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17/10/2020 às 00h00min - Atualizada em 17/10/2020 às 00h00min

O PROGRESSO faz “radiografia” sobre a falta de moedas no comércio de Imperatriz

Reportagem saiu as ruas e conversou com empresários e especialistas sobre o assunto; “falta de moedas será reduzida ou eliminada pelo dinheiro digital”, diz Sanches

Raimundo Primeiro
Varejistas reclamam falta de troco nas diversas áreas do comércio da cidade - Foto: Imagem de Internet
Tendo de ir as compras ao longo dos últimos meses em virtude da pandemia do novo coronavírus (covid-19), principalmente a panificadora e ao supermercado, a reportagem de O PROGRESSO observou alguns episódios incomuns no dia a dia de empresários e colaboradores, principalmente daquelas pessoas que trabalham no caixa, recebendo dinheiro: a falta de moedas no momento do troco.

Incontestavelmente, a falta de moedas para o troco, conforme constatou a reportagem, constitui-se em um dos grandes problemas do cotidiano dos comerciantes. “olha, são muitas as dificuldades, tendo de pedir para o cliente levar um produto, às vezes, com preço superior ao valor que ele teria de receber, caso eu tivesse moedas para passar-lhe o troco”, disse Carlos Augusto, proprietário de uma mercearia localizada na rua Ceará, Centro.

Os empresários de Imperatriz estão preocupados com a falta de moedas no comércio local. Eles estão pedindo para que os clientes facilitem o troco, levando dinheiro trocado. “Faltam, principalmente, as moedinhas, de pequenos valores, de dez e cinco centavos. Não encontramos mais, de jeito nenhum”, pondera o empresário Domingos Coelho Borges, proprietário da Panificadora Borges, localizada na rua Leôncio Pires Dourado, 919, bairro Bacuri, acrescentando: “peço para a pessoa que tiver em casa, trazer, pois eu troco”.

Para o economista Fernando Babilônia, o que motiva a falta de moedas no mercado é a mudança de hábito dos consumidores, que passaram a utilizar mais outros meios de pagamento, caso, por exemplo, do cartão de crédito. “Outro motivo bem característico do Brasil, o cofrinho, já que muitas pessoas têm o hábito de guardar as moedas neles, como de economizar e, com isso, muitas moedas ficam fora de circulação”, reforça.

Fernando Babilônia afirmou, na manhã desta sexta-feira (16/10) a O PROGRESSO, que o maior reflexo é a dificuldade de troco no comércio. Com a menor quantidade de moeda em circulação, “o comerciante tem dificuldade na hora de passar o troco para seus clientes”. Outro ponto importante, de acordo com ele, em havendo decisão por parte do Banco Central, de se ter mais moedas em circulação, significa mais custo para os cofres públicos”.

Segundo o jornalista, administrador e consultor Edmilson Sanches, que trabalhou por duas décadas em bancos federais e foi assessor da presidência de um deles em Brasília (DF), “em tese, com a ampliação dos meios de pagamento digitais, como os cartões de crédito e débito, o uso de aplicativos em ‘smartphones’ e, daqui a um mês, com o PIX, do Banco Central, a falta de troco é algo a ser reduzido ou eliminado”.

Sanches vê três razões para a falta de moeda que a reportagem de O PROGRESSO verificou: as perdas (queima, uso decorativo, destruição etc.), o aumento da quantidade de compras em dinheiro, alavancadas pelos auxílios emergenciais em razão da pandemia, e o motivo clássico: o entesouramento, que é o ato de guardar moedas e até cédulas de menor valor para formar poupança. Sanches recomenda que, de tempo em tempo, esses pequenos poupadores deveriam depositar em sua conta na rede bancária o valor acumulado, com isso reduzindo a desvalorização do capital acumulado, oportunizando a circulação das moedas e cédulas menores e facilitando o troco.

Edmilson Sanches informa que o Banco Central do Brasil, até terça-feira passada, dia 13, já somava, em dinheiro circulante, R$ 357 bilhões 491 milhões 532 mil 605 reais e 88 centavos, sendo R$ 352 bilhões 245 milhões 623 mil 876 reais em cédulas (8.444.596.637 notas). Quanto às moedas, o valor total em circulação são R$ 7 bilhões 242 milhões 358 mil 255 reais e 88 centavos, correspondentes a 27,6 bilhões de unidades metálicas (ou exatamente 27.606.209.644), mais R$ 3 milhões 550 mil 474, correspondentes a 967.363 moedas comemorativas com valor de face que varia de dois a vinte reais. São 81 tipos de moedas comemorativas, em homenagem a personalidades e eventos esportivos, aniversários de cidades, entre elas a capital maranhense, São Luís.

Sanches ressalva que, embora legalmente tenham valor de compra, essas moedas são feitas em quantidade limitada, de duas mil a vinte mil unidades e raramente postas em circulação, pois tornam-se objeto de colecionadores.

O jornalista e consultor Edmilson Sanches alerta que “o Banco Central sugere os seguintes procedimentos, a serem adotados, gradativamente, pelos comerciantes em dificuldade para obter troco junto aos bancos comerciais: a) registrar pedido junto à gerência da agência do banco onde mantém conta; b) contatar o Serviço de Atendimento aos Clientes do banco de relacionamento, caso não tenha sido atendido; e c) comunicar-se com a associação de classe – em Imperatriz, a Associação Comercial e Industrial, ou a Câmara de Dirigentes Lojistas, ou a Associação de Bares e Restaurantes (Asbares), ou outra –  da qual o empresário participa”.

“Com as reclamações em mão, diz Sanches, cada associação comunicará ao Banco Central as dificuldades enfrentadas”. Sanches diz que o Banco Central estimula os bancos e as empresas para solicitar aos clientes a recirculação das moedas, com o que será evitado mais gasto público com a produção de novas moedas e cédulas.

O jornalista e consultor lembra também que “o Banco do Brasil é instituição custodiante (guardadora) do dinheiro produzido pelo Banco Central e mantém 134 agências espalhadas em todos os Estados brasileiros, inclusive Brasília, responsáveis pelo fornecimento de moedas e notas de 2 e 5 reais a pessoas físicas, no horário de expediente bancário do respectivo município, sem necessidade de agendamento prévio. Serão fornecidas até 100 unidades de cada moeda ou cédula solicitada.”

Por fim, Edmilson Sanches detalha que quatro das seis moedas metálicas – as de um, dois, vinte e cinco e cinquenta centavos e de um real – foram produzidas em quantidade acima de três bilhões de unidades, cada uma, e as de cinco e dez centavos, acima de 7 bilhões de unidades, cada uma. Também existem cerca de 2,3 bilhões de cédulas de pequeno valor (um, dois e cinco reais).

“Mas a tendência que se verifica é a quase completa substituição do meio circulante – moedas e cédulas – pelo chamado ‘dinheiro eletrônico’ ou ‘moeda digital’, que não terão valor de face, mas será correspondente ao valor de produtos ou serviços pagos”. “Nesse momento, o telefone terá mais uma entre tantas funções: será também carteira de dinheiro” – completa Edmilson Sanches. 

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