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11/11/2021 às 18h44min - Atualizada em 11/11/2021 às 18h44min

MEIO SÉCULO DE SEU PASSAMENTO

Dorian Riker Teles de Menezes
Prefeito Renato Moreira e o vice Dorgival Pinheiro, durante a posse em 31 de janeiro de 1970 - Foto: Museu Virtual de Imperatriz
“O homem não é feito para a derrota. Um homem pode ser destruído mas não derrotado.” (Hernest Hemingway).

 Há fatos que marcam, indelevelmente, nossas vidas. Um desses, que assim consideramos, pelo absurdo de seu desfecho, foi o cruel e covarde assassinato de Dorgival Pinheiro de Sousa, em12 de novembro de 1971, há meio século, portanto.

Vice-Prefeito, industrial, tinha completado 32 anos três dias antes e havia comemorado esta data em sua chácara com grande desenvoltura, abraçado por imensa parcela da população, dada a sua popularidade, reconhecida, também, por sua larga prodigalidade, repartindo um pouco de seus haveres com os despossuídos, pois, aos sábados, filas se formavam à porta de seu escritório, situado na Avenida Getúlio Vargas e a todos buscava atender.

Piauiense de Canto do Buriti, radicou-se em Imperatriz, prosperou em larga medida, despontando como uma liderança autêntica que, sem dúvidas, influenciaria decisivamente a vida regional nos anos futuros. 

Com sua morte precoce, perdemos todos. Todavia, quem mais sofreu foi sua família e filhos que ficaram órfãos de seu mantenedor, arrancado do convívio doméstico de forma tão brutal.

O solo de Imperatriz, desafortunadamente, tem sido impregnado pelo sangue de muitos mártires. Nem religioso foi respeitado, o que até na época de Lampião era evitado, pois o Padre Josimo Moraes Tavares tombou em pleno dia, no centro da cidade, vítima de pistoleiros contratados por grileiros impenitentes.

Outro líder, o Prefeito Renato Cortez Moreira, no início do dia 06 de outubro de 1993 foi assassinado sem que lhes permitissem esboçar nenhuma defesa. Ali, no recinto do Mercado Bom Jesus, onde essa crueldade foi perpetrada, uma placa eterniza esse lúgubre e macabro evento, com os dizeres: 

“Neste local tombou, por defender o seu povo, às 06:30 vítima da violência do crime organizado, vil e covarde, o prefeito de Imperatriz: Renato Cortez Moreira, filho da terra de Imperatriz.”

Igrejas de várias denominações se destacam no panorama urbano de Imperatriz, demonstrando que a população devota reconhecimento ao Deus Criador e ao decálogo santo que, em um de seus preceitos, condena, com o termo imperativo “Não matarás”, embora os assassinatos, parece, tornaram-se acontecimentos banais na experiência local. 

Por que os homens continuam matando seus semelhantes? Há algo mais repugnante do que tirar a vida, roubar o futuro das pessoas e das famílias? Ora, se até Deputado Federal já foi morto à bala, no caso o Deputado Davi Alves Silva – que era homem muito poderoso –, quem poderá estar imune à ação deletéria e ominosa dessa gente desalmada?

Em todas as sociedades sempre existiram aqueles intolerantes e prepotentes que tiram a vida de seus desafetos. Sabemos, também, que desde o início da história bíblica Caim matou seu irmão Abel, por pura inveja, motivo mais do que fútil. Haverá, assim, solução aos conflitos humanos? Alguém poderá dizer que falta o temor de Deus no coração dos homens. Com certeza!

Vivíamos em Imperatriz há seis anos quando se deu a morte de Dorgival  Pinheiro de Sousa e sempre lembramos desse sinistro acontecimento que causou imensa comoção na cidade. 

Todavia, apesar da ação correta e oportuna das autoridades locais, forças ocultas operaram e o criminoso foi solto e se evadiu como um azougue. Até hoje é desconhecido o nome do mandante dessa barbárie. 

Destacamos a importância dele para o fortalecimento da Associação Comercial e Industrial de Imperatriz, da qual foi presidente. Citamos, também, sua participação efetiva no Rotary Clube e na Loja Maçônica Firmeza e Humanidade Imperatrizense. Outra realização com a qual ele contribuiu grandemente e que gerou imenso benefício social foi a fundação da Telimsa, dotando a cidade de sistema de telefonia local.

Já relatamos, em outra oportunidade, que, no começo de uma noite, fomos com Dorgival à antiga Rodobrás, onde o vice-presidente da República, Almirante Augusto Rademaker estava pernoitando. 

Levamos a ele uma flâmula do Rotary Clube de Imperatriz, do qual eu era presidente, e o Dorgival o saudou assim: “Excelência, temos algo em comum: Vossa Excelência é Vice-Presidente da República e eu sou Vice-prefeito.” O Almirante, um homem de estatura elevada, sorriu com cordialidade e agradeceu nossa visita. 

Assim era Dorgival. Espontâneo, participativo, detentor de uma personalidade dinâmica e muito interessado em contribuir para o desenvolvimento de Imperatriz. Ele é homenageado na importante Avenida que leva seu nome e em colégio municipal. Certamente se tivesse vivido mais tempo teria construído uma sólida biografia, com feitos que teriam sido realçados com os fortes traços de sua liderança.

Registramos, aqui, a saudade desse grande companheiro que tão cedo partiu. Destruíram sua vida, cinquenta anos se passaram, mas seu valor ficou registrado nos anais da História de Imperatriz, cidade a que dedicou sua vida para marcar o seu tempo.

* Dorian Riker Teles de Menezes é Advogado, Bancário Aposentado do BB, Ex-Deputado Estadual e Ex-Interventor de Imperatriz

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