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01/07/2021 às 00h00min - Atualizada em 01/07/2021 às 00h00min

IMGUINORAPULIS

Capítulo XVIII

JAURO GURGEL

JAURO GURGEL

JAURO José Studart GURGEL, durante muitos anos Editor Regional de O PROGRESSO, em Araguaína (TO),

*Republicado a pedidos
**Publicado originalmente em 16 de dezembro de 2012

E do jeito que entrei, saí! Fui demitido

Não tive outro jeito senão sorrir da promessa do prefeito, que foi calorosamente aplaudido pela multidão, embora o senhor bispo e o padre SANTOBALDO deixassem transparecer, em seus semblantes, toda a sua reprovação e indignação. Após a solenidade, como não poderia deixar de ser, todas as autoridades militares, civis e eclesiásticas foram convidadas para participar de um jantar, oferecido pela Prefeitura Municipal de IMGUINORAPULIS, no principal ponto turístico da cidade: XURRASKARIA KIKAI NAKEDA, onde me sentei em uma mesa acompanhado por alguns vereadores. Entre um gole e outro de SETE QUEDAS e umas colheradas da comida que nos foi servida, discutimos alguns assuntos de interesse da trabalhadora e pacífica gente imguinorapuliense.

No dia seguinte, logo cedo, dirigi-me ao prédio da prefeitura municipal, e em lá chegando fiquei sabendo que o senhor prefeito municipal DOTO LADRONESIO FURTADO também já tinha chegado. Peguei alguns processos e me dirigi até o seu gabinete para que ele assinasse aquela papelada. Como a porta estava semiaberta, fui logo entrando sem o costumeiro toc-toc pedindo licença. Para a minha decepcionante surpresa, presenciei uma cena que jamais imaginei ver em um órgão público: sua excelência estava trajando apenas uma cueca tipo samba-canção, de meias pretas e sentado ao seu colo, acariciando os seus cabelos, a "musa imguinorapuliense" EVA GINA DO REGO BRILHANTE. Ao observar a minha súbita entrada no recinto, o prefeito simplesmente me perguntou se eu também não estava a fim de um "xamego". Se a resposta fosse sim, ele mandaria chamar a outra "musa", JACINTA PENA DO PINTO, para um "inesquecível amor a quatro", conforme as suas próprias palavras.

Embora com um misto de inveja do prefeito e desejo pela mulher que me era oferecida, mostrei-me bastante forte, recusando a oferta e até criticando o chefe do poder executivo municipal por transformar o seu gabinete de trabalho em um quarto de motel. DOTO LADRONESIO FURTADO fez uma cara feia para o meu lado, mas decidiu dispensar a acompanhante e sentou-se em sua mesa, oferecendo-me a cadeira que tinha à frente. Enquanto ele fingia ler os processos e assinava a papelada, eu relembrei a ele das gafes cometidas na noite anterior, como a tal história do plural. Expliquei-lhe o que era o plural e o singular e passei a dar uma verdadeira aula de português, até que alguém bateu na porta, sendo autorizada a sua entrada. Era uma senhora de certa idade, que perguntou ao prefeito se ele desejava alguma coisa, e o senhor prefeito, talvez querendo me mostrar que tinha aprendido direitinho a aula sobre singular e plural, que eu lhe tinha ministrado, pediu de uma forma taxativa e categórica: ME TRAGA DOIS CAFEZES!

Quase caio para trás! Todo o meu esforço foi totalmente inútil, mas não esmoreci, e resolvi continuar a minha aula de português. Ao dizer ao prefeito que o certo era dois cafés, e não dois cafezes, ele levantou-se da cadeira, olhou-me com os olhos arregalados e gritou quase furando os meus tímpanos: - SEU MININO, O SIO É MUITO COMPLICADO! E QUER SABER DE UMA COISA? TÁ DIMITIDO! QUEM BOTA TIRA, E COMO EU BOTEI, EU TIRO!

E sem lenço e sem documento, saí da prefeitura sem saber o que fazer. Mas o futuro eu entreguei a Deus!
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