defenderá a Seleção Brasileira na Copa do Mundo Feminina sub-17 FIFA Índia.

“Eu morava no meio do mato, numa fazenda. Eu tirava os paus, arrancava, fazia os buracos para a área e também o gol. Eu fazia um campinho na minha casa. E aí eu pegava as laranjas e ficava brincando, driblando. Eu imaginava que eu estava no estádio, sabe? Era muito engraçado. Tinha uns pés de banana que eram a torcida. Quando eu fazia gol com a laranjinha, eu ia correndo e abraçava o pé de banana como se fosse minha torcida”, relembrou.

“Foi por causa de uma laranja que eu consegui realizar meu sonho. Eu estou muito feliz, muito contente também. Olha de onde que eu vim e agora onde estou. Sempre vou levar comigo isso, no coração e na alma.”, contou Leilane, que também precisou superar o machismo para seguir no futebol.

“Na época era muito difícil, tinha muito preconceito na minha cidade, no meu povoado em São José. Eles gostavam de mim porque eu era muito esforçada, mas me chamavam de macho, me chamavam de homem macho e esses preconceitos todos. Mas isso não foi pra minha cabeça como um abalo. Isso fez foi me dar mais forças ainda pra eu continuar meu sonho”, garantiu.

De origem pobre, Leilane só foi ganhar a primeira bola aos 13 anos, quando o cunhado Alisson Rosa publicou um vídeo na internet relatando a dedicação e o improviso da maranhense para poder jogar futebol.

O material ganhou as redes sociais na época e chamou a atenção de vários clubes. Um deles foi a Chapecoense, primeira equipe de Leilane. O convite do time catarinense foi para ela ser atacante, mas a história logo se transformou, assim como a sua posição.

“Teve um treino que eu estava muito cansada. E aí eu vi as goleiras pulando na bola. Olha que louco! Eu achei aquilo legal, aquilo de pular na bola. Eu não estava bem na linha porque eu só corria. Fazer gol eu não fazia porque eu era muito ruim. E aí aquele amor veio muito forte e depois disso eu só queria atacar no gol. Pedi fazer um teste e aí desenvolvi esse amor, que é o de ser goleira e estou muito bem”, explicou.

Nesta terça-feira (11), data da estreia brasileira na Copa do Mundo, uma torcedora estará bem concentrada na torcida. É Marileide, mãe de Leilane. Na véspera da partida contra o Marrocos, ela enviou uma mensagem para a filha e desejou boa sorte.

“Oi, minha filha, pequenininha. Lembra que você sempre sonhou em jogar bola? A mãe não tinha condição de comprar uma bola e aí você pegava aquela laranjinha, ficava machucando ela e jogava com a maior dedicação do mundo. Viu como foi importante? Minha filha você chegou aonde você sonhou e hoje só traz orgulho para a família”, disse.

Emocionada, Leilane agradeceu o apoio da mãe e falou sobre o orgulho de representar o estado do Maranhão na Copa do Mundo.

“Minha mãe é minha vida e eu sou muito grata. Sou muito feliz por ter minha mãe comigo. Sempre com isso. E agora eu vou representar o meu Maranhão e o meu Brasil”, finalizou.

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